Variedades
Tatá Werneck diz ficar chateada com boatos sobre casamento e analisa exposição: 'Queria ser mais Marisa Monte'
Atriz e comediante, que apresenta o Prêmio Multishow nesta terça-feira (7), revela mania de ouvir sempre as mesmas músicas e explica como concilia verve sacana e religiosidade: 'Acho que Deus tem senso de humor'

Tatá Werneck é o terror dos roteiristas. E eles já entenderam que é melhor jogar junto com a gênia do improviso. Tanto que alguns até oficializaram esse talento rubricando no roteiro o momento “Tatá improvisa”. É o que deve acontecer bastante hoje no 30º Prêmio Multishow. É a sexta vez que Tatá apresenta o evento.
Nesta edição, terá a companhia de Tadeu Schmidt e Ludmilla. A transmissão começa às 20h, no Globoplay, com sinal disponível para não assinantes. Às 21h20, o Multishow abre a transmissão ao vivo. A cerimônia começa 22h05 e, a partir das 23h15, a TV Globo exibe o prêmio pela primeira vez.
A TV aberta amplia o alcance do que acontece no palco e impõe um cuidado maior de Tatá no tom das piadas. Em entrevista por videochamada — e tempo estipulado em meia hora —, a atriz e humorista fala de sua relação com a música, explica como concilia humor sacana com o fato de ser muito religiosa e faz reflexão sobre vida privada e vida pública em tempos de redes, influencers e webcelebridades.
Como se prepara para o Prêmio Multishow?
Sempre penso: “Meu Deus, como vai ser?”. Para mim, é mais fácil fazer algo em minutos do que ter estratégia. Agora, tenho que ter mais noção para não deixar meus parceiros numa situação desconfortável. Com a TV aberta, estou entendendo meus limites. Até porque, já fui processada...
Ao falar que a roupa que vestia custava o valor da grade de programação de uma determinada emissora de TV...
É, o Fábio (Porchat, seu então parceiro de palco no prêmio) elogiou minha roupa e eu quis dizer que era mesmo maravilhosa, chiquérrima. Mas tenho que tomar cuidado.
Como é a sua relação com a música?
Não sou aquela pessoa que conhece tudo e diz “tal CD é foda”. Opa, aquela velha que fala de CD, né? (risos). Gosto de ouvir repetidamente algumas músicas. A banda que mais gosto é Roupa Nova. Ouço sempre a mesma música para gravar as cenas de “Terra e paixão”: “Your song”, do Elton John. Porque acho a relação dessas irmãs (interpretadas por ela e Débora Falabella) tão bonita, é como um par romântico. Se tenho que fazer cena de emoção, boto “Dona Cila” (de Maria Gadú). Em dois segundos estou aos prantos. Antes de gravar “Lady Night”, vou de “Vamos pular”, da Sandy, ou Bruno Mars.
A música te ajuda a acessar estados de espírito...
Como tenho déficit de atenção, preciso de coisas que me conectem com aquele momento e a música é esse elo. Esse ano vai ter Aline Barros (cantora de música cristã) no prêmio. “Sonda-me, usa-me” é uma canção que ouço quando estou muito triste, precisando de ânimo, injeção de alegria.
Você se define como mulher de fé. Como concilia humor sacana com religiosidade?
Para quem vive a religião de maneira radical, eu não poderia fazer muitas piadas que faço. Mas tenho um trato na minha relação com Deus: se me deixa desconfortável, não faço. Já mandei mensagem para um amigo padre perguntando: “Posso fazer piada com isso?”. Porque também acho que Deus tem senso de humor. Às vezes, as pessoas se sentem feridas, e isso não é legal. Propositalmente, não faço piada com religião, sou temerosa. Não tenho uma religião específica, tenho muita fé. Falo muito palavrão, e acho que não deveria. Se levar à risca, estou cheia de pecados (risos).
Na vida pessoal também?
Na intimidade, sou muito reservada, levo uma vida tranquila, sou muito religiosa, tenho a rotina de viver minha fé. Sou aquela mulher que quase não fez nada. Por minha escolha, tá? Sem moralismos. As pessoas acham que sou viciada em muita coisa, mas nunca nem fumei maconha na vida. Acham que sou porra-louca, mas sou extremamente careta, todo mundo fica profundamente decepcionado. Sou caseira. Faço festa na minha casa, mas dificilmente vou em festa na casa de alguém. Durmo 22h30 e acordo 5h, 6h.
Na pandemia, você me disse que era difícil fazer comédia com medo. Dá para fazer piada com tanta tragédia acontecendo, inclusive uma guerra?
Tem que ser cuidadoso. Tem gente que faz piada com tudo. Não vejo sentido em fazer piada com a guerra, essa dor que, se não marca todo mundo, tem algo de errado. Pode ser cafona dizer isso, mas procuro usar meu trabalho para fazer as pessoas sorrirem, como missão para levar alegria. Então, não posso parar. É o que está ao meu alcance, não sei fazer mais nada. Só posso fazer graça e rezar. Mas é impossível ficar alheia. É desesperador, dá desesperança imaginar que os responsáveis não são as pessoas que estão perdendo seus filhos.
A maternidade mudou o que pensava sobre ser mulher nesse mundo?
