Internacional
Ilhas Malvinas: Milei quer retomar posse do arquipélago sob controle do Reino Unido
Novo presidente argentino tenta um acordo para as ilhas próximas a costa argentina, mas governo britânico não deve ceder
O líder do partido de direita radical A Liberdade Avança, Javier Milei, venceu Sergio Massa nas eleições argentinas no dia 19 de novembro. Com propostas descritas como "libertárias" e "anarcocapitalistas", o novo presidente quer promover a "competição livre de moedas" e a eliminação do Banco Central, além de privatizar de empresas estatais. Na política externa, Milei pretende modular a relação com os principais parceiros comerciais da Argentina e acredita que as ilhas Falkland, conhecidas como Malvinas, deveriam estar sob comando do seu país.
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A briga pelo arquipélago de quase 4 mil habitantes próximo da costa argentina não é de agora: registradas por um britânico em 1690 e colonizadas por franceses em 1764, as ilhas já foram disputadas dez vezes. A Argentina tentou estabelecer o comando das Malvinas duas vezes e, em 1982, o conflito do país contra a Grã-Bretanha ficou conhecido como a Guerra das Malvinas.
Buenos Aires chegou a ter posse do arquipélago por dois meses, mas, em julho de 1982, Londres recuperou o controle do pedaço que tinha desde 1833. A Guerra das Malvinas resultou na morte de 649 militares argentinos e 255 britânicos, além de 3 civis residentes nas ilhas. Até hoje, a Argentina não digeriu a derrota para o país europeu.
Na época do conflito, Javier Milei tinha 11 anos e lembra de assistir pela televisão ao general e presidente Leopoldo Galtieri anunciar o desembarque de tropas argentinas nas ilhas Falklands, que estavam sob o comando do Reino Unido. O novo presidente argentino afirma ter dito ao pai na época que a decisão do governo militar lhe parecia um "delírio", pela desigualdade de forças entre os exércitos.
Durante a campanha, Milei disse ao La Nación que os argentinos perderam a guerra e a população precisa fazer "todos os esforços para recuperar as ilhas pelos canais diplomáticos". O presidente argentino, no entanto, não poupou elogios à primeira-ministra britânica que comandou a guerra de 1982, Margareth Tatcher, e chegou a dizer que ela era a sua "ídola".
— Óbvio que eu vou defender as Malvinas —, concluiu Milei.
O argentino flerta com a possibilidade de uma negociação que remonta ao processo de paz em curso por 16 anos antes da guerra. O tratado foi baseado na ONU e colocou em pauta temas como a autonomia para os moradores das Malvinas e uma cessão de longo prazo do território para Buenos Aires. Mas, com o posicionamento primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, o sucesso de Milei no tema parece improvável.
Nesta segunda-feira, o porta-voz afirmou que seu governo felicita Javier Milei pela vitória nas eleições argentinas, mas lembra que a disputa entre os dois países pela soberania das Ilhas Malvinas "é uma questão resolvida".
— Não vi os comentários mais recentes sobre isso. Acho que [Milei] levantou vários pontos diferentes sobre isso durante a campanha. Da nossa parte, é obviamente uma questão que está resolvida há algum tempo. Não há planos para rever isso. A posição das Ilhas Malvinas está resolvida há algum tempo e não vai mudar — disse Sunak à imprensa britânica.
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