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Quase metade das bombas usadas por Israel em Gaza não tinham alvos específicos, diz inteligência dos EUA

Conhecidas como 'dumb bombs', este tipo de munição é menos precisa e pode representar uma ameaça maior para os civis

Agência O Globo - 14/12/2023
Quase metade das bombas usadas por Israel em Gaza não tinham alvos específicos, diz inteligência dos EUA
Faixa de Gaza. - Foto: reprodução

Quase metade das munições ar-terra que Israel utilizou na Faixa de Gaza desde 7 de outubro foram do tipo não guiadas. A informação foi divulgada pela CNN nesta quinta-feira, e foi veiculada com base em uma nova avaliação da inteligência dos Estados Unidos. Também conhecidas como “dumb bombs”, as munições não guiadas são menos precisas e podem representar uma ameaça maior para os civis.

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O restante das munições utilizadas foram guiadas com precisão, disse a avaliação, que ainda relaciona a taxa com que o país as tem usado com o aumento do número de civis mortos. Questionado sobre o assunto, Nir Dinar, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, da sigla em inglês), disse à CNN que “não comenta o tipo de munição usada”.

Nesta terça-feira, o presidente americano Joe Biden afirmou que Israel tem realizado “bombardeios indiscriminados” em Gaza. Um dia depois, a Major Karen Hajioff, porta-voz israelense, disse que “como uma força militar comprometida com o direito internacional”, as IDF estão “dedicando vastos recursos para minimizar os danos aos civis que o Hamas forçou a assumir o papel de escudos humanos”.

— Nossa guerra é contra o Hamas, não contra o povo de Gaza — pontuou.

Para especialistas ouvidos pela CNN, no entanto, se Israel estiver usando munições não guiadas na taxa que os Estados Unidos acreditam, isso enfraquece a alegação israelense de que estão tentando minimizar as baixas civis. Ex-oficial de Disposição de Explosivos (EOD) e atual conselheiro sênior da Anistia Internacional, Brian Castner disse ficar “extremamente surpreso e preocupado” com os dados.

— Já é grave o suficiente utilizar essas armas quando elas atingem precisamente seus alvos. É um problema massivo de danos civis se elas não possuem essa precisão, e se nem mesmo podemos dar o benefício da dúvida de que a arma está de fato atingindo onde as forças israelenses pretendiam — acrescentou ele.