Lembro de estar gravando “Entrevista com especialista” grávida, passando muito mal e pensando em como era privilegiada. E que mesmo com todo aquele privilégio, estava ali passando mal. Imaginei mulheres que não podiam nem dizer isso porque seriam demitidas. Ou as que teriam que pegar dois ônibus para voltar pra casa. E pensei no quão difícil é ser mulher. Depois desse meu depoimento, um monte de homem veio dizer: “No meu tempo não tinha isso, minha mulher teve seis filhos”. Imagina! Coitada, devia estar sofrendo sem falar nada. Ser mulher é estar em estado de alerta o tempo todo. Em relação ao que veste, a ter opinião efusiva, à coisa de ser chamada de maluca na TPM.
Tenta mudar um pouco as coisas educando sua filha?
Cacá descobriu que sou mais velha que o Rafa (Vitti, seu companheiro e pai de sua filha). E disse: “Você é mais velha que ele, por isso meninas são mais espertas?” Respondi: “Não, filha, meninas sempre serão mais espertas”. Sempre a empodero. Queria muito ter ouvido isso numa época que não podia nem ser extrovertida que ouvia: “Essa menina não sabe se portar”.
Sua mãe não tinha ferramentas para te entender e te empoderar?
Minha mãe sempre fala sobre não ter entendido o que o meu jeito de ser mulher estava querendo dizer naquele momento, ou quando eu estava sendo expulsa de uma escola.
O que te faz chorar?
Hoje, quase tudo. Antes de ser mãe, quase nada. Antigamente, chorava só de emoção, tipo no “The voice kids” ou naquele quadro que reformava tudo do Luciano Huck. Quando é de tristeza, não sai muito. Mas me emociono com quase tudo. Com um abraço na minha frente, com uma borboleta. Depois da pandemia, agradeço por eu, minha filha e meus pais estarmos com saúde. Antes, tinha sonhos mais mirabolantes, hoje consigo estar feliz por estar viva com a minha filha. Se antes a gente ouvia “engole o choro, criança”, hoje, minha filha, se ouve isso de alguém, diz: “Todo mundo pode chorar, até adulto, mulher, homem”.
Como sente a morte do Paulo Gustavo dois anos depois?
Sonho com o Paulo quase todas as noites. Ainda me pego falando “vou perguntar para o Paulo o que ele faria”. Ele é tão presente. Tenho saudade das crises de riso e das opiniões dele sobre tudo.
Como é a sua relação com trabalho, considera saudável?
Minha bisavó e avó trabalhavam fora. Cresci com minha mãe trabalhando de segunda a segunda. Para mim, é a maneira que existe de viver. Amo trabalhar, me reconheço, entendo quem eu sou. Sempre gostei de fazer muita coisa, três faculdades, peças ao mesmo tempo. Hoje, aprendi com a Cacá o momento de descanso. Antes, me sentia culpada se parasse, se não estivesse produzindo.
Já ouvi dizer que você é workaholic. É difícil acompanhar o seu ritmo?
Muitas pessoas do “Lady Night” têm esse mesmo discurso. Somos amigos e sabemos o quanto trabalhar demais deixa lacunas. Às vezes, um fica deprimido, mas a gente conversa bastante sobre saúde mental. Simone Biles está aí para nos ensinar. Não tem como ser feliz passando por cima dos seus limites. E se alguém se sente assim, eu falo: “Para, toma o tempo que precisar”.
Que reflexão fez sobre vida privada e vida pública em tempos de redes, influencers e webcelebridades? Pensa nisso ao postar vídeos da sua filha?
Não tenho dimensão de que vou postar para 56 milhões de pessoas. Posto o que minha amiga vai gostar, o que eu quero. Acho que exponho a Cacá mais do que gostaria. Ao mesmo, são coisas tão maravilhosas que o orgulho de mãe fala mais alto. Já limei dela o sonho de ser detetive particular, não vai dar para passar despercebida (risos). Gostaria de ser mais Marisa Monte (risos). Em relação à vida pública, não me incomoda eu sair e tirarem foto, faz parte do meu trabalho. Porque tem uma galera que fica: “ah, eu estava aqui na minha...”. Cara, escolheu uma vida pública. Mas tem limite. Uma atriz que estava no velório do pai e pedirem uma selfie.
Recentemente, fizeram uma novela do seu casamento. Criou mecanismos para lidar com a crueldade na internet ou isso te desestabiliza?
Inventaram várias crises e, quando a gente estava mesmo em crise, não falaram nada. Fico chateada. Seria inteligente dizer que não me incomoda porque aí não saberiam que me atinge. Mas fico bolada e como a mentira vai sendo reproduzida, acaba virando verdade, aquela coisa de “onde há fumaça há fogo”. Teve uma em que disseram: “Veja as condições que Tatá impôs para o casamento”. Que absurdo! Esse dia eu falei: “Rafa, vai lá desmentir”. Mas ele acha pior, que é melhor não falar nada. Se eu me separar, Deus me livre em nome de Jesus, eu vou falar. Talvez demore um pouco, as pessoas têm um tempo, ainda mais com filho. Espero que isso não aconteça tão cedo, a gente se ama.
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