Internacional
Guerra entre Israel e Hamas desacelera entrega de munição à Ucrânia, diz Zelensky
Eclosão do conflito no Oriente Médio levantou questões sobre a capacidade dos aliados de manter o foco no apoio à Ucrânia, onde uma contraofensiva de meses fez pouco progresso na retomada do território ocupado
A guerra entre Israel e o movimento palestino armado Hamas desacelerou as entregas de munição para a Ucrânia, declarou o presidente Volodymyr Zelensky na quinta-feira para um grupo de veículos de mídia em Kiev. A restrição no envio de projéteis de artilharia prejudica o esforço de guerra ucraniano à medida que a contraofensiva contra a Rússia fica paralisada.
— No Oriente Médio, o que você acha que eles começaram a comprar primeiro? Os [projéteis] de calibre 155. Nosso abastecimento diminuiu — garantiu o dirigente ucraniano.
A eclosão do conflito no Oriente Médio levantou questões sobre a capacidade dos aliados de manter o foco no apoio à Ucrânia, onde uma contraofensiva de meses fez pouco progresso na retomada do território ocupado. Israel, que conta com o apoio militar dos EUA, bombardeia diariamente a Faixa de Gaza desde o ataque cometido pelos combatentes do Hamas contra seu território em 7 de outubro.
Zelensky passou a semana assegurando aos aliados que suas forças armadas estão se preparando para lutar durante o inverno, à medida que as temperaturas gélidas começam a se aproximar da nação devastada pela guerra em seu 21º mês de conflito.
— Agora estou concentrado em obter ajuda do Ocidente — disse Zelensky. — [Seu] foco está mudando por causa do Oriente Médio e por outros motivos. Sem o apoio, vamos retroceder.
Entregas interrompidas
Uma delegação de Kiev visitou Washington esta semana, mas as autoridades dos EUA têm sinalizado que as entregas estão sendo interrompidas, citando atrasos no financiamento. O Pentágono disse este mês que a diminuição dos fundos significava uma restrição dos fluxos de assistência militar às forças ucranianas. A Câmara, por sua vez, aprovou um projeto de financiamento que não inclui ajuda à Ucrânia em meio à resistência dos republicanos.
O governo do presidente Joe Biden pediu ao Congresso que rompesse o impasse e aprovasse um pedido de US$ 61,4 bilhões em fundos para o país. O líder americanos e seus colegas da UE prometeram continuar seu apoio, com fornecimento de armas e assistência financeira. Mas a campanha contra as forças russas, que começou no verão com a esperança de dividir os mais de 400 mil soldados russos em território ucraniano, teve pouco progresso.
— Não é como se os Estados Unidos tivessem dito: "Não vamos dar nada para a Ucrânia". Não, temos relações sérias e muito fortes — disse Zelensky. — É normal, todo o mundo luta para sobreviver. Não digo que é algo positivo, mas assim é a vida e devemos defender o que é nosso.
Tanto Moscou como Kiev têm se esforçado para manter suas reservas de artilharia após quase dois anos da guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia.
A Coreia do Sul afirmou que a Coreia do Norte, aliada da Rússia, enviou um milhão de projéteis de artilharia para Moscou para apoiar sua ofensiva em território ucraniano, em troca de assessoramento sobre tecnologia de satélites. Por sua vez, a Alemanha declarou esta semana que a União Europeia não vai cumprir sua meta de enviar um milhão de projéteis de artilharia à Ucrânia.
— Agora, os armazéns estão vazios ou há um mínimo legal que este ou aquele determinado Estado não pode lhe dar — declarou Zelensky aos jornalistas. — E isto não é suficiente.
Não obstante, o mandatário agradeceu os esforços dos Estados Unidos para aumentar a produção deste tipo de munição. Zelensky assegurou também que a Rússia está acumulando mísseis para atacar as infraestruturas ucranianas no inverno.
— Acho que estão acumulando [mísseis], mas não têm muitos mais mísseis do que antes. Caso o contrário, já teriam começado a bombardear — disse.
'Caos' interno
Ainda segundo Zelensky, a Rússia tenta semear a divisão na sociedade ucraniana, criando o "caos" internamente para, por fim, remover o presidente.
— Nossa inteligência tem informações, que também vieram de nossos parceiros — disse Zelensky, descrevendo um plano de desinformação conhecido internamente como "Maidan 3", uma referência à praça central de Kiev que foi o ponto focal das revoltas em 2004 e 2014, esta última um importante capítulo na derrubada do presidente Viktor Yanukovych, apoiada pela Rússia. — Maidan é um golpe para eles, portanto a operação é compreensível.
No último ano, nem Rússia nem Ucrânia conseguiram avanços territoriais significativos e o comandante máximo do Exército ucraniano reconheceu que os combates estão em ponto morto. Por outro lado, o presidente ucraniano considerou que a reunião recente entre seus pares americano e chinês era "boa" para seu país.
— Entendemos que isto é bom para nós — declarou, após o encontro entre Joe Biden e Xi Jinping na Califórnia, no qual os dois dirigentes concordaram em restabelecer as comunicações militares de alto nível, suspensas há mais de um ano. (Com Bloomberg)
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