Geral

Cólica menstrual: o que é, causas, sintomas e tratamentos

Chamada cientificamente de dismenorreia, a cólica possui estágios primário (mais comum) e secundário, quando os desconfortos são fortes e pode estar associados a doenças no sistema reprodutivo

Agência O Globo - 18/11/2023
Cólica menstrual: o que é, causas, sintomas e tratamentos

A cólica menstrual, chamada cientificamente de dismenorreia, é caracterizada por uma dor no “pé da barriga” durante a menstruação, e pode vir acompanhada de náusea, diarreia e dor de cabeça. De acordo com dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o sintoma afeta aproximadamente 50% das mulheres em idade reprodutiva, sendo que 10% delas apresentam desconfortos tão fortes que as impossibilitam de realizar atividades cotidianas.

O que é a cólica menstrual?

As cólicas menstruais estão associadas ao aumento dos níveis de prostaglandinas no organismo, substâncias químicas que fazem os músculos uterinos se contraírem e relaxarem, provocando cólica, para expulsar o endométrio durante a menstruação. As diferentes intensidades do sintoma podem aparecer logo quando as mulheres começam a menstruar, ainda quando adolescentes, ou quando já estão mais maduras.

Quais são os tipos de cólica menstrual?

Dismenorreia primária

O tipo mais comum de dor menstrual é a dismenorreia primária, que tem como causa principal o excesso de prostaglandinas no útero. A dor pode começar um ou dois dias antes do ciclo menstrual e, normalmente, costuma continuar por cerca de três dias após o seu início, momento em que o fluxo de sangue é maior.

Segundo a ginecologista do Grupo Fleury Maria Cristina Meniconi, há mulheres que sentem desconforto em todo o ciclo e, neste caso, é recomendado buscar orientação médica e evitar automedicação. Anticoncepcional pode ser indicado, pois reduz o volume da menstruação, mas precisa ser receitado pelo profissional.

Dismenorreia secundária

Já a dismenorreia secundária causa dores mais intensas. Suas causas podem ser explicadas por alterações como a endometriose, os miomas uterinos, os cistos de ovário e infecções, entre outros. Esse tipo de cólica comumente começa na idade adulta e tem caráter hereditário.

O que é a endometriose?

A endometriose é uma doença inflamatória com diagnóstico demorado, principalmente porque os primeiros sintomas são encarados como algo natural para muitas mulheres. Todos os meses, o endométrio (tecido que reveste a parte interna do útero) se espessa para que possa receber um óvulo fecundado.

Quando a mulher não engravida, esse tecido descama e é descartado na menstruação, junto com sangue. No entanto, em certas situações este tecido não é totalmente eliminado, volta pelas trompas, e se aloja nos ovários, intestino e bexiga, gerando, então, a endometriose.

Quais são os sintomas da endometriose?

Meniconi aponta que dores fortes ou que não cessam com remédios durante a menstruação devem ser investigadas junto a um ginecologista, através de exames de ultrassom com preparo intestinal ou ressonância magnética.

Como é o tratamento para a endometriose?

Segundo ela, a paciente diagnosticada com a patologia deve ainda fazer acompanhamento médico a cada três meses, pois, na maioria das vezes, o caso é tratado com medicamentos anti-inflamatórios.

Em alguns casos, é possível que o ginecologista opte por suspender a menstruação, com anticoncepcional de uso contínuo ou dispositivos intrauterinos (DIUs), ou ainda realizar tratamento cirúrgico. Meniconi explica que a ação de menstruar não é prejudicial, desde que feita com acompanhamento médico. O tratamento irregular pode fazer com que a endometriose volte.

O que é bom para aliviar a cólica menstrual?

A ginecologista Maria Cristina Meniconi aponta quatro maneiras de amenizar a cólica:

Compressas quentes: Colocar uma bolsa de água quente na região abdominal é uma alternativa para amenizar a dor. O calor provoca a dilatação dos vasos sanguíneos, levando à diminuição da dor.

Exercícios físicos: Praticar atividades físicas de baixa intensidade pode ser bastante positivo. Aposte em alongamento, yoga, caminhada ou andar de bicicleta.

Antiespasmódicos: Antiespasmódicos são remédios que inibem a motilidade da musculatura visceral. O efeito produzido é o de prevenir a ocorrência de espasmos no estômago, intestino, útero ou bexiga. A ginecologista aponta que esses remédios podem ser encontrados em farmácias e comprados sem receita médica, no entanto alerta para as dosagens em quantidades elevadas. O ideal é que sejam tomados remédios habituais, em pequenas doses e respeitando o espaço de tempo indicado na bula. Caso a cólica permaneça, é indicado marcar uma consulta para que o profissional avalie o caso. Anticoncepcionais apenas com recomendação médica.

Consulta ginecológica regular: É preciso ir ao ginecologista pelo menos uma vez no ano, para realizar todos os exames de acordo com a faixa etária da mulher.

Como diferenciar os tipos de cólica?

Se a sua menstruação ainda está longe de chegar, mas você apresenta sinais de cólica, é possível que seja o mesmo sintoma associado a diferentes estímulos do organismo. Outros exemplos de cólica são:

Cólica intestinal

A cólica intestinal é uma dor de leve a moderada que acontece no “pé da barriga” ou difusamente pelo abdome, provocando incômodos. Sucede, em grande parte dos casos, por alimentação inadequada, gases intestinais e baixa ingestão de fibras. Mas, além desses fatores, o problema também surge em função de doenças e infecções, ou pode ser o sintoma isolado de alguma patologia no intestino.

Cólica renal

A cólica renal é uma dor muito intensa que surge repentinamente na região lombar de um dos lados e pode irradiar para abdome, testículos e para vagina. Normalmente é associada a náuseas e vômitos. O sintoma significa que um cálculo está obstruindo o trânsito da urina dos rins para a bexiga. Isto gera acúmulo de urina no rim, aumento de pressão e consequente dor intensa. Habitualmente é necessária a ida ao pronto-atendimento para analgesia e controle da dor.

Fontes: Ginecologista Maria Cristina Meniconi, do Grupo Fleury; Ministério da Saúde; Hospital Sírio-Libanês; Farmacêutica Pfizer; Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).