Neste domingo, o surfista João "Chumbinho" Chianca sofreu um acidente enquanto treinava na praia de Pipeline, no Havaí (EUA). O brasileiro caiu em uma onda e ficou um bom tempo debaixo d'água, levando uma série de ondas na cabeça, até ser resgatado, desacordado, por membros de sua equipe. Felizmente, o atleta de 23 anos foi levado a um hospital e se encontra em condição estável.

Número quatro do ranking da World Surf League (WSL), principal organização do surfe no planeta, Chianca é natural de Saquarema, no Rio de Janeiro, e disputou sua segunda temporada na elite mundial do esporte em 2023. Ele chegou até a liderar o ranking, classificando-se para a WSL Finals, mas terminou na quarta posição.

Com este resultado, ele se qualificou para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris, no ano que vem, e se consolidou como um dos grandes nomes da Brazilian Storm. Em entrevista ao GLOBO, em abril deste ano, momento em que era líder do ranking, afirmou que objetivava a vaga olímpica, mas que precisava "manter a calma" e que só poderia controlar "seu trabalho e performance dentro e fora da água".

— Me vejo ainda com muito espaço para evolução. Tem muita coisa para melhorar. Quero ter ainda mais calma nas decisões nas baterias, mais maturidade, mais força mental, mais equilíbrio nos eventos. Quero ser mais constante. Não sentir tanto o baque do que acontece fora da competição. E meu surfe ainda tem muito a melhorar — revelou o surfista.

Chianca vem de uma forte linhagem familiar, sendo filho de Gustavo Chumbão e irmão de Lucas Chumbo, ambos surfistas especializados em ondas gigantes. O apelido acabou ganhando uma progressão entre o pai e os filhos. A mãe, Michele Cabral, também sempre esteve presente incentivando a carreira deles.

Inclusive, foi Lucas que utilizou as redes sociais para tranquilizar os fãs sobre o estado do irmão. Através de stories no Instagram, disse que Chumbinho estava "estável e consciente".

"Meu irmão está bem, graças a Deus. Está estável e consciente. Agradeço todas as energias positivas de todos. [em inglês] Obrigado, Eli Olson, Jake Maki e North Shore Lifeguards Association. Obrigado a todos que estiveram lá por ele", publicou.

Volta por cima

Os primeiros passos na carreira de Chumbinho foram dados em 2015, em competições de categoria júnior. Após começar a mostrar resultados expressivos, foi campeão sul-americano em 2019, deslanchando de vez como potencial talento. A vaga na WSL foi conquistada no final de 2021, e sua estreia aconteceu na temporada passada. No entanto, foi bem aquém das expectativas, pois Chianca não passou do corte de meio de temporada, novidade implantada em 2022.

— Tudo tem um propósito. Eu não tinha conhecimento de quanto aquilo me serviria, mas teve uma enorme influência e peso sobre o que está acontecendo hoje em dia. Me vejo mais maduro, mais calmo, tomando decisões melhores do que no ano passado — disse Chianca ao GLOBO, em abril.

Rebaixado para a Challenger Series, o brasileiro precisou novamente correr atrás de uma vaga entre os melhores do mundo. Convidado pontualmente para participar da etapa do Circuito em Saquarema, sua terra natal, deu a volta por cima na divisão de acesso e finalizou a temporada na 8ª colocação geral. Assim, João estava de volta à elite.

A estreia na nova temporada foi com o melhor resultado da carreira até então. Na mesma Pipeline, foi 3º colocado, resultado repetido em Sunset Beach, também no Havaí. Na etapa de Peniche (Portugal), finalmente venceu sua primeira prova no circuito mundial.

Após completar a volta por cima, aos 22 anos, foi o primeiro brasileiro a liderar o ranking da WSL fora do quarteto que conquistou títulos mundiais — Gabriel Medina, Adriano de Souza, Ítalo Ferreira e Filipe Toledo. A vitória em Peniche foi a única na carreira até agora. A torcida brasileira fica agora na expectativa para que Chumbinho fique bem e esteja pronto para a temporada de 2024.