Internacional
Líder de sindicato aeronáutico da Argentina reage a plano de privatizações de Milei: ‘Ele terá de nos matar'
Presidente eleito confirma intenção de privatizar empresas como a companhia aérea Aerolíneas Argentinas; iniciativas deverão passar pelo Congresso
Antes mesmo de assumir o poder, em 10 de dezembro, o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, já enfrenta ameaças de sindicatos, que resistem ao seu plano de privatizar empresas públicas. Em entrevista a uma rádio local, o presidente da Associação de Pilotos de Companhias Aéreas (APLA, na sigla em espanhol), Pablo Biró, disse que Milei terá de “nos matar e nos carregar mortos” se quiser se livrar da empresa.
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A Aerolíneas Argentinas foi privatizada no governo do peronista de direita Carlos Menem (1989-1999) e recuperada pelo Estado nos governos de Cristina Kirchner (2007-2015). Neste caso, a empresa não foi expropriada, como aconteceu com 51% das ações da companhia petrolífera YPF — que Milei prometeu privatizar. O governo de Cristina não renovou a concessão da Aerolíneas Argentinas e, assim, a companhia voltou a ser controlada pelo Estado.
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Durante a campanha e já como presidente eleito, Milei afirmou que seu plano é entregar a empresa aos trabalhadores, o que significaria, em palavras de Biró, assinar o “certificado de óbito” da Aerolíneas.
— Sem financiamento do Estado, a Aerolíneas não tem como funcionar. Fazemos 320 voos por dia, e cada voo custa US$ 20 mil — explicou o sindicalista, que antecipou a decisão de seu sindicato de resistir aos planos do presidente eleito. — O que Milei disse é similar a ter uma arma apontada pra nossa cabeça — declarou Biró.
Para o presidente eleito, o governo de Menem, que privatizou mais de 100 empresas estatais, foi o melhor da História da Argentina. Mas a grande diferença entre Menem e Milei é que o peronista tinha amplos acordos no Congresso, que lhe garantiram a aprovação de leis que permitiram a implementação de profundas reformas, entre elas as privatizações.
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Já Milei terá a terceira minoria no Congresso, e não tem garantido os apoios necessários para aplicar as medidas que anunciou. Todas as propostas de privatização deverão passar pelo Congresso e para serem aprovadas precisarão de maioria simples. Empresas estatais podem ser privatizadas — ou expropriadas — por lei, ou por concessões a privados. Se for por lei, deve ser aprovado no Parlamento.
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