Internacional

Boeing 737 Max 9 estava proibido de voar sobre a água; porta perdida foi encontrada em quintal de professor

Luz de aviso de pressurização da aeronave foi acionada em outros três voos recentes

Agência O Globo - 08/01/2024
Boeing 737 Max 9 estava proibido de voar sobre a água; porta perdida foi encontrada em quintal de professor
O incidente com um jato Boeing 737 Max-9 - Foto: Reprodução

O avião da Alaska Airlines que perdeu uma parte da fuselagem em pleno voo na última sexta-feira estava proibido de realizar trajetos longos sobre a água, informou o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB, na sigla em inglês), no domingo. Segundo o órgão, a luz de aviso de pressurização da aeronave, um Boeing 737 Max 9, foi acionada em outros três voos recentes. O NTSB também informou que a parte perdida no incidente foi encontrada no quintal de um professor de Portland, Oregon.

Boeing 737: Avião que voou de 'porta aberta' nos EUA tem histórico de problemas

Relembre: Veja imagens do Boeing caindo na Rússia

Jennifer Homendy, presidente do órgão, disse que ainda é cedo demais para dizer se o problema teve um papel no incidente de sexta-feira, que levou à suspensão temporária de 171 aviões do mesmo modelo nos Estados Unidos.

— Certamente é uma preocupação e é algo que queremos investigar — disse Homendy em uma coletiva de imprensa em Portland.

Segundo Homendy, a equipe de manutenção da Alaska Airlines havia sido instruída a determinar por que a luz de aviso havia sido acionada repetidamente nos voos anteriores, todos ocorridos desde 7 de dezembro, mas o trabalho não foi concluído antes do voo de sexta-feira. Em vez disso, o avião foi colocado de volta em serviço pela companhia, que dizia não ter feito "nenhuma descoberta preocupante", embora tenha restringido seu uso em voos para destinos como o Havaí.

— Nosso foco agora está nesta aeronave para determinar o que aconteceu, como aconteceu e evitar que aconteça novamente — disse Homendy. — Assim que determinarmos isso, poderemos ver se há uma preocupação maior para a qual queremos emitir uma recomendação de segurança urgente.

O voo 1282 da companhia aérea tinha destino a Ontario, cidade na Califórnia. O incidente — uma explosão que fez parte da fuselagem, cabine onde se transportam os passageiros, ser arrancada no ar devido à descompressão — ocorreu a uma altitude de mais de 4 mil metros, obrigando os pilotos a retornarem ao Aeroporto Internacional de Portland logo após a decolagem.

O pedaço encontrado no quintal de um professor em Portland, segundo Homendy, era um "plugue de porta" — utilizados pelos fabricantes no lugar de uma porta de saída de emergência, dependendo da configuração solicitada pela companhia aérea.

Entenda a crise: Acidente em avião atrapalha planos do novo CEO da Boeing para recuperação da empresa

Nenhum dos 171 passageiros e dos seis membros da tripulação ficaram feridos, mas foram expostos a fortes ventos através do buraco na fuselagem durante o pouso de emergência.

A Boeing informou em comunicado estar "ciente do incidente envolvendo o voo 1282 da Alaska Airlines", e que trabalha para obter mais informações sobre o ocorrido.

Outros 171 aviões do mesmo tipo foram impedidos de decolar pela Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) enquanto são realizadas verificações de segurança. Já no Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou no domingo que o uso da aeronave foi suspenso.

A decisão afeta a panamenha Copa Airlines, única empresa que utiliza aviões deste modelo em voos internacionais no Brasil, com chegadas e partidas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro.

Histórico de acidentes

O incidente foi um novo revés para a Boeing, gigante americana da indústria de aviação que tem enfrentado defeitos de fabricação e reparos caros nos últimos anos.

Em 2018, o voo 610 da Lion Air, um 737 Max 8, caiu no oceano ao longo da costa da Indonésia, matando todos os 189 passageiros e tripulantes. Menos de cinco meses depois, em 2019, o voo 302 da Ethiopian Airlines, de mesmo modelo, caiu pouco depois de deixar a capital da Etiópia, Adis Abeba, matando todas as 157 pessoas a bordo.

Os aviões Max foram suspensos após o segundo acidente. A Boeing fez então alterações no avião, incluindo no sistema de controle de voo por trás dos acidentes, e a FAA o liberou para voar novamente no final de 2020. Em 2021, a empresa concordou em pagar US$ 2,5 bilhões em acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, para pôr fim a uma acusação criminal de que a Boeing conspirara para fraudar a agência.

Em dezembro, a Boeing pediu às companhias aéreas clientes que inspecionassem todos os 737 Max em busca de um possível parafuso solto no sistema de controle de direção, após caso descoberto em manutenção de rotina. A Alaska Airlines disse na época que esperava concluir as inspeções de sua frota na primeira metade de janeiro.