Internacional
Candidatos a vice de Milei e Massa refletem disputa sobre memória da ditadura argentina
Villarruel considera que país viveu guerra, enquanto Rossi corrobora consenso histórico de que Argentina foi palco de uma das ditaduras mais violentas da América Latina

O principal tema de debate entre os candidatos a vice-presidente da eleição argentina, o peronista Agustín Rossi, atual chefe de Gabinete, e a advogada Victoria Villarruel, do partido A Liberdade Avança, foi a última ditadura (1976-1983). Rossi foi ministro da Defesa no governo da vice-presidente Cristina Kirchner, e a companheira de chapa de Javier Milei é fundadora de uma associação que defende as vítimas do que chamam de atentados terroristas durante os anos de chumbo.
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As posições de ambos sobre o que se viveu na Argentina nos anos 70 e 80 é diametralmente oposta. Nos debates que participaram durante a campanha, as diferenças foram notórias e irreconciliáveis: para Villarruel — posição negacionista compartilhada por Milei — o país foi cenário de uma guerra, na qual um dos lados cometeu excessos, enquanto Rossi corrobora o consenso histórico de que a Argentina viveu uma das ditaduras mais violentas da América Latina.
Neste domingo, Villarruel votou numa escola no bairro de Caseros, na Grande Buenos Aires, e foi alvo de um protesto organizado por associações de defesa dos direitos humanos, que expôs cartazes sobre os 30 mil desaparecidos durante os anos de chumbo. O número, emblemático da luta de ONGs locais, entre elas as Mães e Avós da Praça de Maio, é rechaçado pela candidata a vice de Milei.
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— Lamento que neste momento, que deveria ser de tranquilidade para os moradores deste bairro, termine sendo exposta uma visão política de um setor minoritário da sociedade — declarou Villarriel.
Durante um dos debates que teve com Rossi, o candidato a vice de Sergio Massa perguntou à sua adversária por que tinha visitado o ex-ditador Jorge Rafael Videla e se estava de acordo com as violações dos direitos humanos cometidas — julgadas e condenadas — pelos militares durante a ditadura. Villarruel argumentou que tinha visitado Videla como parte de uma pesquisa para escrever um livro, e evitou respondeu a pergunta sobre as violações dos direitos humanos.
Na Argentina, os vice-presidente não têm um papel relevante nos governos, com exceção de figuras como Cristina, que, sabe-se, participou — e definiu — das principais decisões adotadas durante o mandato de Alberto Fernández.
O sucessor ou sucessora da atual vice-presidente poderá ser uma figura pouco conhecida como Rossi, escolhido como parte de uma negociação entre Fernández e Massa, que terá escasso protagonismo num eventual governo peronista. Ou, em caso de vitória de Milei, uma mulher combativa e de presença dominante como Villarruel, que pretende comandar as pastas relacionadas a temas de Defesa e Segurança, e, sobretudo, em suas próprias palavras, "contar a parte da história que o kirchnerismo escondeu até hoje".
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