Variedades
Doadora de rins, viúva, pedagoga; conheça participantes de evento que reúne concurso de Miss Plus Size e Senhoras do Calendário no Rio
Mulheres mostram o poder da aceitação e da inclusão em reunião idealizada pelo produtor Eduardo Araúju no Teatro Rival

"Tempo, tempo, tempo, tempo, és um dos deuses mais lindos”, canta Caetano Veloso em “Oração ao tempo”. A música poderia ser trilha sonora do evento que acontece neste sábado à noite, a partir das 20h, no Teatro Rival. Lá, ocorre a premiação do concurso Miss Plus Size Nacional e o lançamento do projeto “Senhoras do Calendário 2024”, com 12 mulheres mais experientes posando de lingerie, cada uma representando um mês do ano. São mais de 30 mulheres mostrando o poder da aceitação e da inclusão. O evento, idealizado pelo produtor Eduardo Araúju, celebra a diversidade de corpos, combate o preconceito e reúne uma série de histórias inspiradoras (confira algumas abaixo).
Uma das representantes do Rio na disputa Plus Size é Gilsane Muniz. Mãe de um menino com paralisia cerebral de 7 anos, a maquiadora, de 32, virou modelo e influenciadora após participar de um concurso em Magé, onde mora.
— Sempre fui gorda. Foi difícil na adolescência porque sofria bullying, tinha apelidos, ouvia piadinhas. Aceitar meu corpo e me achar bonita da maneira que eu sou aconteceu só a partir dos 20 anos. Depois de ser finalista deste concurso na minha cidade, passei a usar meu Instagram para falar sobre aceitação e mostrar que toda mulher é linda a seu modo — compartilha Gilsane.
Já representando as Senhoras do Calendário, Dayse Brasil, aos 69 anos, é uma verdadeira sobrevivente. Durante a pandemia, ela enfrentou a perda do marido por Covid-19, complicações de saúde decorrentes da mesma doença e até mesmo um episódio de invasão em casa. Porém, criou sua marca de chapéus customizados e se reinventou.
— Foi cruel, perdi quase tudo. Mas hoje eu sei que ganhei experiência, mais vontade de viver e de mostrar que Deus me botou nesse mundo para me refazer — afirma Dayse, que segue solteira: — Eu recebo cantadas, mas sou seletiva. Estou viúva, solteira e feliz. Ter alguém igual ao meu marido vai ser difícil, mas, se um dia Deus me der um novo amor, estarei com o coração aberto. Não me sinto velha. Sou uma jovem que deu certo.
Depois de dedicar-se à criação das filhas, doar o rim para uma delas e enfrentar um divórcio, Vida Pinheiro, de 70 anos, também encontrou na carreira de modelo uma forma de se reinventar.
— Minhas filhas e minha neta me dão apoio total. Elas, inclusive, até usam as minhas roupas! Sinal de que não estou tão antiquada (risos) — diverte-se Vida, que veste de tudo: — Sei que 70 anos não são 20, mas uso short, top, maiô... Por que não? Fiquei um tempo sem usar biquíni por conta da operação para doar o rim para minha filha, que me deixou com uma grande cicatriz. Depois me dei conta de que eu não tinha que ter vergonha porque eu doei vida para alguém. Um dia, uma pessoa me abordou e perguntou se eu tinha tomado uma “peixeirada” na barriga. Eu respondi que foi a facada mais feliz da minha vida.
Sonho de ser miss aconteceu
Agora Senhora do Calendário, a pedagoga Wal Pascoa, cearense, de 50 anos, enfrentou a artrite reumatoide e depois ganhou várias faixas de Miss Plus Size.
— Ser miss era um sonho de infância impossível de realizar, pois sempre fui gorda. Quando percebi que na passarela estavam mulheres como eu, meu coração pulou de alegria. Após dois anos, troquei a sandália ortopédica pelo salto e em 2018 desfilei pela primeira vez — conta ela.
Mãe e candidata a Miss
Gilsane Muniz compartilha como equilibra a maternidade com sua carreira de modelo plus size. No seu Instagram, ela mostra sua rotina e como transforma experiências desafiadoras em empoderamento.
— Para eu me dedicar à final do concurso, meu marido ficou com meu filho. Estou há dois dias sem vê-lo e é a primeira vez que fico tanto tempo longe. Tento conciliar meu trabalho com meu filho e busco fazer as minhas coisas no horário em que ele está na escola. Sou maquiadora, mas atualmente o meu trabalho é mais pelo Instagram, sendo modelo. Independentemente de ser mãe, ainda sou uma mulher.
Autoestima lá em cima
Posando no calendário há 18 anos, Dayse Brasil destaca a importância da autoestima na maturidade.
— Todo dia eu olho para o espelho e pergunto: ‘Espelho, espelho meu, existe uma mulher mais linda do que eu?’. Se ele disser que tem, eu quebro ele todinho (risos) — brinca ela, que revela: — No começo, minha filha tinha ciúme de me ver posar no calendário, mas hoje ela se orgulha de mim. Tem mulher que aos 40 acha que não é mais nada. Eu vou fazer 70 e tô aqui em cima do salto.
Negra e sambista
Representante do Rio Grande do Sul no Miss Plus Size, Cintia Kalata, de 40 anos, é negra, carnavalesca, sambista e um símbolo da pluralidade da beleza brasileira.
— No mês da Consciência Negra, é muito significativo que a representante do Rio Grande do Sul no concurso Miss Plus Size Nacional seja uma mulher negra — diz ela, que concorre na categoria Curvy, para mulheres de manequim até 44, fora do padrão das misses tradicionais (até 38).
Dez anos no calendário
Vida Pinheiro passou por poucas e boas antes de virar modelo e posar para o calendário mais de dez vezes.
— Com 25 anos de casada, eu me separei, minha filha engravidou sem programar e a outra filha se tornou uma doente renal crônica. Depois que baixou a poeira, percebi que estava cicatrizada. Já namorei, mas acho que certas coisas a gente vive uma vez na vida. Casar é uma delas. A experiência valeu, mas acho que deu.
Modelo pernambucana
Aos 35 anos, Amanda Ramos é casada, mãe de quatro filhos e representante de Pernambuco no concurso.
— Moro na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, onde tem o maior polo de confecção da América Latina. Trabalho como modelo plus size desde o período da pandemia quando muitas marcas se reinventaram para alavancar as vendas e alcançar mais lojistas e atacadistas on-line — conta ela, que acrescenta: — Sou uma mulher gorda e saudável física e psicologicamente. Eu me amo, me aceito e vivo para inspirar mulheres a experimentar uma realidade sem máscaras.
Mais lidas
-
1PALMEIRA DE LUTO
Luto na Medicina: Morre o cardiologista Dr. José Cícero Cavalcante, referência em Palmeira dos Índios
-
2EDUCAÇÃO EM BAIXA
Palmeira dos Índios está entre os 27 municípios de Alagoas que podem perder complementação do Fundeb em 2026
-
3CRIME
Taxista de São Sebastião é encontrado morto ao lado de carro incendiado em Coruripe
-
4OPERAÇÃO POLICIAL
“Coroa Tito”, líder do Comando Vermelho em Alagoas, morre em confronto com a PM em São Miguel dos Milagres
-
5
Aos 75 anos Ney Mato Grosso posa sem camisa em ensaio ao lado de jovem rapper