O governo indiano utilizou recentemente o programa de espionagem cibernética Pegasus contra jornalistas, informaram a Anistia Internacional e o Washington Post, nesta quinta-feira, numa investigação conjunta.

O spyware Pegasus, criado pela empresa israelense NSO e vendido a governos de todo o mundo, pode ser usado para acessar mensagens telefônicas e de e-mail, ouvir chamadas, rastrear localização e até filmar o proprietário com sua câmera.

De acordo com a Anistia Internacional, os jornalistas Siddharth Varadarajan do The Wire e Anand Mangnale do Organized Crime and Corruption Reporting Project foram alvos de spyware nos seus iPhones.

“As nossas últimas descobertas mostram que cada vez mais jornalistas na Índia enfrentam a ameaça de vigilância ilegal, apenas por fazerem o seu trabalho, juntamente com outras ferramentas de repressão, como a prisão ao abrigo de leis draconianas, campanhas de difamação, assédio e intimidação”, disse Donncha Cearbhaill, diretor do Laboratório de Segurança da Anistia.

O governo indiano não respondeu à denúncia, mas em 2021 negou alegações semelhantes de ter utilizado o spyware Pegasus para monitorizar opositores políticos, ativistas ou jornalistas.

A mídia indiana informou em novembro que a unidade de segurança cibernética do país estava investigando reclamações de políticos da oposição sobre tentativas de hackeamento de telefones depois de receberem avisos de seus iPhones sobre “ataques patrocinados pelo Estado”.

Nesse caso, o Ministro da Informação e Tecnologia, Ashwini Vaishnaw, disse que o governo estava “preocupado” com as alegações.