Internacional

Chanceleres da Guiana e da Venezuela conversam pela primeira vez desde escalada da disputa por Essequibo

Ministros das Relações Exteriores dos países prometeram 'manter os canais de comunicação abertos'

Agência O Globo - 06/12/2023
Chanceleres da Guiana e da Venezuela conversam pela primeira vez desde escalada da disputa por Essequibo

Os ministros das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, e da Guiana, Hugh Todd, conversaram por telefone nesta quarta-feira, em meio à escalada das tensões entre os dois países sobre Essequibo, região rica em petróleo e objeto de uma disputa territorial secular entre os dois países. A informação foi divulgada pelo governo venezuelano em um comunicado.

"A pedido da parte guianense, o ministro das Relações Exteriores, Hugh Todd, manteve uma conversa telefônica com o ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, para discutir a disputa territorial", após um referendo na Venezuela no domingo que aprovou a criação de uma província venezuelana no Essequibo e a concessão de cidadania a seus 125 mil habitantes, disse o comunicado.

Os dois lados "concordaram em manter os canais de comunicação abertos", de acordo com o texto.

"O lado venezuelano aproveitou a oportunidade para atualizar o governo guianense sobre a participação esmagadora na consulta popular, gerando um mandato irrecorrível", disse.

Também "expressou a necessidade de interromper as ações para agravar a disputa", acrescentou.

O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, anunciou na terça-feira que a empresa petrolífera estatal venezuelana PDVSA concederá licenças para explorar petróleo, gás e minerais na região de 160 mil quilômetros quadrados atualmente sob a jurisdição da Guiana. Maduro também criou uma nova zona militar a cerca de 100 km da região.

Seu homólogo guianense, Irfaan Ali, descreveu esses anúncios como "uma ameaça direta" e avisou que irá ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar a situação e que suas forças armadas estão "alertas" e em contato com "parceiros" como os Estados Unidos.

A Venezuela sustenta que o Essequibo é parte de seu território, como era em 1777, quando era colônia do Reino da Espanha, e apela para o acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabeleceu as bases para uma solução negociada e anulou uma sentença de 1899 que definia os limites atuais.

A Guiana defende essa sentença e pede que ela seja ratificada pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia, cuja jurisdição Caracas não reconhece.