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Embaixadora de ONG e campeã mundial: quem é Mariana Rocha Assis, surfista vítima de ‘DeepNude’

Atleta já tinha sido vítima de violência em 2018, quando foi esfaqueada após uma tentativa de estupro

Agência O Globo - 02/12/2023
Embaixadora de ONG e campeã mundial: quem é Mariana Rocha Assis, surfista vítima de ‘DeepNude’

A surfista portuguesa Mariana Rocha Assis, de 26 anos, usou as redes sociais para denunciar o assédio que sofreu, depois de ser vítima de ‘DeepNude’, imagens geradas por inteligência artificial, em que o alvo aparece sem roupas.

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Ela denunciou o acontecido nas redes sociais. “Tenho passado por um inferno emocional ultimamente e gostaria de partilhar a minha história, pois acredito que há mais vítimas como eu a sofrer com esse novo tipo de assédio”, escreveu. Ela afirmou que as imagens que recebeu em seu celular “parecem reais”, apesar de só o rosto lhe pertencer.

A portuguesa é surfista e skatista profissional, e recebeu o prêmio de campeã mundial de surfskate em 2017. É embaixadora da ONG SOMA (Surfistas Orgulhosas na Mulher d'África. A organização tem o objetivo de combater a desigualdade de gênero por meio de Programas de ‘Surf Therapy’, ou terapia do surfe. A ONG atua na ilha de São Tomé, segundo menor país do continente africano.

A SOMA foi fundada em 2020 pela empresária Francisca Sequeira. Segundo a ONG, 48% das meninas em São Tomé não sabem nadar e têm medo do mar, apesar de ser um país rodeado de oceano. Nas redes sociais, Mariana descreveu a organização como um projeto que abraça de coração e que tem “um orgulho gigante de acompanhar a evolução de todas as meninas”.

Em 2018, a jovem sofreu outro tipo de violência. Aos 21 anos, ela passou por uma tentativa de estupro e acabou sendo esfaqueada. A jovem andava sozinha pelas ruas de Portugal quando foi abordada por um homem, que tentou abusá-la sexualmente.

Na ocasião, ela reagiu e deu uma joelhada nos testículos do homem. Depois, foi atingida por uma faca no abdômen. “Ia para casa sozinha de noite quando um homem tentou me estuprar. Não conseguiu. Tive o sangue frio de dar-lhe uma joelhada nos testículos e depois ele esfaqueou-me na barriga”, escreveu na época.

“Tenho muito respeito pelas mulheres que não conseguem reagir como eu e são violadas por estes loucos que andam à solta e deviam estar no inferno. Graças a Deus, estou viva”, concluiu.

Entenda o caso

No dia 17 de novembro, Mariana recebeu foi ameaçada por um número estranho, que afirmou ter fotos dela nua. As imagens, geradas por IA, tratavam-se de um ‘DeepNude’. Ela afirmou que as imagens que recebeu em seu celular “parecem reais”, apesar de só o rosto lhe pertencer.

“Essa pessoa em questão disse-me para lhe pagar um total de cinco mil [euros, equivalente a R$ 26 mil], e que eu tinha até hoje para lhe mandar, mas não mandei. Ele disse-me que vão enviar para a minha família, amigos, patrocinadores e clientes do hotel”, acrescentou a jovem.

“Fala-se muito sobre como as coisas evoluíram. Hoje eu vi o lado negro desse mundo assustador. Perdi muito dinheiro, vou ter fotos minhas a circular online. E o mais assustador é que está a acontecer com muita gente. Por isso, cuidado”, alertou Mariana.

A campeã de surfskate também afirmou que os “hackers estão a destruir vidas [e] sonhos”. “O meu ainda está vivo, aos poucos estou a chegar lá. Por mais que eu acredite que a Inteligência Artificial tem os seus pontos bons, é assustador para onde estamos a ir.”

Por fim, Mariana pediu aos políticos que façam algo contra este tipo de crime. Com a disseminação do uso de Inteligência Artificial, crimes como esse passaram a ser mais comuns. No início deste mês, fotos de 20 alunas de um colégio no Rio de Janeiro foram adulteradas, com nudes falsos criados por aplicativos, enviados a um grupo de mensagens.