Internacional
Estudantes pedem renúncia de diretor em universidade francesa após acusação de violência doméstica
Mathias Vicherat, diretor da Sciences Pro, seria responsável por lidar com as denúncias de violência sexual e sexismo na instituição
O edifício da Sciences Pro, uma das universidades mais prestigiadas da França, localizado na área de Saint-Germain, amanheceu nesta quinta-feira ocupado por dezenas de estudantes. Os jovens tomaram as dependências do local para exigir a renúncia do diretor Mathias Vicherat, que é acusado de violência doméstica. Meia centena de estudantes já haviam bloqueado o acesso ao prédio na terça-feira.
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Um texto aprovado pelo corpo estudantil dizia que os estudantes estavam "indignados" com o "persistente clima de impunidade" na Sciences Po e afirmava que “a única resposta possível da administração é a suspensão de Mathias Vicherat de todas as suas funções e sua renúncia".
— Mathias Vicherat não está mais no comando da Sciences Po — anunciou Niel, membro do sindicato Solidaires a um repórter da AFP, ressaltando que o diretor estava encarregado de lidar com casos de agressão sexual e sexista na universidade.
Vicherat e sua companheira Anissa Bonnefont foram presos na noite de domingo, após acusarem-se mutuamente de violência doméstica. O promotor de Paris afirmou, segundo o jornal Le Monde, que nenhum dos dois tinha ferimentos que os impedisse de trabalhar, ordenando posteriormente o início de uma investigação. Nem Vicherat nem Bonnefont quiseram prestar queixa na polícia. Eles foram liberados na segunda-feira.
Na terça-feira, o diretor da Sciences Po Paris escreveu aos alunos, professores, funcionários e conselheiros da instituição na terça-feira para assegurar a eles que compreendia sua "comoção", prometendo reunir-se com eles "em breve".
Para os estudantes que organizaram e estão envolvidos na ocupação, a ação é um "enésimo grito de alerta que traduz a indignação dos estudantes com a manutenção de um clima de impunidade", de acordo com um comunicado de sua assembleia geral.
Mathias Vicherat assumiu em novembro de 2021 o lugar de Frédéric Mion, que foi forçado a renunciar ao cargo de diretor em fevereiro daquele ano por ignorar as suspeitas de abuso sexual contra o conhecido cientista político e ex-presidente da Fundação Nacional de Ciências Políticas, Olivier Duhamel, contra seu enteado. Os casos foram relatados por Camille Kouchener, irmã gêmea da vítima.
— [Vicherat] foi eleito na esteira do escândalo Duhamel-Mion, quase exclusivamente em um programa de combate à violência sexual e sexista. Ele não tem mais legitimidade para implementá-lo — disse um estudante à AFP, que pediu anonimato.
A universidade
A Sciences Po conta com várias personalidades importantes da política, dos negócios e da cultura entre seus ex-alunos. Entre eles estão os ex-presidentes franceses Jacques Chirac, Georges Pompidou e François Mitterrand, bem como o atual presidente Emmanuel Macron.
O ex-chefe da ONU Boutros Boutros-Ghali também estudou na universidade, assim como o ex-primeiro-ministro iraniano Mohammad Mosaddegh e o primeiro-ministro canadense Pierre Trudeau. O estilista Christian Dior, o diretor Louis Malle e o escritor Marcel Proust também são ex-alunos.
A Sciences Po foi fundada em 1872 para treinar funcionários públicos, mas gradualmente abriu suas portas para estudantes que buscavam carreiras no setor privado.
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