Internacional

Colonos, lagosta e 7 a 1: relembre polêmicas envolvendo representantes de Israel com o Brasil

Encontro de embaixador de Israel com o ex-presidente Jair Bolsonaro foi criticado por integrantes do governo Lula

Agência O Globo - 10/11/2023
Colonos, lagosta e 7 a 1: relembre polêmicas envolvendo representantes de Israel com o Brasil
Daniel Zonshine - Foto: Reprodução

Alvo de pedidos de expulsão do Brasil por parte de petistas, o embaixador de Israel, Daniel Zonshine, entrou na lista de representantes do país do Oriente Médio que causaram polêmicas por aqui.

Zonshine se tornou alvo de aliados do governo de Luiz Inácio Lula da Silva após participar de reunião na Câmara ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e a bancada do PL, principais opositores à atual gestão.

A reunião gerou uma onda de reações entre governistas. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, chamou o encontro de “aliança espúria”. O vice-líder do governo Lula no Congresso, deputado federal Lindbergh Faria (PT-RJ), foi mais longe e cobrou que o diplomata seja expulso do país.

Em entrevista ao GLOBO, Zonshine também atribuiu o interesse de integrantes do grupo terrorista Hezbollah no Brasil por contar com apoiadores no país. Uma operação da Polícia Federal na quarta-feira prendeu dois suspeitos de preparar ataques a entidades judaicas e sinagogas em território brasileiro. A declaração também foi criticada por aliados do governo.

Relembre outras polêmicas envolvendo embaixadores de Israel no Brasil:

Líder de colonos

Em 2015, a então presidente Dilma Rousseff rejeitou a nomeação do embaixador Dani Dayab. Indicado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o diplomata havia atuado como líder do Conselho Yesha, que representa colonos israelenses na Cisjordânia e Jerusalém Oriental. A escolha gerou desconforto no governo brasileiro porque os assentamentos de israelenses em territórios palestinos são considerados ilegais pelo direito internacional e resoluções da própria ONU.

O impasse durou 14 meses e só foi resolvido em 2017, quando o governo de Michel Temer concedeu o agrément a Yossi Shelley, amigo pessoal de Netanyahu.

Lagosta borrada

Conhecido pelo seu temperamento explosivo e estilo sem rodeios, no Brasil, Shelley se tornou próximo do presidente Jair Bolsonaro. Em 2019, a foto de um almoço antes da final da Copa América em 2019 entre o ex-presidente e o diplomata repercutiu negativamente em Israel.

A fotografia borrava o prato dos dois, escondendo o prato, mas deixando escapar a pata de um lagostim, alimento proibido pelo judaísmo. A foto foi divulgada em publicação da Embaixada de Israel no Brasil e apagada após a repercussão negativa. Posteriormente, o embaixador negou que tivesse comido lagosta e afirmou que pediu um prato com salmão, que tem cor semelhante ao fruto do mar.

7 a 1

Em 2014, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, rebateu nota oficial que o governo brasileiro criticou o uso “desproporcional” da força israelense na Faixa de Gaza. Em entrevista ao Jornal Nacional, Palmor ironizou a declaração e fez referência a derrota da seleção brasileira por 7 a 1 contra seleção alemã na Copa de 2014

— A resposta de Israel é perfeitamente proporcional de acordo com a lei internacional. Isso não é futebol. No futebol, quando um jogo termina em empate, você acha proporcional e quando é 7 a 1 é desproporcional. Lamento dizer, mas não é assim na vida real e sob a lei internacional