Internacional

EUA anunciam força multinacional para tentar conter ataques dos houthis no Mar Vermelho

Coalizão será formada por 10 países, com o objetivo de 'garantir a liberdade de navegação' por uma das rotas mais movimentadas do planeta

Agência O Globo - 18/12/2023
EUA anunciam força multinacional para tentar conter ataques dos houthis no Mar Vermelho
EUA - Foto: Reprodução

O Pentágono anunciou nesta quinta-feira a criação de uma força naval composta por 10 países para evitar novos ataques da milícia houthi, no Iêmen, contra navios que trafegam pelo Mar Vermelho. Nas últimas semanas, várias embarcações foram atingidas por mísseis e drones explosivos na região, e uma delas chegou a ser sequestrada pela milícia, que considera as ações atos de solidariedade com o Hamas, que hoje trava uma guerra contra Israel em Gaza.

"A recente escalada nos ataques inconsequentes dos houthis, originados do Iêmen, ameaça o livre fluxo de comércio, põe em perigo marinheiros inocentes e viola a lei internacional. O Mar Vermelho é uma via naval crítica que foi essencial para a liberdade de navegação e é um corredor comercial de peso que facilita o comércio internacional", escreveu, em comunicado, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, que está em viagem pelo Oriente Médio.

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Segundo o texto, a Operação Guardião da Prosperidade conta com 10 participantes neste primeiro momento: além dos EUA, fazem parte o Reino Unido, Bahrein, Canadá, França, Itália, Holanda, Noruega, Seychelles e Espanha. Não foram dados detalhes sobre a atuação de cada um dos países.

"[Eles vão] enfrentar desafios de segurança no sul do Mar Vermelho e no Golfo de Áden, com o objetivo de garantir a liberdade de navegação para todos os países, e para incrementar a segurança e a prosperidade da região", aponta o comunicado. "Países que querem garantir o princípio fundamental de liberdade de navegação precisam se unir para enfrentar o desafio apresentado por este ator não estatal, que lança mísseis balísticos e veículos aéreos não tripulados contra navios mercantes de muitas nações, que transitam legalmente em águas internacionais."

O anúncio acontece em meio a uma viagem de Lloyd Austin ao Oriente Médio — nesta segunda-feira, ele esteve em Israel —, e diante de uma crescente preocupação com a segurança na rota marítima do Mar Vermelho, por onde passam cerca de 12% do comércio global. Os ataques dos houthis, além de provocar estragos em navios mercantes, estão elevando os valores dos seguros cobrados das embarcações, e analistas dizem que podem impactar os preços de commodities como o petróleo.

Com tantos riscos, algumas empresas, como a Maersk e a MSC, suspenderam viagens pela região, e controladores do Canal de Suez, que liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, disseram à Bloomberg que, desde o mês passado, pelo menos 55 navios preferiram usar a rota que margeia a África em suas viagens, aumentando suas viagens em alguns milhares de quilômetros, e tornando os fretes mais caros. Nesta segunda-feira, a gigante do setor de energia BP afirmou que seus navios não passariam pelo Mar Vermelho .

Amparada financeiramente pelo Irã, a milícia houthi é uma das protagonistas da guerra civil no Iêmen, iniciada em 2014. O grupo resistiu a uma ofensiva militar liderada pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos, e ainda controla boa parte do país, incluindo a capital, Sana, além de parte da costa do Mar Vermelho. Sauditas e emiradenses não integram a coalizão anunciada pelos EUA, e não escondem suas divergências sobre como lidar com os houthis: enquanto Riad hoje prefere um apaziguamento, Abu Dhabi não esconde a preferência por uma resposta militar.