Internacional

Hezbollah diz que sete combatentes morreram em ataque de Israel na Síria

Bombardeios foram uma resposta a ataque com drone contra a cidade de Eilat, na quinta-feira; comandantes já falam em uma guerra de 'múltiplas frentes'

Agência O Globo - 10/11/2023
Hezbollah diz que sete combatentes morreram em ataque de Israel na Síria
israel - Foto: Reprodução

O grupo libanês Hezbollah afirmou nesta sexta-feira que sete de seus combatentes morreram em um bombardeio israelense na Síria. A operação foi uma resposta a um ataque com um drone que atingiu uma escola no Sul de Israel na quinta-feira, e que chegou a ser inicialmente creditado à milícia Houthi, baseada no Iêmen e que, assim como o Hezbollah, tem o apoio direto do Irã.

Israel x Hamas: Acompanhe a cobertura em tempo real

Infográfico: Número de soldados de Israel mortos passa de 40 e mostra desafios da incursão terrestre em Gaza

O bombardeio ocorreu na madrugada desta sexta-feira (noite de quinta-feira no Brasil), e Israel não disse imediatamente qual grupo era o alvo. Em comunicado, as Forças Armadas do país disseram que o regime sírio, comandado por Bashar al-Assad, era totalmente responsável "por qualquer atividade terrorista que venha de seu território". Desde o começo da guerra, Israel vem realizando ataques frequentes contra o país, incluindo contra os aeroportos de Damasco e Alepo.

A confirmação de que o alvo era mesmo o Hezbollah veio apenas nesta sexta-feira, através do próprio grupo, que anunciou a morte de sete de seus combatentes em solo sírio, sem especificar em qual região do país ocorreu o ataque. Com o bombardeio, o número de mortos do Hezbollah, que vem travando um conflito de baixa intensidade com Israel, subiu para 68 desde o dia 7 de outubro.

Tríplice fronteira, documentos falsos e relação com traficantes: Entenda os interesses do Hezbollah no Brasil

Horas antes da ofensiva na Síria, especialistas israelenses descartaram a hipótese inicial de que um drone vindo do Iêmen teria atingido a escola em Eilat na quinta-feira, deixando uma pessoa ferida, sem gravidade. O modelo apontado como o usado no ataque, um Shahed-101, fabricado pelo Irã e usado também pelas tropas russas na Ucrânia, não teria a autonomia necessária para voar do território iemenita até Eilat, distantes cerca de 2 mil km uma da outra. Neste momento, a hipótese do ataque ter partido da Síria ganhou força

Nos últimos dias, as forças israelenses e americanas anunciaram ter interceptado uma série de projéteis supostamente lançados do Iêmen, incluindo mísseis e drones, pela milícia Houthi, que desde a década passada trava um conflito com forças rivais iemenitas e com a Arábia Saudita, responsável por uma intervenção militar de grande escala, iniciada em 2016. Os houthis contam com o apoio direto do Irã, que fornece armas, dinheiro e, agora, parece usar o grupo como forma indireta de atingir Israel.

Múltiplas frentes

Já nesta sexta-feira, Israel afirmou que três drones entraram no país vindos do Líbano, sendo que um foi interceptado e outros dois caíram sem causar danos. A TV Al Manar, ligada ao Hezbollah, diz que os ataques tinham como alvo duas aldeias e um quartel no Norte de Israel.

"Em apoio ao nosso firme povo palestino na Faixa de Gaza e em apoio à sua corajosa e honrada resistência, a Resistência Islâmica [nome por vezes usado pelo Hezbollah em seus ataques], às 15h15 da tarde de sexta-feira, 10/11/2023, realizou um ataque contra as forças de ocupação israelenses", diz o texto, publicado na página da emissora libanesa.

Análise: Irã enfrenta dilema com guerra entre Israel e Hamas, aumentando risco de escalada no Oriente Médio

Embora comandantes militares de Israel reiterem que a Faixa de Gaza é o principal foco da operação militar, alguns já se preocupam com o acirramento da violência em outros pontos, como as fronteiras com o Líbano e a Síria, os ataques vindos do Iêmen e, caso a ofensiva terrestre em Gaza se alongue, o Irã e o Iraque.

Segundo o jornal israelense Haaretz, os comandantes militares de Israel dizem ser impossível completar os objetivos em Gaza — como a destruição do Hamas e da rede de túneis — em um espaço de três semanas, o que pode levar inimigos regionais, como o Irã, a se aproveitarem disso para atacarem Israel, especialmente através de milícias aliadas no Líbano, Síria, Iêmen e Iraque.

'Hipocrisia': Sul Global critica Ocidente por condenar Rússia mas dar apoio incondicional a Israel

As fontes militares ouvidas pela publicação também exigem que o governo de Benjamin Netanyahu forneça "espaço para respirar", o que inclui ações práticas, como a convocação de reservistas, e políticas, citando a gestão da guerra e das questões humanitárias junto a aliados, como os Estados Unidos.

Além disso, os militares acusam os governos de Rússia e China de articularem a criação de um "bloco anti-Israel". Eles citam uma recente visita de comandantes do Hamas a Moscou, os votos no Conselho de Segurança da ONU pedindo um cessar-fogo e a atuação dos governos nos bastidores, que seria, na visão das fontes ouvidas pelo Haaretz, uma forma de "atiçar os ânimos".