Política
Desafios da esquerda: descompasso entre votação de Lula e projeções em Maceió, Arapiraca e Palmeira
Apesar do forte apoio popular ao ex-presidente Lula nas eleições de 2022, com razoáveis 58,68% dos votos em Alagoas, a esquerda enfrenta um cenário desafiador no estado para as eleições municipais de 2024. A situação em cidades-chave como Maceió, Arapiraca e Palmeira dos Índios ilustra um panorama de divisões, fragilidades e a iminente possibilidade de resultados modestos para os partidos de esquerda.
Em 2022, O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu em 89 dos 102 municípios de Alagoas. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve mais votos que o petista em Maceió e outras 12 cidades, registrando ao todo 41,32% dos votos válidos.
Maceió: PT dividido e esquerda fragmentada
Em Maceió, a esquerda não conseguiu superar a votação dos conservadores em 2022. Na capital alagoana, Bolsonaro teve 273.549 votos (57,18%) e Lula, 204.887 votos (42,82%).
Em que pese a derrota nas urnas na capital, para 2024 em Maceió, a capital alagoana, o Partido dos Trabalhadores (PT) se encontrava em uma encruzilhada, com divisões internas que ameaçam sua força política. Era uma disputa de egos, pelo poder que supostamente acreditam que possuem. A falta de unidade não só enfraquece o partido na capital, mas também afeta a capacidade de formar alianças eficazes com outros grupos de esquerda. Essa fragmentação posiciona a esquerda mais como uma força coadjuvante do que como um protagonista nas próximas eleições municipais.
Não obstante o PT ter decidido pelo nome do deputado Ronaldo Medeiros como pré-candidato, a sigla permanece rachada, segundo conta membros da própria agremiação, fato que enfraquece qualquer disputa.
Arapiraca: Luta por representatividade
A segunda maior cidade de Alagoas, Arapiraca, apresenta um cenário igualmente complicado para a esquerda.
Lula (PT) foi o candidato mais votado para a Presidência da República em Arapiraca em 2022. Ele recebeu 61.009 votos, o equivalente a 52,74% do total da cidade. Já Jair Bolsonaro (PL) foi a escolha de 47,26% dos eleitores e recebeu 54.674 votos. Uma eleição, digamos, apertada.
Agora a luta para assegurar ao menos uma cadeira na câmara municipal reflete as dificuldades enfrentadas pelos partidos de esquerda na região. Com pouca visibilidade e influência, a esquerda em Arapiraca terá que superar obstáculos significativos para alcançar êxito eleitoral.
O grande destaque poderá ser a Secretária de Cultura Marilia Albuquerque, filha do desembargador Tutmés Ayran. Outros nomes como Joaozinho Braúna, presidente do partido em Arapiraca; Bruno Euclydes, capitão da PM e que já foi presidente do ASA (hoje faz parte da diretoria do ASA), Rilda Maria Alves, presidente da CUT em Arapiraca, e Geraldo Balbino, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arapiraca comporão a chapa.
Palmeira dos Índios: a esquerda à margem
Em Palmeira dos Índios, a situação é ainda mais crítica para a esquerda mesmo que na eleição de 2022 Lula ter sido o candidato mais votado para a Presidência da República em Palmeira dos Índios com 23.869 votos, o equivalente a 63,93% do total da cidade. Já Jair Bolsonaro (PL) foi a escolha de 36,07% dos eleitores e recebeu 13.468 votos.
Uma diferença grande de votos, da esquerda sobre a direita, mas que não se transfere para as eleições de 2024.
Com uma presença simplória e sem representantes competitivos tanto para a prefeitura quanto para a Câmara Municipal, a esquerda corre o risco de perder seu único assento no legislativo local. Esta ausência de figuras políticas fortes e influentes coloca em xeque a relevância dos partidos de esquerda na cidade.
Recentemente o diretório regional do partido, após a impossibilidade de avanço nas pesquisas da vereadora Sheila Duarte para a majoritária, teria sido instado por políticos profissionais a lançar um candidato laranja estranho à legenda e introduzir no partido vereadores, que nunca se afinaram com a “filosofia petista” para garantir a eleição proporcional desses candidatos. Uma faca de dois gumes para atual vereadora petista, que pode sucumbir diante dos que desejam ingressar na sigla apenas com o intuito eleitoreiro.
Causas do descompasso
Essa discrepância entre o apoio estadual ao ex-presidente Lula e as projeções locais para a esquerda em Alagoas em 2024 levanta questionamentos sobre as estratégias e a organização dos partidos. Fatores como a falta de unidade interna, a dificuldade em estabelecer conexões com o eleitorado local e a ausência de lideranças carismáticas e eficazes parecem contribuir para esse cenário desfavorável.
O panorama para a esquerda em Alagoas para as eleições de 2024 é um reflexo dos desafios enfrentados pelos partidos em estabelecer uma base sólida e coesa em nível municipal. A situação em Maceió, Arapiraca e Palmeira dos Índios demonstra a necessidade urgente de revisão de estratégias e fortalecimento de lideranças. Para reverter esse quadro, a esquerda alagoana precisará de uma reformulação significativa em suas abordagens políticas e organizacionais.
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