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Henry Kissinger: relembre ações do ex-conselheiro de Segurança Nacional e secretário de Estado que morreu nesta quarta

Em julho, poucos meses após completar 100 anos, Kissinger visitou pela última vez a China, onde se encontrou com o presidente Xi Jinping e outros líderes do país

Agência O Globo - 30/11/2023
Henry Kissinger: relembre ações do ex-conselheiro de Segurança Nacional e secretário de Estado que morreu nesta quarta

O ex-secretário de Estado dos Estados Unidos Henry Kissinger, que morreu nesta quarta-feira aos 100 anos, moldou a política externa do país norte-americano, para dizer o mínimo, com uma história longa e altamente controversa. Aqui estão alguns dos maiores momentos de Kissinger, que atuou como conselheiro de segurança nacional e secretário de Estado dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford.

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China

Kissinger voou secretamente para Pequim em julho de 1971 numa missão para estabelecer relações com a China comunista, preparando o terreno para a visita histórica de Nixon com o objetivo de abalar a Guerra Fria e angariar ajuda para acabar com a Guerra do Vietname.

A abertura dos Estados Unidos à então isolada Pequim contribuiu para a ascensão da China para se tornar uma potência industrial e a segunda maior economia do mundo. Desde que deixou o cargo, Kissinger enriqueceu aconselhando empresas sobre a China e alertou contra a difícil mudança na política dos EUA em relação a Pequim.

Em julho, poucos meses após completar 100 anos, Kissinger visitou pela última vez a China, onde se encontrou com o presidente Xi Jinping e outros líderes do país.

Vietnã

Liderando os esforços de Nixon para acabar com a desastrosa guerra americana no Vietname "com honra", Kissinger ordenou secretamente bombardeamentos aos vizinhos Camboja e Laos na esperança de cortar as linhas de abastecimento de Hanói. Alguns historiadores estimam que centenas de milhares de civis morreram.

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Kissinger alcançou um cessar-fogo no Vietname em janeiro de 1973 através de negociações em Paris e foi controversamente galardoado com o Prémio Nobel da Paz, que o representante de Hanói nessas conversações, Le Duc Tho, recusou-se a aceitar.

O governo de Saigon, aliado dos EUA, caiu mais de dois anos depois - acredita-se que Kissinger tenha procurado um "intervalo decente" após o acordo de Paris para minimizar a percepção de uma derrota para os Estados Unidos.

Golpes

Convencido de que o objetivo principal era isolar a União Soviética, Kissinger defendeu a derrubada de governos de tendência esquerdista, especialmente no Chile e na Argentina. Em um memorando desclassificado mostrando os seus cálculos frios, Kissinger disse que o presidente socialista do Chile, Salvador Allende, ofereceu um modelo "insidioso" ao mostrar que um governo eleito de esquerda poderia funcionar.

Allende cometeu suicídio quando as tropas tomaram o poder num golpe apoiado pela CIA.

Invasões

Kissinger também não demonstrou qualquer relutância em apoiar as invasões quando viu um maior interesse dos EUA. Quando o Paquistão serviu como intermediário secreto da China, ofereceu cobertura diplomática a Islamabad enquanto levava a cabo uma campanha de assassinatos em massa e violações no Paquistão Oriental, que conquistou a independência como Bangladesh.

Kissinger deu luz verde explícita à Indonésia, aliada da Guerra Fria, quando este tomou Timor Leste, iniciando uma ocupação brutal de 24 anos.

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Da mesma forma, Kissinger apoiou tacitamente a Turquia na tomada de um terço de Chipre, procurando relações fortes com o país estrategicamente localizado e um equilíbrio na sua rivalidade com a Grécia, outro membro da NATO. Kissinger também liderou o envolvimento secreto dos EUA na guerra civil angolana para combater os aliados soviéticos e cubanos.

Médio Oriente

Kissinger dedicou grande parte do seu tempo ao Médio Oriente e organizou uma ponte aérea massiva, a Operação Nickel Grass, para reabastecer armas ao aliado Israel depois de os estados árabes terem lançado um ataque surpresa no feriado judaico de Yom Kippur em 1973.

Mais tarde, Kissinger negociaria detalhadamente com Israel, o Egipto e a Síria, no que acabou por chamar de "diplomacia de vaivém", na qual uma parte externa atua como intermediária entre as várias partes em disputa.

Ocupando o lugar de Moscovo, Kissinger transformou a relação com o Egipto, o país árabe mais populoso, que se tornou parceiro de segurança e receptor de ajuda dos Estados Unidos.