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Familiares de reféns idosos que aparecem em vídeo divulgado pelo Hamas temem por sua saúde; veja vídeo

Conteúdo divulgado na segunda-feira mostra três homens idosos, vestidos de branco e com barba longa; um dos reféns afirma que todos têm 'doenças crônicas' e estão em 'condições severas'

Agência O Globo - 19/12/2023
Familiares de reféns idosos que aparecem em vídeo divulgado pelo Hamas temem por sua saúde; veja vídeo

Familiares dos três reféns idosos que aparecem no vídeo divulgado pelas Brigadas Ezzedine al-Qassam, baço armado do Hamas, na segunda-feira, manifestaram preocupação com sua saúde. Os homens, que aparecem sentados, vestindo roupa branca e com barba longa, têm entre 79 e 84 anos. O vídeo, intitulado "não nos deixe envelhecer aqui", dura pouco mais de um minuto e não dá indícios de quando e onde foi gravado.

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O idoso ao centro, que fala para a câmera, identificou-se como Chaim Peri, de 79 anos. Ele é morador do kibutz Nir Oz. Os outros dois também são moradores do mesmo kibutz e foram identificados como Yoram Metzger, de 80 anos, e Amiram Cooper, de 84, segundo o jornal Times of Israel. Peri, o único que fala ao longo do vídeo, afirma que "todos têm doenças crônicas" e que estão vivendo em "condições severas".

Pelo menos 240 pessoas foram levadas como reféns pelo Hamas para Gaza durante o ataque terrorista, no dia 7 de outubro. Segundo um balanço da AFP, no fim de novembro, pelo menos oito reféns teriam mais de 80 anos. A mais velha era Yaffa Adar, de 85 anos. Ela foi libertada pelo Hamas no primeiro dia do acordo entre o Hamas e o Estado judeu. A guerra, que teve início com o ataque sem precedentes do Hamas, também deixou cerca de 1,2 mil mortos em Israel, a maioria civis, de acordo com as autoridades israelenses.

O filho mais novo de Metzger, Roni contou que seu pai é diabético e tem problemas de locomoção. Ele também disse que o pai parecia ter perdido bastante peso e parecia que tinha "envelhecido muitos anos".

— Meu pai não está em boas condições — observou o filho à rádio Kan News, citado pelo jornal israelense. — Deve ser feito de tudo para trazê-los de volta para casa.

Roni admitiu que os outros dois idosos também "não parecem estar em boas condições, não são eles mesmos."

— Você não vê um pingo de vivacidade em seus rostos — afirmou à Ynet, citado pelo Times of Israel.

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A esposa de Cooper, Nurit, de 80 anos, — que também foi levada como refém pelo Hamas, mas foi solta ainda no fim de outubro — afirmou ao Haaretz que seu marido estava com dor e não estava recebendo tratamento médico.

Mai Albini, neto de Peri, afirmou ao N12, citado pela CNN, que não assistiu o vídeo, mas sabia que o avô estava "em uma situação muito ruim e parece estar definhando no cativeiro".

O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, afirmou que o "vídeo é criminoso e terrorista" e que "mostra a brutalidade do Hamas sobre inocentes, civis idosos que necessitam de cuidados médicos".

"Chaim, Yoram e Amiram — espero que vocês possam me ouvir esta noite. Fazemos tudo para que você volte com segurança. Alguns de seus familiares já estão em casa e não descansaremos até que você volte também", disse Hagari em uma publicação em hebraico, divulgada no X (antigo Twitter).

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, apesar de ainda não ter visto o vídeo, afirmou que o conteúdo era outro exemplo da "depravação e brutalidade do Hamas contra vidas inocentes", citado pelo Haaretz.

Pressão por novo acordo

No vídeo, Peri pediu para que o governo israelense trabalhe por sua libertação "não importa o custo" e disse não entender por qual motivo foram "abandonados ali".

— Não queremos ser vítimas diretas como resultado direto de um bombardeio israelense. Nos liberte sem nenhuma condição. — pediu.

Segundo um oficial israelense citado pelas mídias locais, a gravação serviria como forma de pressionar Israel a entrar em mais um acordo com o Hamas. Pelo menos 95 civis (entre cidadãos com dupla cidadania e trabalhadores estrangeiros) foram libertados durante o acordo entre as partes, mediado pelos EUA, Catar e Egito. Em troca, foram libertados 240 prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses — todos mulheres e menores de idade.

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As tratativas, com exceção dos trabalhadores estrangeiros, não abrangeram militares e nem homens (independente se eram civis e idosos), apenas mulheres e menores de idade. A estimativa é de que 132 reféns ainda estejam nas mãos do Hamas e de grupos afiliados.

Em seu último balanço, o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, reportou mais de 19 mil mortes, majoritariamente mulheres e crianças, após as operações de retaliação israelenses que deixaram o território palestino em ruínas. A ofensiva israelense, segundo as autoridades, também têm como objetivo — e justifica-se em grande parte em — resgatar os reféns.

Na sexta-feira, o Exército de Israel admitiu ter matado a tiros três dos reféns sequestrados, após terem sido confundidos "como uma ameaça". Todos foram fuzilados. O Hamas alega que "cerca de 50" reféns teriam sido mortos ainda em Gaza por bombardeios de Israel.