Internacional
EUA opõem-se à 'reocupação' de Gaza por Israel no fim da guerra
Em entrevista na segunda-feira, Netanyahu afirmou que assumiria 'a responsabilidade geral pela segurança' no enclave palestino ao fim do conflito
Os Estados Unidos disseram nesta terça-feira que se opõem a uma nova ocupação de longo prazo da Faixa de Gaza por Israel, depois que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu garantiu, na segunda, que assumiria "a responsabilidade geral pela segurança" no território após a guerra contra o grupo terrorista Hamas.
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— Na nossa opinião, os palestinos deveriam estar na vanguarda dessas decisões, Gaza é território palestino e continuará sendo território palestino — disse o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, aos repórteres. — De modo geral, não apoiamos a reocupação de Gaza e Israel também não.
Patel também afirmou que os Estados Unidos concordaram que "não pode haver retorno ao status quo de 6 de outubro", referindo-se ao dia anterior ao grande ataque do Hamas a Israel. Em 2005, Israel se retirou da Faixa de Gaza, que tomou na Guerra dos Seis Dias de 1967 e depois ocupou. Mais tarde, impôs um bloqueio depois que o Hamas venceu as eleições em 2006.
— Israel e a região devem estar seguros e Gaza não deve e não pode mais ser uma base para lançar ataques terroristas contra o povo de Israel ou qualquer outra pessoa — disse ele.
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Netanyahu, numa entrevista na segunda-feira à rede americana ABC News, disse que Israel assumirá a "segurança geral" em Gaza "por um período indefinido" depois de terminar as suas operações, que agora entram no seu segundo mês.
— Vimos o que acontece quando não a temos — disse o primeiro-ministro ao apresentador da ABC, David Muir. — Quando não temos essa responsabilidade de segurança, vemos a erupção do terror do Hamas em uma escala que não poderíamos imaginar.
O conflito eclodiu em intensidade depois de terroristas do Hamas invadirem Israel em 7 de outubro, matando cerca de 1.400 pessoas, a maioria civis, incluindo jovens que participavam num festival de música eletrônica. Em retaliação, Israel lançou uma série de bombardeios incessantes e incursões terrestres na Faixa de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, 10.300 pessoas morreram no enclave palestino, incluindo mais de 4 mil crianças.
O papel da ANP no futuro de Gaza
Desde o início do conflito, Israel afirma que seu objetivo é destruir o Hamas e eliminar a possibilidade de ele repetir um ataque como o ocorrido em 7 de outubro. Houve, então, um amplo apoio político à posição do governo, levando também à formação de um Gabinete de Guerra unificado. Yair Lapid, líder da oposição de centro, concordou com o primeiro-ministro em uma entrevista na terça-feira na rádio pública de Israel. No entanto, ele também alertou contra a tomada do governo de Gaza.
— Nós não queremos financiar escolas para as crianças de Gaza e seus hospitais — disse ele. — É do interesse de Israel que a Autoridade [Nacional] Palestina (ANP) retome o controle.
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A ANP, apoiada pelo Ocidente, exerce controle parcial sobre partes da Cisjordânia ocupada e foi expulsa de Gaza pelo Hamas em 2007, após uma luta violenta, depois que o Hamas venceu as eleições no ano anterior.
Netanyahu e seu governo ainda não tomaram decisões finais ou formais e estão discutindo amplamente o futuro de Gaza e a natureza do papel de Israel nela, de acordo com uma pessoa familiarizada com as discussões que pediu para não ser identificada devido à natureza sensível do assunto.
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No entanto, Netanyahu tem hesitações em conceder um papel à ANP. Semanas antes, autoridades israelenses discutiram a possibilidade de dividir Gaza em diferentes zonas, semelhante ao que foi feito com a Cisjordânia nos Acordos de Oslo. Não está claro, contudo, se essa ideia ainda está sendo considerada.
Os EUA já haviam enfatizado a importância da ANP no futuro do enclave, e tanto o presidente Joe Biden quanto outras autoridades americanas rejeitaram a ideia de uma reocupação de Gaza por Israel. Analistas militares, por sua vez, alertam que Israel enfrenta um dilema entre reocupar Gaza ou se retirar, e que a situação humanitária poderia fomentar o surgimento de grupos terroristas. (Com AFP e New York Times.)
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