Internacional
Governo brasileiro teme que aproximação da Venezuela com a Rússia e da Guiana com os EUA escale conflito
Maduro adiou visita que faria a Putin nesta semana, o que representou um alívio para o governo brasileiro
A proximidade da Venezuela de Nicolás Maduro com a Rússia e da Guiana com os Estados Unidos preocupa o governo brasileiro, que teme a escalada do conflito por movimentos feitos pelos dois países nos últimos dias em meio à disputa sobre Essequibo — a região da Guiana que a Venezuela alega ser sua e cuja anexação aprovou em referendo.
Contexto: Venezuela aprova em referendo criação de província em área da Guiana
Quem é Irfaan Ali, presidente da Guiana que trava embate com a Venezuela pelo território de Essequibo
O governo venezuelano confirmou na semana passada que Maduro faria uma visita ao presidente russo, Vladimir Putin. A visita, porém, deve ser adiada, o que representou um alívio para o governo brasileiro. Também na semana passada, os EUA realizaram com a Guiana exercícios aéreos militares. Os americanos têm interesse no país caribenho, onde a ExxonMobil é a principal operadora de campos de petróleo no litoral da região disputada.
O governo brasileiro teme que a crise na região se transforme em mais um palco da disputa entre Estados Unidos e Rússia — desde que invadiu a Ucrânia no ano passado, Putin está em conflito aberto com países do Ocidente, especialmente os EUA. Até agora, porém, a Rússia não fez um movimento claro de apoio à Venezuela, de quem é aliada próxima.
Com relação aos movimentos dos EUA, o temor do Palácio do Planalto é que isso irrite Maduro e deixe a Venezuela mais agressiva.
Mediação
Maduro e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, têm prevista uma reunirão nesta semana para debater a disputa sobre Essequibo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado para atuar no encontro como observador e mediador, mas não decidiu ainda será irá à reunião — a tendência é mandar o assessor especial Celso Amorim.
A reunião ocorrerá na quinta-feira em São Vicente e Granadinas, país do Caribe, segundo informou o governo local. O primeiro-ministro do país, Ralph Gonsalves, também tem atuado como intermediador no conflito e falou ao telefone com Maduro e Ali no último sábado.
No mesmo dia, Lula conversou com Maduro e demonstrou preocupação com o conflito, além de pedir para evitar ações unilaterais.
Desde o início da crise, o governo brasileiro, e especialmente Lula, evitam tomar o lado contrário às ações de Maduro, que faz ameaças diárias de ocupação militar do país vizinho. A posição oficial é que é preciso diminuir a tensão, mencionando os dois lados, e que uma guerra na América do Sul seria intolerável.
Reservadamente, os auxiliares de Lula admitem que a postura de Maduro pode "fugir do controle". Mas o Planalto prefere, neste momento, continuar a ter um canal de diálogo com o governo de Caracas. Por isso, não elevou o tom das cobranças.
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