Internacional
Ex-prefeito na África do Sul mostra fuzil em apoio ao Hamas no dia que Parlamento pede corte de laços com Israel
Thapelo Amad apagou a publicação depois de críticas nas redes sociais; relações entre os dois países se deterioraram rapidamente desde o início da guerra
O ex-prefeito da maior cidade da África do Sul causou polêmica dentro e (especialmente) fora do país depois de fazer uma publicação em apoio ao Hamas, usando, além de palavras, um rifle e uma bandeira do grupo terrorista. A postagem, já apagada, foi feita no mesmo dia em que o Parlamento votou uma moção pedindo o corte das relações com Israel, e o fechamento da embaixada em Pretória.
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Thapelo Amad, que comandou a cidade por algumas semanas entre janeiro e abril deste ano (ele renunciou antes de um voto de não confiança no Legislativo local), foi o primeiro muçulmano a ocupar o cargo, e vem publicando palavras de apoio aos palestinos desde o início da guerra em Gaza. Algumas mensagens anteriores trazem frases de violência explícita contra "israelenses sionistas", mas na publicação desta terça-feira ele aparece com um rifle e uma bandera do Hamas em punho, dizendo que "nós estamos com o Hamas". A publicação foi apagada pouco depois.
— Essa é uma demonstração desprezível de apoio a uma organização terrorista. Me deixa enjoado. É antissemitismo do pior tipo — disse ao Times of Israel o porta-voz da Chancelaria israelense, Lior Haiat.
Embora as relações com Israel tenham sido marcadas pela cordialidade nas últimas décadas, autoridades da África do Sul, especialmente as que têm em Nelson Mandela uma base política, têm adotado posições abertamente pró-Palestina, incluindo alegações de que os palestinos são mantidos em um sistema similar ao do Apartheid sul-africano.
— Para muitos sul-africanos, a narrativa da luta do povo palestino evoca experiências de nossa própria história de segregação racial e opressão — declarou, em 2022, a chanceler Naledi Pandor.
Com o início da guerra entre Israel e Hamas, o discurso na África do Sul ganhou tons de críticas ainda mais fortes. Na semana passada, o presidente Cyril Ramaphosa fez um pedido ao Tribunal Penal Internacional para que investigue possíveis crimes de guerra cometidos pelos israelenses em Gaza, afirmando que o território "virou um campo de concentração onde um genocídio está ocorrendo". Dias antes, o governo sul-africano já havia convocado seu embaixador em Jerusalém para consultas.
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Nesta terça, a crise diplomática ganhou mais um capítulo, quando o Parlamento aprovou, por 248 votos a 91, uma moção pedindo o fechamento da embaixada de Israel em Pretória e o corte de todos os laços diplomáticos com o país. Pouco antes da votação, o embaixador israelense no país foi chamado de volta para consultas.
— Não importa nossas diferenças, quando o assunto é a humanidade nós precisamos proteger os direitos humanos de todos os seres humanos ao redor do mundo — disse o líder do Combatentes da Liberdade Econômica, Julius Malema, citado pela SABC.
Para ser adotada, a moção precisa do aval do presidente Ramaphosa. Nesta terça, ele liderou uma reunião virtual dos Brics, repetindo as acusações de que Israel está cometendo um genocídio em Gaza, e de que o país está cometendo crimes de guerra. Ele defendeu um cessar-fogo imediato, a retomada do envio de ajuda humanitária, o estabelecimento de uma força de paz da ONU e investigações do Tribunal Penal Internacional sobre possíveis crimes de guerra.
— Como países, de maneira individual nós demonstramos nossa grave preocupação com a morte e a destruição em Gaza — disse Ramaphosa, em seu discurso de abertura. — Que esse encontro seja um chamado para que combinemos nossos esforços e fortaleçamos nossas ações para pôr um fim a essa injustiça histórica.
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