Internacional
Presa por 'incitação ao terrorismo', Ahed Tamimi, jovem ativista símbolo da resistência palestina, será solta nesta quarta
Palestina ficou famosa aos 14 anos, quando mordeu um soldado israelense para impedir detenção do irmão mais novo

Presa há três semanas pelo Exército israelense por "incitação ao terrorismo", a jovem palestina Ahed Tamimi, de 22 anos, famosa ativista contra a ocupação israelense da Cisjordânia, está na lista de prisioneiros que serão soltos nesta quarta-feira, como parte do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Tamimi foi detida em sua cidade natal de Nabi Saleh, perto de Ramallah, no início de novembro, durante uma operação do Exército israelense "que tinha o objetivo de deter indivíduos suspeitos de participar em atividades terroristas e incitar o ódio" no norte da Cisjordânia.
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Na ocasião de sua prisão, uma fonte dos serviços de segurança de Israel enviou à AFP uma publicação no Instagram, que circulou nas redes sociais e foi atribuída a Tamimi. O texto pedia o "massacre" de israelenses em "todas as cidades da Cisjordânia, Hebron e Jenin", em termos violentos e explícitos, segundo a captura de tela em árabe e hebraico transmitida pelo Exército à AFP.
A mãe da ativista, no entanto, negou que a filha tenha escrito a mensagem.
— Eles a acusam de ter publicado uma mensagem incitando a violência, mas Ahed não a escreveu — declarou Narimane Tamimi à AFP. — Há dezenas de contas com a foto de Ahed, mas com as quais ela não têm qualquer vínculo. Quando Ahed tenta abrir uma conta nas redes sociais, ela é bloqueada imediatamente.
Quem é Tamimi
Em 2012, quando tinha apenas 11 anos de idade, Tamimi se destacou ao sacudir os punhos diante de soldados israelenses. Ficou famosa aos 14 anos, quando foi filmada no momento em que mordeu um soldado israelense para impedir a prisão de seu irmão mais novo. O momento foi registrado em uma foto, na qual Tamimi aparece vestindo uma camisa do Piu-Piu, um personagem de desenho animado.
Em dezembro de 2017, aos 16 anos, ela deu um tapa em um soldado israelense no quintal de sua casa. Já em 19 de dezembro de 2017, a jovem foi detida pelos militares e depois condenada a oito meses de prisão. Tamimi foi liberada em 29 de julho de 2018.
No dia de sua libertação, disse que "aprendeu a ser paciente" e mais "instruída", afirmando que iria cursar Direito. Os objetivos eram ambiciosos: processar Israel em tribunais internacionais por aquilo que descreve como violações e crimes de guerra da ocupação.
— Vou investir nos meus estudos, porque o conhecimento é a arma mais forte para um lutador — disse ao New York Times.
Desde então, ela se tornou um símbolo mundial da causa palestina e é considerada pela população local um exemplo de coragem diante da repressão israelense nos territórios ocupados. Um retrato gigante de Tamimi foi pintado perto de Belém, em um muro construído pelos israelenses.
A resistência, que vem desde a infância, é definida por ela como "uma reação natural à ocupação da nossa terra".
Ela sonhava em ser uma jogadora de futebol, mas o ambiente de resistência na qual foi criada falou mais alto. Seu pai, Basem, afirma que as histórias dos ataques e detenções do Exército de Israel deixaram marcas na filha. Acostumado a liderar manifestações contra os colonos israelenses, Bassem descreve Tamimi como "tímida", mas "suficientemente madura para rejeitar a ocupação de forma responsável".
Para seus apoiadores, Tamimi é um ícone corajoso e que conscientiza sobre a resistência popular palestina. Sua casa na cidade de Nabi Saleh tornou-se um ponto de encontro de ativistas palestinas e estrangeiros que lutam contra a presença de Israel na região. O peso da responsabilidade, às vezes, abranda o ímpeto e determinação, embora nunca o extinga. São as crianças, os jovens e a "libertação do seu povo" que dão ânimo à jovem. Quando questionada pelo jornal espanhol El País, em 2018, se deixaria sua filha ou filho fazer o que ela fez contra soldados israelenses naquele vídeo, ela diz que "com certeza”", mas acrescenta:
— Espero que a próxima geração depois da minha não tenha que viver sob ocupação — afirma. — Tenho a certeza de que a nossa geração irá acabar com a ocupação. Tenho esperança que o futuro seja melhor.
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