Internacional

Um dia após encontrar presidente de Israel, Lula chama guerra em Gaza de 'genocídio'

Líder brasileiro já havia descrito ofensiva israelense desta forma ainda em outubro, durante evento no Planalto, alegando que ações do Hamas não justificavam a morte de 'milhões de inocentes'

Agência O Globo - 02/12/2023
Um dia após encontrar presidente de Israel, Lula chama guerra em Gaza de 'genocídio'
Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a classificar a ação militar israelense na Faixa de Gaza como "genocídio". A fala ocorreu durante a conferência do clima COP28 em Dubai, um dia após Lula ter se encontrado com o presidente de Israel, Isaac Herzog.

Em outubro: Lula condena morte de crianças em conflito entre Israel e Hamas: 'Não é uma guerra, é um genocídio'

COP28: Lula mostra carta de Papa Francisco: 'Desafios urgentes'

Lula abriu seu discurso em uma reunião do G77+China sobre Mudança do Clima pedindo licença para falar sobre guerra. Citou, então, os conflitos da Rússia contra a Ucrânia e a "guerra insana entre Israel e os palestinos" para pedir "sensatez".

— Não posso deixar de usar esse momento para falar de paz. Estamos discutindo a questão do clima. Mas, enquanto estamos discutindo a questão ambiental, temos guerra entre Rússia e Ucrânia, e uma guerra insana entre Israel e os palestinos, sobretudo na Faixa de Gaza — disse Lula, acrescentando: — O que está acontecendo na Faixa de Gaza não é guerra, é praticamente um genocidio. Eu penso que, daqui do G77, era importante que a gente fizesse o chamamento àqueles que estão em guerra de que é hora de parar, hora de conversar, hora de a sensatez tomar conta da alma humana para que a gente possa acreditar que estamos tentando salvar o planeta não pra destruir com guerra, mas para que a gente viva em paz.

Lula argumentou que "fica muito mais barato sentar em uma mesa de negociação e encontrar uma solução pacífica" do que recorrer às armas.

— Não é possível que as pessoas não se deem conta de que a guerra nos tempos modernos não leva a nada, a não ser a destruição de vidas, de casas, de predios, de ferrovias e rodovias — afirmou.

Veja vídeo: Na COP28, Lula cobra países ricos e diz que 'o planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos'

Lula pediu que as nações do bloco fizessem "um chamamento" ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterrez, "para que a ONU dedique um esforço imensurável para ver se conseguimos fazer um acordo" para alterar o Conselho de Seguraça da entidade -- uma antiga reivindicação do Brasil.

— Ou colocamos mais países participando da ONU ou a irresponsabilidade vai prevalecer sobre a sensatez daqueles que brigam por paz — disse o presidente.

O Brasil teve uma proposta de resolução por um cessar-fogo em Gaza aprovada por 12 dos 15 países do colegiado em outubro, mas ela foi vetada pelos Estados Unidos, que exerceu o poder de veto dos países com acento permanente no conselho (os demais são França, Reino Unido, China e Rússia).

— Eu estou incomodado ao começar a minha fala e não poderia deixar de pedir aos que estão em guerra que parem de se matar. Sentem em uma mesa de negociação e vamos salvar vidas ao invés de destruí-las — afirmou.

Fim da trégua: Hamas afirma que 240 foram mortos em Gaza desde suspensão do cessar-fogo

Lula se encontrou nesta sexta-feira com o presidente de Israel, Issac Herzog, nos bastidores da COP28. Eles trataram da situação de um israelense de nacionalidade brasileira, Michel Nisenbaum, que está nas mãos do Hamas, desde 7 de outubro. Naquela data, combatentes do grupo invadiram o território israelense e mataram 1.200 pessoas em uma ação surpresa.

A resposta de Israel veio com bombardeios intensos à Faixa de Gaza, enclave palestino que vive sob cerco israelense desde que passou a ser governada pelo Hamas, em 2007. Ao todo, mais de 15 mil palestinos morreram desde então, sendo 5 mil crianças.

Israel vem sendo duramente criticado internacionalmente por bombardear áreas densamente povoadas e alvos civis, como escolas e hospitais. Os israelenses alegam que o Hamas utiliza essas instalações como centro de operações do grupo terrorista.