Alagoas

Governador anuncia plano de recuperação das vítimas do crime ambiental causado pela Braskem

Cinara Corrêa com agencias 11/12/2023
Governador anuncia plano de recuperação das vítimas do crime ambiental causado pela Braskem
Foto: foto: Cortesia

Durante reunião no Palácio da República nesta segunda-feira, o governador Paulo Dantas (MDB-AL), acompanhado de representantes da Prefeitura de Maceió, prefeitos e representantes do governo federal, o governador apresentou o Plano de Recuperação das Vítimas do Crime Ambiental nas cidades da Região Metropolitana afetadas pela mineração da Braskem.

O Plano inclui medidas imediatas para assistência e planos de longo prazo visando reduzir danos e compensar comunidades impactadas.

Visando a celeridade, Dantas planeja discutir as medidas com o ministro do Turismo em Brasília ainda hoje. Além disso, propôs a imediata aquisição de cestas básicas com recursos estaduais para as vítimas, sem especificar a quantidade. As propostas aguardam análise das autoridades envolvidas no caso.

ROMPIMENTOS
Dilson Ferreira, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), afirma que a movimentação pode indicar o início do rompimento total da mina e a possibilidade de impacto nas outras minas da região - são 35 ao todo.

"A mina tem 60% de sua área dentro da lagoa; os outros 40% estão no continente. A porção que está dentro da lagoa colapsou e iniciou um processo de rompimento. Nas próximas horas, teremos a noção se ela vai se estabilizar. Se a cratera abrir mais, ela pode atingir as outras minas do lado. Tudo é um processo com algumas etapas. Provavelmente teremos outros desmoronamentos até que ela se estabilize", diz o especialista.
O rompimento deste domingo não significa o colapso da mina, mas sim o começo do processo, de acordo com a engenheira geóloga Regla Toujaguez.

"Ainda não é o colapso, mas esse rompimento é o início do processo. Para que o colapso aconteça de fato toda a circunferência deve ceder, algo que ainda não aconteceu, mas agora é preciso ficar em alerta", diz a professora da Universidade Federal de Alagoas.

Ferreira reclama de falta de informações. "Os dados foram omitidos ou não foram coletados. Na universidade, não temos informações suficientes para prever o que vai acontecer. É um apagão de informações. A informação que temos é a informação que a Defesa Civil passa à população."

MONITORAMENTO
Durante a reunião, o coordenador da Defesa Civil Estadual, informou que, até o momento, o monitoramento não indicou risco iminente de colapso nas demais minas da região.
A área isolada permanecerá sob constante vigilância e uma nota técnica será publicada nesta semana para fornecer detalhes adicionais sobre a situação local.

Segundo Paulo, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) realizou coletas na Lagoa Mundaú, a fim de analisar quais foram as consequências ao ecossistema da região. “Aconteceu o colapso, sem dano às vidas e sem dano material. Precisamos verificar nesse momento a questão ambiental, qual é a causa ambiental que trouxe o colapso da mina 18. Já foram feiras coletas, vamos nos posicionar nos próximos dias sobre qual foi o dano causado pelo evento”, explicou.

Citando como exemplo o Parque Ibirapuera, em São Paulo, o governador propôs, também, a criação de um parque estadual nos bairros que foram desocupados (Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro e parte do Farol) como forma de honrar a memória das vítimas do crime ambiental.

O chefe do Executivo Estadual anunciou a criação de um plano com o objetivo de contemplar vítimas, comerciantes e órgãos públicos que foram afetados pela mineração na região, e também reforçou a necessidade de incluir novas áreas no mapa de desocupação.

“Perdemos, na região, nosso hospital psiquiátrico, muitas escolas do Cepa, a sede do Samu e outros prédios importantes”, pontuou. “A culpada por esse crime é a empresa Braskem. Precisamos unir forças pra que essa empresa dê uma solução o quanto antes para os afetados pelo crime”.

“Considero essa a reunião mais importante que já aconteceu desde a descoberta desse crime ambiental, em 2018. Contem totalmente com nossa boa vontade, força de trabalho e seriedade para encontrarmos uma solução”, reforçou o governador.

EM BRASILIA
Paulo Dantas disse que, ainda nesta segunda-feira, 11, irá a Brasília para tratar dos efeitos que o colapso da Mina 18 teve na atividade turística do estado com representantes do Ministério do Turismo.

“Precisamos fazer uma campanha demonstrando que o problema está localizado naqueles bairros. Nenhuma outra parte de Maceió terá nenhum dano. Queremos tranquilizar todos os turistas para que venham ao nosso estado, que está bem estruturado, com melhores rodovias, segurança, oferta de água, saneamento básico”, pontuou.