Internacional
Libertação de 13 reféns de Israel e 39 presos palestinos marca 1ª dia de acordo, que continuará neste sábado
Nova rodada de trocas está prevista para acontecer às 11h no horário de Brasília
Foram 49 dias mantidos em cativeiro em algum lugar na Faixa de Gaza para uns, meses ou até anos em prisões israelenses para outros. Na sexta-feira, como resultado de difíceis e demoradas negociações mediadas por Catar, EUA e Egito, o primeiro grupo de 13 reféns de Israel levados para Gaza no devastador ataque do grupo terrorista Hamas ao país, em 7 de outubro, finalmente foi libertado após o início de um cessar-fogo de quatro dias às 7h (2h em Brasília). Dez tailandeses e um filipino sequestrados no mesmo dia também foram soltos. No lado israelense, horas depois, 39 palestinos encarcerados no país ganharam a liberdade.
Ao vivo: acompanhe as últimas notícias do acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas
Veja os nomes: Israel recebe nova lista com o nome de 13 reféns que vão ser libertados pelo Hamas no sábado
Os reféns — todos mulheres e crianças — foram entregues à Cruz Vermelha ainda em Gaza e cruzaram a fronteira com o Egito, antes de seguirem para Israel, onde foram submetidos a avaliações médicas e reencontraram suas famílias. Uma nova rodada de trocas está prevista para acontecer neste sábado.
Em comunicado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que "o retorno dos reféns é um dos objetivos da guerra", e que seu governo "continuará comprometido em cumprir todos os objetivos da guerra, incluindo o retorno de todos" que foram sequestrados pelo Hamas.
Em nota, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), informou que iniciou na sexta uma "operação de vários dias para facilitar a libertação e a transferência de reféns mantidos em Gaza e de detidos palestinos para a Cisjordânia", acrescentando que "a operação incluirá a entrega de assistência humanitária adicional e muito necessária para Gaza".
Do outro lado: Conheça as histórias dos presos palestinos que foram libertados pelo acordo entre Israel e Hamas
Em declaração à imprensa, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o acordo que permitiu a libertação foi garantido graças à “intensa diplomacia” do país, que incluiu muitos telefonemas a lideranças regionais. Ele também deixou no ar a possibilidade de uma prorrogação da trégua.
— Hoje estamos agradecidos por ver as famílias se reunirem com seus entes queridos que foram mantidos reféns por quase 50 dias — disse Biden. — O acordo também foi estruturado para permitir uma pausa para a sequência [das libertações]. É nosso objetivo.
Um vídeo do Hamas mostrou o momento em que os reféns são entregues à Cruz Vermelha, ainda em Gaza. Médicos que prestam atendimento aos reféns disseram que eles estão em “boas condições clínicas” e que passariam por uma avaliação física e psicológica.
Saiba mais: Após avaliação médica, reféns libertados se reunirão com familiares em Israel após 49 dias de cativeiro
Os israelenses são uma parte dos 50 reféns que devem ser devolvidos a Israel nos próximos dias a partir da passagem egípcia de Rafah. Em troca, serão libertados 150 presos palestinos, que devem, em sua maioria, ir à Cisjordânia e a Jerusalém, e não Gaza.
O primeiro grupo de palestinos, composto por 39 pessoas, começou a ser libertado das prisões israelenses pouco depois da entrega dos reféns à Cruz Vermelha. Ao longo de todo o dia, houve confrontos entre parentes dos detentos e forças de segurança do lado de fora da prisão de Ofer, de onde saíram 33 deles em comboio rumo às suas casas. Segundo a agência Wafa, ao menos 31 pessoas ficaram feridas. Em Jerusalém Oriental — de onde foram libertados outros seis prisioneiros de uma prisão local — e em Beitunia houve celebração nas ruas, com direito a fogos de artifício e muitas bandeiras palestinas.
Segundo uma lista preliminar, os palestinos soltos são acusados de diversos tipos de crimes, desde tentativa de assassinato até atirar pedras contra militares israelenses. Antes da libertação, o Hamas reclamou que Israel não teria respeitado os termos do acordo ao incluir pessoas detidas no último ano, em vez de adotar apenas o critério de tempo de cárcere. Mas a queixa não parece ter afetado o processo. Uma das prisioneiras agora em liberdade, Marah Bakir, estava presa desde 2015, quando tinha 16 anos, e disse à al-Jazeera ter sofrido maus-tratos durante o cárcere. Ela agora está em casa com a família em Jerusalém.
50 dias de guerra: saiba o que é o conflito na voz de suas principais vítimas, os civis
Uma segunda rodada de troca de reféns, prevista para hoje, deve ocorrer, segundo a imprensa israelense, antes das 16h (11h em Brasília). Segundo o Canal 12, de Israel, devem ser incluídos 13 reféns, sendo a maior parte deles crianças — com isso, outros 39 palestinos devem ser libertados.
Antes da troca, as Forças Armadas de Israel enfatizaram ontem que a paralisação nos combates é um cessar-fogo, e não o fim da guerra contra o Hamas. Além das cerca de 240 pessoas feitas reféns, o grupo terrorista deixou 1,2 mil mortos, em sua maioria civis, no ataque de 7 de outubro. Do lado palestino, a retaliação israelense já deixou mais de 14 mil mortos até agora.
Na quinta-feira, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que, assim que a "curta" trégua temporária terminar após permitir a troca de 50 reféns mantidos pelo Hamas por 150 presos palestinos, a campanha militar será retomada "com intensidade" por ao menos mais dois meses.
— O que veremos nos próximos dias é a primeira libertação de reféns. Essa pausa será curta — disse Gallant aos soldados da unidade de comando Shayetet 13 da Marinha. — O que pedimos de vocês nessa pausa é que se organizem, fiquem de prontidão, se rearmem e se preparem para continuar.
O Hamas também fez uma ressalva similar, afirmando que "nossas mãos continuam no gatilho".
O cessar-fogo também permitiu a entrega de mais ajuda humanitária ao território palestino. Segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), 137 caminhões com alimentos, água, medicamentos e outros itens essenciais foram descarregados em Gaza ontem, a maior quantidade em um só dia desde o início da guerra. Outros 60 veículos foram liberados para seguir até o território palestino, e deveriam descarregar nas horas seguintes.
O Hamas disse na véspera que 200 caminhões transportando suprimentos de ajuda humanitária e quatro caminhões de combustível entrariam no território todos os dias durante a pausa de quatro dias. As autoridades israelenses não comentaram imediatamente. Antes da guerra, entre 300 e 500 caminhões entravam diariamente em Gaza, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras — boa parte com ajuda humanitária.
As agências internacionais afirmam que uma pausa de quatro dias é muito pouco tempo para lidar com a terrível situação no enclave, depois que Israel impôs um cerco quase total ao território palestino, restringindo severamente o fornecimento de alimentos, combustível e medicamentos, agravando um cenário que já é considerado catastrófico para seus 2,3 milhões de habitantes.
Muitos palestinos aproveitaram a trégua e rumaram para suas casas no norte, abandonado após um ultimato de Israel. Mas aviões de guerra israelenses sobrevoam a região, lançando panfletos com um aviso: "A guerra ainda não acabou. Regressar ao norte é proibido e muito perigoso!!!". Em terra, pessoas foram alvejadas por desobedecerem. Duas morreram e 11 ficaram feridas.
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