Internacional
Israel intensifica ataque contra Gaza após veto de EUA na ONU sobre cessar-fogo
Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, afirma que o número de vítimas no enclave palestino chegou a 17.700 mortos e 48.780 feridos
Israel intensificou, neste sábado, a ofensiva contra a Faixa de Gaza, um dia após os EUA vetarem uma resolução que pedia um cessar-fogo imediato, após mais de dois meses de guerra, no Conselho de Segurança da ONU— uma ação política que provocou fortes reações em um momento em que o número de vítimas no enclave palestino chegou a 17.700 mortos e 48.780 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.
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As Forças Armadas de Israel continuaram a bombardear o norte e o sul do território palestino. Em Khan Younis e Rafah, no extremo sul do enclave, ao menos seis pessoas morreram, de acordo com autoridades locais. Pelas redes sociais, os militares israelenses continuaram a denunciar potenciais violações de direitos humanos pelo Hamas , como o uso de civis como escudos humanos. Em um vídeo divulgado neste sábado, supostos combatentes do grupo terrorista disparam contra tropas israelenses a partir de uma mesquita e de uma escola da ONU em Beit Hanoun, no norte.
Em resposta, as Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, reivindicaram neste sábado novos ataques com foguetes contra o sul de Israel. O grupo terrorista também declarou que um refém, identificado como Sahar Baruch, foi morto durante em um tentativa de resgate israelense e divulgou um vídeo mostrando um corpo.
O kibutz de Beeri, a comunidade agrícola fronteiriça de Gaza onde Baruch vivia, e o Fórum Israelense para Reféns e Familiares Desaparecidos, rechaçaram a versão do Hamas e afirmaram em um comunicado conjunto que o homem de 25 anos foi "assassinado" por terroristas.
Embora os avanços no campo de batalha tenham aumentado o número de baixas nos dois lados do conflito, foi o cenário político que motivou as principais declarações de autoridades mundiais neste fim de semana. Na sexta-feira, os EUA vetaram uma resolução para pedir um "cessar-fogo humanitário imediato" apresentada na ONU, com o representante americano na reunião, Robert Wood, argumentando que a proposta estava dissociada da "realidade" e "não teria movido nem uma agulha no terreno".
A postura americana foi saudada em Israel, principal aliado de Washington na região do Oriente Médio. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, afirmou que um cessar-fogo poderia "evitar o colapso" da organização terrorista que comete crimes de guerra e crimes contra a humanidade e teria permitido que continuasse governando a Faixa de Gaza. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também se pronunciou neste sábado.
— Aprecio muito a postura correta adotada pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança das Nações Unidas [...] Por isso, Israel vai continuar sua guerra justa para eliminar o Hamas e conquistar o restante dos objetivos da guerra — disse em um pronunciamento em vídeo.
Uma reação oposta veio do outro lado da fronteira. A liderança do Hamas condenou energicamente a posição dos EUA, chamando-a de "imoral e desumana", e disse que correspondia a uma "participação direta" nos "massacres". O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, considerou que Washington é responsável "pelo derramamento de sangue de crianças, mulheres e idosos palestinos na Faixa de Gaza pelas mãos das forças de ocupação israelenses".
O Irã alertou que o veto dos EUA expõe o Oriente Médio ao risco de uma "explosão incontrolável" da situação. Enquanto o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, aliado dos EUA na Otan, afirmou que o Conselho de Segurança da ONU se tornou o "Conselho de Proteção de Israel", em meio aos questionamentos sobre a decisão de veto.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou, na sexta-feira, que a população de Gaza está perto de um "abismo" e que vive um "pesadelo humanitário". Em uma publicação no X, ele cobrou responsabilidade sobre o drama civil em Gaza
"O lançamento indiscriminado de foguetes pelo Hamas contra Israel e o uso de civis como escudos humanos é contra as leis da guerra, mas não absolve Israel das suas próprias violações. O direito humanitário internacional não pode ser aplicado seletivamente. É igualmente vinculativo em todos os momentos e não depende de reciprocidade", escreveu.
Segundo a ONU, mais de metade das casas foi destruída ou danificada e 1,9 milhão de pessoas foram deslocadas pelo conflito.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, John Kirby, voltou a pedir a Israel que implemente mais esforços para proteger os civis.
— Temos a certeza de que todos reconhecemos que mais pode ser feito (...) para reduzir as mortes de civis. Continuaremos trabalhando com os nossos parceiros israelenses para atingir esse objetivo — disse.
Desde 9 de outubro, Israel impôs um cerco quase total à Faixa de Gaza, impedindo a chegada de água, alimentos, medicamentos e eletricidade. Os bombardeios israelenses só cessaram durante a trégua de uma semana que entrou em vigor em 24 de novembro, negociada com a mediação do Catar, do Egito e dos Estados Unidos.
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