Internacional
Quem é Fito, líder da maior facção criminosa do Equador que fugiu da prisão e fez o país decretar estado de exceção
José Adolfo Macías Villamar, 44, cumpria pena de 34 anos por crime organizado, narcotráfico e homicídio; na cadeia, gravou clipe de música e a obteve diploma de advogado

O líder da maior e mais temida facção criminosa do Equador, a Los Choneros, fugiu da prisão no último domingo, e o presidente, Daniel Noboa, decretou estado de exceção em todo o país para facilitar o trabalho das Forças Armadas. A decisão, afirmou, ocorreu em resposta às “tentativas dos grupos ‘narcoterroristas’ de nos amedrontar”. Desde 2011, José Adolfo Macías Villamar, conhecido como Fito, cumpria uma pena de 34 anos por crime organizado, narcotráfico e homicídio.
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Contexto: Equador decreta estado de exceção após fuga de líder da maior facção criminosa do país
Fito cresceu em Manta, cidade costeira da província de Manabí, local estratégico para o tráfico de drogas. Aos 44 anos, o atual chefe da facção tem 14 processos judiciais por crimes como homicídio, roubo, crime organizado e posse de armas. Durante seu período de detenção, o criminoso chegou a ficar foragido por 10 meses após ter fugido com outros 16 reclusos da prisão de segurança máxima para onde havia sido transferido, numa operação que durou oito horas.
Ao ser detido, os agentes apreenderam 3,4 mil gramas de maconha, 937 gramas de cocaína, 147 munições, 195 fogos de artifício e outros itens não autorizados, como geladeiras, freezers, aparelhos de ar condicionado, caixas de som e celulares, de acordo com boletim divulgado pela Presidência de Guillermo Lasso (2021–2023). O documento não detalhou as armas de alto calibre utilizadas pelos presos.
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Em julho de 2023, logo após o massacre na Penitenciária do Litoral onde foram assassinados 31 presos, Fito anunciou um acordo de paz com outras gangues para acabar com extorsões e sequestros. Em vídeo, o líder aparecia sentado e, atrás dele, havia cinco homens — quatro presos armados e um policial da inteligência penitenciária. Na época, o governo descreveu o caso como um “incidente” e “impertinência policial”, segundo o Comandante da Polícia Fausto Salinas.
A ascensão de Fito
A ascensão de Fito à liderança de Los Choneros ocorreu em 2020, após o assassinato de Rasquiña, que comandava toda a gangue. Os Choneros ganharam fama como assassinos de aluguel, embora com o tempo tenham ampliado sua lista de crimes para extorsão, roubo e tráfico de drogas. Foram os primeiros a criar ligações com cartéis estrangeiros. Segundo a polícia, os Choneros são o braço operacional do cartel de Sinaloa, o primeiro a ser detectado no tráfico de drogas em grande escala no país.
Após a morte de Rasquiña, a luta para ocupar o cargo levou violência às prisões do país: em 2021, uma onda de massacres deixou quase 300 mortos. Foi decidido, com balas e sangue, que Fito seria o responsável pela Los Choneros. Sua nomeação, no entanto, acabou dividindo o grupo criminoso em outras gangues com as quais agora se chocam. De acordo com especialistas, Los Choneros têm um exército de pelo menos 8 mil homens.
Líder de facção estudou na cadeia
A última vez que Fito foi visto foi em setembro, quando foi temporariamente enviado a outra prisão de segurança máxima após o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio. O político de 59 anos havia relatado, uma semana antes, que o chefe da gangue o havia ameaçado de morte. Para a transferência de Fito, uma megaoperação militar e policial foi montada: ao todo, cerca de 4 mil policiais foram mobilizados.
A mudança, porém, durou pouco. Menos de um mês depois, ele retornou à sua “prisão favorita”, e desafiou o sistema ao divulgar um clipe musical de dentro da cadeia. O vídeo “El Corrido del León” é interpretado pela dupla Mariachi Bravo e Queen Michelle, filha de Fito, e foi gravado em três ambientes: num bar, um campo com cavalos e a prisão regional onde o detento cumpria a pena.
“Ele é o patrão, e o patrão, senhores, é Adolfo Macías Villamar”, diz um trecho do clipe. Após a divulgação do vídeo, o órgão responsável pelo sistema prisional do Equador afirmou, em nota, que “não foi autorizada a entrada de equipamentos de gravação ou produtoras audiovisuais no estabelecimento prisional”, razão pela qual reconheceu que as imagens “poderiam ter sido obtidas a partir de alguns equipamentos introduzidos ilegalmente”.
O vídeo também mostrou o líder da facção Los Choneros com chapéu e lendo um livro em uma das alas da prisão. O criminoso chegou a estudar na cadeia para obter o diploma de advogado.
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