Variedades
Vera Holtz se compara à sua personagem em 'Tia Virgínia': ‘A única das irmãs que não teve filhos’
Atriz conta bastidores do filme que chega aos cinemas, revela que comprou condomínio na Bahia com amigos para passar a velhice e relembra previsão que ouviu de pai de santo na juventude

Virgínia é uma mulher de 70 anos que nunca se casou nem teve filhos. Ela é convencida pelas irmãs Vanda (Arlete Salles) e Valquíria (Louise Cardoso) a deixar sua vida para trás, mudar de cidade e voltar a morar com a mãe, que agora está idosa e precisa de cuidados especais. A sinopse de “Tia Virgínia”, filme que acaba de chegar aos cinemas, encontra pontos em comum com a história de vida da atriz principal.
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— Andei fazendo umas reflexões... Será que eu poderia ter sido uma Virgínia? A única das irmãs que não teve filhos ficaria ali em Tatuí (cidade do interior de São Paulo) com a função de cuidar da mamãe, que teve uma série de isquemias no fim da vida... Mas ela teve home care, a gente se revezava lá em casa. Assim como eu, Virgínia fez teatro, gosta de música, de dançar, de ter amigos... — reflete Vera Holtz, a terceira entre as irmãs Teresa (já falecida), Rosa e Regina: — Eu tive relacionamentos duradouros, mas não sob a estrutura tradicional do casamento. E nunca quis ser mãe. Enquanto estive em idade fértil, insistiam em me perguntar: “Mas por que não? Quem é que vai cuidar de você quando ficar velha?”. Espera aí, eu vou criar um ser humano livre e independente já com o destino de ser meu cuidador? É um pouco louco isso, né?
Aos 71 anos, a atriz diz que já programou os anos vindouros:
— Minha família é longeva, as tias morreram com mais de 90 anos. Papai, vítima de embolia pulmonar, ditou o mantra para as filhas: a número 4 vai cuidar da número 3, que vai cuidar da 2, que vai cuidar da número 1. Mas eu já me juntei com uns amigos e compramos um condomínio em Arembepe, na Bahia, com o mesmo propósito: envelhecer perto do mar, caminhando ao sol, apoiados uns pelos outros.
Vera conta estar solteira atualmente. E afirma que nunca temeu a solidão.
— Eu fico bem sozinha. É até bom para acalmar, descansar, refletir... Acaba sendo enriquecedor, porque minha vida é um agito. Estou em turnê com a peça “Ficções”, atualmente minha paixão é pelo trabalho. A vida amorosa ficou no banco de reservas — entrega, garantindo que relacionamentos nunca lhe foram fundamentais: — Minhas relações afetivas sempre foram ligadas à profissão. Aconteciam, não eram uma busca minha. Todo esse processo da paixão, da parceria, do companheirismo é importante e requer talento também. Enquanto estão alinhados, um segue ao lado do outro.
O filme, com roteiro e direção de Fabio Meira, se passa todo na véspera de Natal, quando as três irmãs se reúnem para uma espécie de acerto de contas. No reencontro em família, pequenos desentendimentos como assar ou não um leitão ou colocar ou tirar as uvas- passas do arroz se misturam a grandes mágoas e insatisfações, como questões financeiras.
Bernardo (Iuri Saraiva), filho de Valquíria, pede dinheiro emprestado à tia. Ludmila (Daniela Fontan), filha de Vanda, ganha roupa de Virgínia e pede para ela jogar tarô para saber seu futuro amoroso.
Com sete sobrinhos, Vera conta que costumava presenteá-los com trocadinhos quando eram crianças.
— Já era uma prática na família de papai nossos tios nos ajudarem. Quando eu vinha pro Rio, pegava na mão deles para cumprimentar e sempre tinha uma nota de dinheiro de presente. E davam mesada, dinheiro do Natal... Hoje, meus sobrinhos já são adultos, profissionais liberais. Mas, diante da necessidade, não tenho problema em ajudá-los — afirma Vera, completando: — Já com relação ao tarô, não tenho ligação alguma. Previsão, só recebi de um pai de santo uma vez. Ele falou: “Você vai ser muito famosa, se prepare!”. Eu tinha 20 e poucos anos, estava fazendo Escola de Arte Dramática em São Paulo, e reagi assustada. Só pensava em aprender, não tinha preocupação com o sucesso. Aliás, não tenho até hoje. Ele é consequência de um acúmulo de trabalhos, de uma comunidade que te escolhe. Sucesso é resultado e não busca. Busco outras coisas.
Gravações na serra
O filme “Tia Virgínia” foi rodado em Nova Friburgo, na região serrana do Rio, em janeiro e fevereiro de 2020, pouco antes de a pandemia da Covid ser decretada no Brasil. “A gente filmou na casa da família do Reginaldo Faria lá. Lembro que saíamos para comer num restaurante árabe e para comprar calcinha e sutiã. Quando acabou, comprei sabonetinho de leite de cabra e presenteei toda a equipe”, conta Vera Holtz.
Longa premiado
O longa recebeu cinco Kikitos e uma menção honrosa no Festival de Gramado deste ano, incluindo o de Melhor Atriz para Vera. A produção também ganhou três prêmios no LABRFF 2023, o mais importante festival de cinema brasileiro nos Estados Unidos: Melhor Atriz para Vera Holtz, Melhor Atriz Coadjuvante para Louise Cardoso e Melhor Direção de Arte para Ana Mara Abreu.
Vera Viral
Sem publicar fotos no Instagram, onde soma 1,2 milhão de seguidores, desde janeiro deste ano, a atriz garante que a personagem Vera Viral pode voltar a qualquer momento, quando sua demanda de trabalhos diminuir. “Nas minhas insônias, fico de voyeur, vendo vídeos de animais, de humor e de galerias de arte”, detalha ela, que está na reprise de “Mulheres apaixonadas”, na Globo, como a alcoólatra Santana, mas não deve retornar às novelas tão cedo: “Vou aceitar novos trabalhos só em 2025. Não dá pra viajar com peça e fazer outras coisas. Fico cansada. Estou conhecendo os limites desse meu corpo de 71 anos”.
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