Internacional

Biden afirma que China tem 'problemas reais' horas antes de reunião com Xi

Os dois chegaram na terça-feira a San Francisco para um aguardado encontro bilateral, em meio a tensões significativas entre as duas nações

Agência O Globo - 15/11/2023
Biden afirma que China tem 'problemas reais' horas antes de reunião com Xi
Joe Biden - Foto: Reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou na terça-feira que a China tem "problemas reais", poucas horas antes de uma reunião com o homólogo chinês Xi Jinping em San Francisco, que pretende estabilizar as relações entre os países. Os dois chefes de Estado desembarcaram na terça-feira na cidade da costa oeste americana, onde terão um encontro bilateral muito aguardado, em um momento de grande atrito entre os dois países.

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— O presidente Xi é outro exemplo de como o restabelecimento da liderança americana no mundo está se consolidando. Eles têm problemas reais — disse Biden durante um evento de arrecadação de fundos, horas antes da reunião com o líder chinês.

Consultado sobre suas expectativas para o esperado encontro esperado, o primeiro em um ano, o presidente americano disse também que queria "voltar a um ritmo normal de correspondência, onde sejamos capazes de atender o telefone e conversar se há uma crise; garantir que nossas [forças armadas] ainda mantenham contato entre si".

Mais cedo, Biden disse que os Estados Unidos não buscam se distanciar da China, mas ter uma relação melhorada.

— Não tentamos nos afastar da China. O que estamos tentando é mudar a relação para melhor — disse aos jornalistas da Casa Branca antes de partir para San Francisco.

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, afirmou aos meios de comunicação que ambos os presidentes "se conhecem muito bem há um bom tempo e podem ser francos e diretos um com outro". Biden "quer garantir que gerenciemos esta importantíssima relação bilateral da maneira mais responsável possível", acrescentou.

Biden vai liderar, em San Francisco, a cúpula anual do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), bloco que movimenta 60% da economia mundial. Ele foi recebido pelo governador da Califórnia, o também democrata Gavin Newsom. O governador também deu boas-vindas a Xi, que chegou a bordo do avião presidencial poucas horas depois de Biden. O presidente chinês também foi recebido pela secretária do Tesouro americano, Janet Yellen.

Estados Unidos e China mantêm uma competência feroz por domínio econômico e tecnológico, assim como influência diplomática. As duas superpotências atravessaram uma fase tensa no início do ano, por causa do sobrevoo de um balão chinês sobre território americano.

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Com problemas de fundo para resolver, sobretudo no que se refere a Taiwan, território que a China considera uma província rebelde e não descarta inclusive usar a força para dominá-lo, o tom suavizou um pouco desde o verão (no Hemisfério Norte) e foram retomados os contatos diplomáticos, sobretudo para preparar o encontro desta quinta-feira.

Outros temas na agenda são a guerra da Ucrânia e o conflito entre Israel e Hamas. Washington apoia firmemente a Ucrânia e Israel, tanto diplomática como militarmente. A China, por sua vez, está aliada tanto com a Rússia como com o Irã, que apoia a Hamas.

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Bilaterais com o México

O encontro com Xi é o prato principal da cúpula da Apec, mas Biden também se reunirá com outros mandatários do bloco, entre eles o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador. Os dois devem se reunir na sexta-feira com uma agenda marcada pela migração e a crise do fentanil, opioide sintético 50 vezes mais potente que a heroína.

— Teremos que falar sobre a cadeia do fentanil, os precursores que vêm principalmente da Ásia, como controlar melhor o que sai da Ásia e o que chega ao México — disse a chanceler mexicana Alicia Bárcena.

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O governo de López Obrador negou que a substância seja produzida no México e sustenta que tudo chega diretamente da China, o que é questionado por Pequim.

O presidente mexicano também deve manter um encontro com Xi na quinta-feira, a primeira reunião entre ambos os mandatários, e estará marcada pela agenda econômica, informou Bárcena.