Internacional

OMS diz que maior complexo hospitalar de Gaza 'não funciona mais como hospital'

Segundo o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), o al-Shifa está sem água e energia há três dias

Agência O Globo - 12/11/2023
OMS diz que maior complexo hospitalar de Gaza 'não funciona mais como hospital'
OMS - Foto: REUTERS/Denis Balibouse/Direitos Reservados

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, declarou neste domingo que o hospital al-Shifa não está mais operando como um centro de saúde. A unidade é a maior do enclave palestino e abriga mais de 20 mil pessoas, incluindo deslocados, equipe médica e feridos.

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"Já se passaram três dias sem eletricidade, sem água e com uma internet muito ruim, o que afetou seriamente nossa capacidade de fornecer cuidados essenciais. Os constantes tiroteios e bombardeios na área agravaram as circunstâncias já críticas. Tragicamente, o número de mortes de pacientes aumentou significativamente", escreveu em um post no X (antigo Twitter), acrescentando que "o hospital não está mais funcionando como um hospital".

Ghebreyesus apelou por um cessar-fogo imediato e disse que "o mundo não pode ficar em silêncio enquanto os hospitais, que deveriam ser refúgios seguros, são transformados em cenas de morte".

Youssef Abu Rish, vice-ministro da Saúde de Gaza, órgão controlado pelo Hamas, alertou que cinco bebês prematuros e sete pacientes em estado grave morreram no al-Shifa diante da falta de combustível necessário para o fornecimento de suprimentos básicos, como água e energia, e meio aos intensos combates que ocorrem na região.

— Tememos que o número de mortos aumente ainda mais pela manhã — disse Abu Rish.

O último gerador do hospital em funcionamento foi destruído em um intenso bombardeio, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Israel, no entanto, negou ter bombardeado o local, mas reconheceu que realiza operações em seus arredores.

Neste domingo, as Forças Armadas de Israel alegaram ter oferecido 300 litros de combustível ao hospital para manter suas operações, mas o Hamas teria impedido a equipe de saúde de aceitar a oferta.

"As IDF (Forças Armadas de Israel) forneceram 300 litros de combustível para fins médicos urgentes ao Hospital Shifa, mas houve um problema que impediu o combustível de chegar ao seu destino. Por quê? Porque o CEO do Ministério da Saúde do Hamas, Yosef Abu Rish, proibiu", escreveu as Forças Armadas no X, antigo Twitter, publicando um áudio.

O diretor do al-Shifa, Mohammad Abu Salmiya, classificou as alegações israelenses como mentirosas e disse a jornalistas que os 300 litros supostamente oferecidos teriam capacidade de alimentar os geradores por "não mais do que um quarto de hora".

De acordo com Israel, um importante centro de comando do Hamas está localizado sob o hospital e, por isso, as tropas israelenses estão se aproximando do complexo durante a incursão terrestre —que já matou mais de 40 soldados. Em paralelo, as Forças Armadas prometem que fornecerão uma rota de retirada segura para civis, embora a logística seja especialmente difícil.