Internacional

Mais de 10 crianças têm pernas amputadas todos os dias em Gaza, diz grupo de ajuda humanitária

Com sistema de saúde paralisado no enclave, muitas dessas operações são realizadas sem anestesia, denunciou a Save the Children

Agência O Globo - 08/01/2024
Mais de 10 crianças têm pernas amputadas todos os dias em Gaza, diz grupo de ajuda humanitária

Mais de 10 crianças, em média, têm perdido uma ou ambas as pernas todos os dias na Faixa de Gaza desde 7 de outubro, quando o último conflito entre Israel e Hamas teve início, e muitas dessas amputações são realizadas sem anestesia. É o que afirmou a organização Save the Children no domingo, ressaltando a grave crise humanitária no enclave após mais de três meses de bombardeios israelenses.

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Em comunicado, o diretor da instituição, Jason Lee, afirmou que “o sofrimento das crianças neste conflito é inimaginável, e ainda mais porque é desnecessário e completamente evitável”. Lee disse, ainda, que “o assassinato e a mutilação de crianças são condenados como uma grave violação contra elas, e os perpetradores devem ser responsabilizados”.

De acordo com a Unicef, desde 7 de outubro, mais de mil crianças tiveram uma ou ambas as pernas amputadas. As operações ocorrem enquanto o sistema de saúde de Gaza está paralisado pelo conflito, com escassez de médicos, enfermeiros e materiais hospitalares, como anestésicos e antibióticos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Lee relatou ter visto “médicos e enfermeiras sobrecarregados” quando crianças eram trazidas com ferimentos de explosão.

“O impacto de ver crianças com tanta dor e não ter equipamentos, medicamentos para tratá-las ou aliviar a dor é demais até mesmo para profissionais experientes”, escreveu ele, explicando que, nesse cenário, as crianças têm mais probabilidade de morrer do que os adultos, considerando que são mais vulneráveis e sensíveis aos ferimentos. “Seus crânios ainda não estão totalmente formados e seus músculos subdesenvolvidos oferecem menos proteção”, continuou.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que não têm como alvos civis, e já disseram que o grupo terrorista utiliza os civis como “escudos humanos” contra os ataques israelenses. Ao todo, pelo menos 22,8 mil palestinos morreram, e 58,4 mil ficaram feridos no enclave desde o início da guerra, informou no domingo o Ministério da Saúde palestino, que é administrado pelo Hamas. Quase 90% dos mais de 2 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados à força devido ao conflito, segundo a UNRWA, agência da ONU dedicada a ajudar refugiados.