Internacional
'Confuso e irônico': Mapa de Gaza divulgado por Israel como rota de fuga para civis tem 50 anos; entenda
Material teria sido feito como parte de um plano para reconstruir o enclave nos 1970; para Forças de Defesa, número de vítimas seria 'muito maior' sem ele
O mapa da Faixa de Gaza que divide todo o território em 623 zonas, como apresentado pelas Forças de Defesa de Israel na manhã da última sexta-feira, quando o período de cessar-fogo com o Hamas terminou, não é novo. Conforme publicado pelo jornal israelense Haaretz, o objetivo deste material é informar a população civil do enclave sobre quais áreas devem ser evacuadas devido aos ataques aéreos e manobras terrestres, e quais áreas podem servir de abrigo.
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A publicação detalha que, ironicamente, visto que muitos edifícios em Gaza agora tornaram-se inabitáveis, os diferentes lotes de terreno e números no mapa eram destinados a fins de zoneamento e projetos de construção. Além disso, a versão original do mapa foi criada por israelenses — há meio século, como parte de um plano de curta duração para reconstruir o local, sob ocupação israelense no início dos anos 1970.
Israel abandonou esses planos depois que o governo do Likud, de Menachem Begin, foi eleito em 1977. No entanto, em apenas alguns anos, arquitetos e engenheiros israelenses planejaram e construíram bairros residenciais e edifícios públicos na Faixa de Gaza, incluindo o Hospital al-Shifa. Agora, grande parte disso foi destruído.
Número de vítimas poderia ser 'muito maior'
O mapa foi apresentado na sexta-feira como uma ferramenta básica de localização para permitir que os palestinos evitassem as áreas mais perigosas, mas uma versão interativa já está em uso nas últimas semanas de guerra. Ele foi consultado diversas vezes para as tomadas de decisões de comandantes e planejadores das Forças de Defesa de Israel (IDF) antes de lançarem ataques aéreos e manobras terrestres.
Nas telas na sede das Forças de Defesa de Israel (IDF), cada uma das 623 áreas no mapa está constantemente sendo monitorada quanto ao movimento da população, utilizando sinais de celular, imagens da mídia, publicações em redes sociais e relatórios de organizações humanitárias e outras formas de coleta de inteligência, segundo o Haaretz. Cada área é atualizada e codificada de acordo com a densidade populacional.
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Os oficiais superiores que desenvolveram a política de “movimento da população” acreditam que ela foi um sucesso na primeira fase da guerra, quando estima-se que 1,2 milhão de pessoas fugiram ao sul da cidade de Gaza após os avisos iniciais à população civil. Segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, mais de 15 mil palestinos foram mortos entre 7 de outubro e o início do cessar-fogo, em 24 de novembro.
As FDI, por sua vez, não contestam o número total, mas acreditam que pelo menos um terço dos mortos são terroristas do Hamas, e que ao menos algumas das mortes de civis foram causadas por foguetes palestinos com falhas. Nesses casos, eles visavam atingir cidades israelenses, mas caíram dentro do enclave.
Além disso, considerando a densidade populacional da região e a estratégia do Hamas de se esconder sob civis, as IDF afirmam que o número de vítimas poderia ter sido “muito maior” sem a política de “movimento da população” e o monitoramento.
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