Internacional
Tensão e preparo para tragédia: brasileiros contam como é viver com vulcões ativos na Islândia
Casal se mudou do Brasil para o país nórdico há 10 anos para trabalhar com turismo
A erupção que atingiu o sul da capital da Islândia nesta segunda-feira continua a perder força, segundo a agência de meteorologia do país nórdico (IMO, na sigla em inglês). A área já registrava intensa atividade sísmica desde novembro. Na época, as autoridades evacuaram a região de Grindavík.
Veja: Vulcão entra em erupção perto da capital da Islândia
Fotos e vídeos: 'Não é uma erupção turística', alertam autoridades da Islândia após início da atividade em vulcão
Com dez anos de experiência em turismo na Islândia, o casal de brasileiros Fellipe e Luciana Moço acompanhou de perto o processo que levou à erupção em Reykjavik. Ao GLOBO, eles contaram que o momento de maior tensão foi no início de novembro, quando a área passou por um forte terremoto.
— Foi um pouco assustador no início. Quando tivemos o maior tremor, estávamos em casa, logo antes de dormir, e sentimos o chão balançar forte. Ali, acreditamos que uma erupção era iminente, — explica Fellipe.
As autoridades islandesas já estavam cientes dos riscos e tomaram precauções para resguardar o local. A cidade de Grindavik fica situada perto da usina geotérmica de Svartsengi, a principal fornecedora de eletricidade e água para os 30 mil habitantes da península de Reykjanes. Também fica próxima do balneário geotérmico Lagoa Azul, popular destino turístico que fechou, temporariamente, há um mês.
Segundo Fellipe, mesmo com os fortes abalos que atingiram a região, o que se sentiu foi apenas um “balançar leve” como se estivesse “um pouco tonto”. Desde o início da erupção nesta semana, cerca de 320 terremotos foram medidos na área.
— Na Islândia tem muita estrutura, então não sentimos medo. É tudo muito estudado e levado a sério. A população respeita, porque passar por essas adversidades faz parte da identidade cultural islandesa, — conta o empresário.
"Vamos esperar e ver o que as forças da natureza nos reservam", resumiu o presidente Gudni Thorlacius Johannesson na rede social X. Já Vidir Reynisson, diretor do Departamento de Proteção Civil, pediu à população que permaneça afastada da área. "Isto não é uma erupção turística", alertou.
O país fica entre as placas tectônicas eurasiáticas e norte-americana e é uma das regiões vulcânicas mais ativas do planeta, com 33 vulcões ou sistemas vulcânicos catalogados como ativos. Por isso, erupções não são incomuns ou inesperadas. Segundo o casal, elas vêm acontecendo desde 2021.
— Temos vivido erupções seguidas quase anualmente. Nós vivemos tudo isso de perto, e impactou nosso trabalho. Mas, diferente do que está acontecendo agora, as anteriores foram tranquilas, e podemos falar que eram erupções turísticas. Muitos turistas viajaram para poder visitar as erupções, — lembra Luciana.
Entenda a cronologia da erupção
A Islândia estava em alerta para uma possível erupção após registrar intensa atividade sísmica em novembro, que gerou milhares de pequenos tremores na península situada no sudoeste da ilha. Os cerca de quatro mil habitantes de Grindavík, um porto pesqueiro a 40 km da capital, deixaram a área em 11 de novembro, quando o magma começou a se deslocar sob a crosta terrestre e as enormes rachaduras apareceram no solo.
De acordo com a IMO, a erupção começou por volta das 22h17 GMT (19h17 em Brasília), após uma série de pequenos tremores. Às 3h em horário local, a agência meteorológica informou que intensidade da erupção estabilizou e que "a atividade está diminuindo", mas não relatou quanto tempo o fenômeno ainda pode durar
"Uma erupção efusiva começou poucos quilômetros a nordeste de Grindavík", pouco depois das 22h30 GMT (19h30 em Brasília), anunciou a agência islandesa em um comunicado, especificando que o código de cores da aviação mudou para vermelho.
Nesta terça-feira, a IMO emitiu uma nota que os cinco focos de erupção iniciais diminuiram para três. O serviço alerta para uma probabilidade de que mais aberturas possam se abrir ao longo da fissura da erupção original, tanto ao norte como no sul.
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