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Avião da Japan Airlines que bateu e pegou fogo tinha parte da fuselagem feita de fibra de carbono. O material é seguro?

Acidente aconteceu no aeroporto de Haneda, em Tóquio; 379 passageiros e tripulantes foram evacuados

Agência O Globo - 09/01/2024
Avião da Japan Airlines que bateu e pegou fogo tinha parte da fuselagem feita de fibra de carbono. O material é seguro?

A colisão entre o Airbus A350 da Japan Airlines (JAL) com uma pequena aeronave da guarda-costeira marcou o primeiro acidente com perda total deste modelo de aeronave. Além de comprovar a eficácia dos treinamentos de segurança e evacuação, com todos os 379 resgatados sem ferimentos graves, o caso deve elevar o nível de confiança da indústria aeronáutica nas fuselagens feitas de um material compósito, majoritariamente feito de fibra de carbono.

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Tradicionalmente, o aço tem sido usado nos componentes que unem as diversas partes da fuselagem, e o alumínio costuma ser usado na própria fuselagem e nas asas. Já no A350, 53% da aeronave é feita de materiais compósitos em peso, com compósitos constituindo a maior parte de sua estrutura externa, incluindo a fuselagem, a maior parte da cauda e asas e parte da seção do nariz.

Segundo especialistas, a nova tecnologia de materiais pode ter ajudado a manter a estrutura interna protegida das chamas por mais tempo, permitindo com que todos os passageiros tivessem tempo para evacuar. Kiyoshi Uzawa, diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Materiais Compósitos Inovadores do Instituto de Tecnologia de Kanazawa, disse à Nikkei Asia que o material de fibra de carbono “não perde sua resistência facilmente, mesmo sob altas temperaturas, e mantém facilmente sua forma em caso de incêndio. "

A Airbus afirma que a fuselagem do A350 utiliza compósitos, juntamente com ligas de titânio e alumínio, “para criar uma aeronave mais leve e mais econômica, ao mesmo tempo que aumenta a resistência à corrosão e reduz a manutenção”. A empresa também afirma que o revestimento de fibra de carbono “é mais resistente a incêndios do que um equivalente metálico” e que este material compósito oferece uma melhor relação resistência-peso do que os metais, é menos sensível à fadiga e à corrosão e precisa de menos manutenção.

A maior concorrente da Airbus, a norte-americana Boeing também investiu no desenvolvimento de aviões feitos com materiais compósitos. Atualmente, já está em operação o 787 Dreamliner, que possui uma fuselagem composta por quase 50% de plástico reforçado com fibra de carbono e outros compósitos. Essa abordagem oferece uma economia de peso de, em média, 20% em comparação com designs de alumínio mais convencionais.

O consultor de segurança John Cox afirmou que ainda não há evidências reais sobre se os revestimentos compostos são melhores ou piores que o alumínio na resistência ao fogo e ao calor por tempo suficiente para dar aos passageiros a chance de escapar, mas elogiou os resultados do acidente no Japão. “Essa fuselagem os protegeu de um incêndio realmente horrível – ela não queimou por algum tempo e permitiu que todos saíssem”, disse à ABC.