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Israel inicia nova e menos intensa fase de ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza, dizem autoridades militares

Anúncio ocorre enquanto continua crescendo a tensão na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde nesta segunda-feira um alto comandante do grupo xiita libanês Hezbollah foi morto em um ataque israelense

Agência O Globo - 08/01/2024
Israel inicia nova e menos intensa fase de ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza, dizem autoridades militares

O Exército de Israel começou uma nova e menos intensa fase de sua invasão na Faixa de Gaza, anunciaram nesta segunda-feira o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o porta-voz militar chefe, Daniel Hagari, depois de semanas de pressão dos EUA e de aliados para que o país reduza o escopo da ofensiva que vem causando ampla devastação e morte de civis. O anúncio ocorre em um momento em que continua crescendo a tensão na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde nesta segunda-feira um alto comandante do grupo xiita libanês Hezbollah foi morto em um ataque israelense.

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— A guerra mudou um estágio — disse Hagari ao jornal The New York Times. — Mas a transição não terá nenhuma cerimônia: não se trata de anúncios dramáticos.

Segundo Hagari, Israel fará menos ataques aéreos e continuará reduzindo o número de soldados em Gaza, processo que começou no início do ano.

Já ao Wall Street Journal, o ministro da Defesa afirmou que a transição será entre a "fase de manobras intensas da guerra" para "diferentes tipos de operações especiais". No domingo, Israel afirmou que havia destruído a infraestrutura militar do Hamas no norte de Gaza, o que possibilitaria a mudança de táticas na área para incursões pontuais, em vez de amplas.

— Estamos perto da próxima fase no norte, incluindo a Cidade de Gaza — disse Gallant ao WSJ.

Segundo o ministro da Defesa, os soldados israelenses já detêm amplo controle na cidade, a maior do enclave, ao menos na superfície, já que na parte subterrânea há uma rede de túneis construídos pelo grupo fundamentalista islâmico Hamas. Assim, complementou Hagari ao NYTimes, o foco agora seria combater o Hamas em seus redutos no sul e no centro de Gaza, particularmente ao redor das cidades de Khan Younis e Deir al Balah.

Os comentários foram feitos antes da chegada a Israel do secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken, que desde a semana passada faz um giro pela região com o objetivo de evitar que o conflito se espalhe.

Essa é a quarta viagem de Blinken ao Oriente Médio desde o início do conflito, em 7 de outubro, quando terroristas do Hamas lançaram o pior ataque em solo judeu desde a formação do Estado, em 1948, deixando 1,2 mil mortos e fazendo 240 pessoas como reféns. Israel respondeu ao ataque com uma ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza, deixando mais de 23 mil mortos — mais de 1% da população local —, segundo o Ministério de Saúde vinculado ao grupo palestino.

A informação sobre a nova fase da guerra também surge dias antes de a Corte Internacional de Justiça, em Haia, começar as audiências sobre um caso apresentado pela África do Sul que acusa Israel de cometer genocídio contra os palestinos.

O porta-voz militar negou que Israel esteja cometendo genocídio, dizendo que o país tomou todas as precauções para evitar mortes de civis e que tentava entregar ajuda ao território.

Segundo Hagari, o Hamas pôs os civis em risco ao colocar sua infraestrutura militar dentro de áreas civis. Também acrescentou que, em vez do caso sul-africano, a CIJ deveria se concentrar em como a guerra começou, em 7 de outubro.

— Fomos nós que fomos massacrados — disse.

Crise humanitária

Enquanto multidões com dezenas de milhares civis lotam partes ao sul de Gaza, o ministro da Defesa israelense afirmou que a ofensiva militar precisaria ajustar suas táticas "levando em consideração o grande número de civis". Mas não está claro como a nova fase da ofensiva será menos perigosa para eles.

Autoridades de Saúde de Gaza relatam diariamente a morte de dezenas de pessoas por ataques aéreos, e alguns dos hospitais do território pararam de funcionar em meio a um cerco militar israelense — Israel acusa o Hamas de usar as instalações médicas para esconder infraestrutura militar.

Hagari afirmou que Israel planeja permitir a entrada de mais ajuda humanitária no território, incluindo tendas para abrigar os deslocados. No fim de dezembro, a ONU afirmou que quase 85% da população local, ou cerca de 1,9 milhão de pessoas, haviam sido forçados a deixar suas casas pelos bombardeios e pela campanha terrestre israelense. (Com New York Times)