Política

Desafios da esquerda: descompasso entre votação de Lula e projeções em Maceió, Arapiraca e Palmeira

Redação 20/11/2023
Desafios da esquerda: descompasso entre votação de Lula e projeções em Maceió, Arapiraca e Palmeira

Apesar do forte apoio popular ao ex-presidente Lula nas eleições de 2022, com razoáveis 58,68% dos votos em Alagoas, a esquerda enfrenta um cenário desafiador no estado para as eleições municipais de 2024. A situação em cidades-chave como Maceió, Arapiraca e Palmeira dos Índios ilustra um panorama de divisões, fragilidades e a iminente possibilidade de resultados modestos para os partidos de esquerda.
Em 2022, O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu em 89 dos 102 municípios de Alagoas. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve mais votos que o petista em Maceió e outras 12 cidades, registrando ao todo 41,32% dos votos válidos.

Ronaldo Medeiros ainda enfrenta resistência de setores derrotados do PT
Ronaldo Medeiros ainda enfrenta resistência de setores derrotados do PT

Maceió: PT dividido e esquerda fragmentada
Em Maceió, a esquerda não conseguiu superar a votação dos conservadores em 2022. Na capital alagoana, Bolsonaro teve 273.549 votos (57,18%) e Lula, 204.887 votos (42,82%).

Em que pese a derrota nas urnas na capital, para 2024 em Maceió, a capital alagoana, o Partido dos Trabalhadores (PT) se encontrava em uma encruzilhada, com divisões internas que ameaçam sua força política. Era uma disputa de egos, pelo poder que supostamente acreditam que possuem. A falta de unidade não só enfraquece o partido na capital, mas também afeta a capacidade de formar alianças eficazes com outros grupos de esquerda. Essa fragmentação posiciona a esquerda mais como uma força coadjuvante do que como um protagonista nas próximas eleições municipais.
Não obstante o PT ter decidido pelo nome do deputado Ronaldo Medeiros como pré-candidato, a sigla permanece rachada, segundo conta membros da própria agremiação, fato que enfraquece qualquer disputa.

Marília Albuquerque deverá enfrentar as urnas em Arapiraca
Marília Albuquerque deverá enfrentar as urnas em Arapiraca


Arapiraca: Luta por representatividade

A segunda maior cidade de Alagoas, Arapiraca, apresenta um cenário igualmente complicado para a esquerda.
Lula (PT) foi o candidato mais votado para a Presidência da República em Arapiraca em 2022. Ele recebeu 61.009 votos, o equivalente a 52,74% do total da cidade. Já Jair Bolsonaro (PL) foi a escolha de 47,26% dos eleitores e recebeu 54.674 votos. Uma eleição, digamos, apertada.

Agora a luta para assegurar ao menos uma cadeira na câmara municipal reflete as dificuldades enfrentadas pelos partidos de esquerda na região. Com pouca visibilidade e influência, a esquerda em Arapiraca terá que superar obstáculos significativos para alcançar êxito eleitoral.
O grande destaque poderá ser a Secretária de Cultura Marilia Albuquerque, filha do desembargador Tutmés Ayran. Outros nomes como Joaozinho Braúna, presidente do partido em Arapiraca; Bruno Euclydes, capitão da PM e que já foi presidente do ASA (hoje faz parte da diretoria do ASA), Rilda Maria Alves, presidente da CUT em Arapiraca, e Geraldo Balbino, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arapiraca comporão a chapa.

O PT  de Sheila Duarte corre risco de perder o assento na Câmara em Palmeira
O PT de Sheila Duarte corre risco de perder o assento na Câmara em Palmeira




Palmeira dos Índios: a esquerda à margem

Em Palmeira dos Índios, a situação é ainda mais crítica para a esquerda mesmo que na eleição de 2022 Lula ter sido o candidato mais votado para a Presidência da República em Palmeira dos Índios com 23.869 votos, o equivalente a 63,93% do total da cidade. Já Jair Bolsonaro (PL) foi a escolha de 36,07% dos eleitores e recebeu 13.468 votos.
Uma diferença grande de votos, da esquerda sobre a direita, mas que não se transfere para as eleições de 2024.
Com uma presença simplória e sem representantes competitivos tanto para a prefeitura quanto para a Câmara Municipal, a esquerda corre o risco de perder seu único assento no legislativo local. Esta ausência de figuras políticas fortes e influentes coloca em xeque a relevância dos partidos de esquerda na cidade.
Recentemente o diretório regional do partido, após a impossibilidade de avanço nas pesquisas da vereadora Sheila Duarte para a majoritária, teria sido instado por políticos profissionais a lançar um candidato laranja estranho à legenda e introduzir no partido vereadores, que nunca se afinaram com a “filosofia petista” para garantir a eleição proporcional desses candidatos. Uma faca de dois gumes para atual vereadora petista, que pode sucumbir diante dos que desejam ingressar na sigla apenas com o intuito eleitoreiro.

Causas do descompasso
Essa discrepância entre o apoio estadual ao ex-presidente Lula e as projeções locais para a esquerda em Alagoas em 2024 levanta questionamentos sobre as estratégias e a organização dos partidos. Fatores como a falta de unidade interna, a dificuldade em estabelecer conexões com o eleitorado local e a ausência de lideranças carismáticas e eficazes parecem contribuir para esse cenário desfavorável.

O panorama para a esquerda em Alagoas para as eleições de 2024 é um reflexo dos desafios enfrentados pelos partidos em estabelecer uma base sólida e coesa em nível municipal. A situação em Maceió, Arapiraca e Palmeira dos Índios demonstra a necessidade urgente de revisão de estratégias e fortalecimento de lideranças. Para reverter esse quadro, a esquerda alagoana precisará de uma reformulação significativa em suas abordagens políticas e organizacionais.