Economia

Com 70 anos de tradição, o Biscoito Globo está de cara nova; veja

Agora, o saquinho de papel, antes embalado a mão, vem lacrado por máquina, assim como o pacote de plástico, para atender à alta demanda

Agência O Globo - 30/12/2023
Com 70 anos de tradição, o Biscoito Globo está de cara nova; veja

Com 70 anos de história, o tradicional Biscoito Globo não deixa de surpreender. Com a imagem do Pão de Açúcar e as torres Eiffel, de Pisa e de Belém, a embalagem que estampa cangas, ecobags e se tornou um símbolo das praias cariocas ganhou um novo formato neste fim de ano. Agora, o saquinho de papel, antes embalado à mão, vem lacrado por máquina, como o pacote de plástico.

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Segundo a empresa, essa mudança foi para adaptar o ritmo de fabricação à demanda mais alta nesta época. Os fabricantes reforçaram que não é uma troca, mas uma forma de atender a vendedores ambulantes e encomendas.

Apesar de serem um dos ícones da cultura do Rio de Janeiro, os biscoitos de polvilho, na verdade, surgiram em São Paulo.

Em 1953, após a separação dos pais, os irmãos espanhóis Milton, Jaime e João Ponce foram morar com um primo que tinha uma padaria no bairro de Ipiranga, na zona sul da cidade. Foi com ele que aprenderam a receita e depois começaram a vender os biscoitos nas ruas de São Paulo.

Em 1955, com a realização do 36º Congresso Eucarístico no Rio de Janeiro, os irmãos decidiram aproveitar a ocasião para vender seus biscoitos na capital fluminense. Mas diante do sucesso de vendas, eles chegaram à conclusão de que os cariocas seriam o mercado ideal para o produto e a fábrica se deslocou para o Rio.

Os biscoitos foram batizados com o nome Globo em homenagem à padaria que usaram para assar a primeira fornada, no bairro de Botafogo. O desenho da embalagem foi criado por um funcionário que trabalhava na Cia Jorge Mendes de Papéis e Artefatos, em Olaria.

O negócio, então, começou a crescer, e os biscoitos estavam cada vez mais presentes presentes em padarias na cidade. Depois, em 1963, os irmãos se tornaram sócios de um português especialista em pães e abriram a empresa Panificação Mandarino Ltda, que é o nome da empresa até hoje e está estampado nas embalagens.

“Olha o mate, olha o biscoito Globo!”

Os donos da marca perceberam que tinha um lugar no Rio de Janeiro que era frequentado por todos, mas as opções de lanches eram limitadas: as praias. Então, eles decidiram aproveitar essa oportunidade e começaram a vender os biscoitos à beira-mar, onde a concorrência era baixa e a busca, grande.

A fábrica, atualmente localizada em um prédio discreto, na rua do Senado, no Centro do Rio de Janeiro, passou a vender diretamente para os ambulantes, que deram o alcance e a popularidade para o Biscoito Globo se consolidar de vez e até hoje fazem fila na porta para comprar as fornadas frescas.

Quem frequenta as praias cariocas costuma ouvir os ambulantes anunciando: “Olha o mate, olha o biscoito Globo!”, que se tornaram patrimônios imateriais e culturais da cidade em 2012, reconhecidos pela Prefeitura.

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João Ponce, um dos quatro fundadores da empresa, morreu em 2015. Agora, a viúva, sua filha e os outros sócios travam uma batalha na Justiça. Elas pleiteiam a porção dos resultados financeiros da empresa a que têm direito. O processo foi iniciado em 2017 e segue no Judiciário por causa de divergências em relação aos valores envolvidos.

A empresa é pequena e conta com pouco mais de 20 funcionários. Os biscoitos são fabricados de forma artesanal e são o único produto da casa.

*Estagiária sob supervisão de Luciana Rodrigues