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Piercing e brinco: os sinais de que o furinho vai infeccionar e como evitar que isso aconteça

Cheiro ruim, secreção e vermelhidão podem indicar infecções e necessidade de avaliação médica

Agência O Globo - 07/11/2023
Piercing e brinco: os sinais de que o furinho vai infeccionar e como evitar que isso aconteça

O uso de brincos e piercings por todo o corpo cresce no Brasil. Muito se fala dos cuidados que se deve ter durante a perfuração na pele: o material deve ser bem esterilizado para evitar riscos de infecções bacterianas e virais. O que pouco se discute é o que fazer ao longo do processo de cicatrização do furinho e logo depois dela para evitar doenças.

De acordo com a dermatologista Natasha Crepaldi, professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), cerca de 20% dos casos de piercing tem alguma complicação. Mesmo depois de cicatrizados ainda é necessário tomar cuidados e ficar atento aos sinais, como as massas brancas com ou sem odor e as cascas na pele ao redor do local de perfuração que podem ser causados por diferentes fatores:

Secreção: Pequenas quantidades de uma substância semelhante a sebo, podem ser produzidas pelas glândulas sebáceas na pele. Isso é normal;

Acúmulo de células mortas da pele: Às vezes, células mortas da pele se acumulam ao redor do furo, formando uma casquinha. Isso é uma parte natural do processo de renovação da pele. Evite tirá-la;

Infecção: Se houver uma infecção, a secreção pode se tornar espessa, amarelada ou esverdeada e ter mau cheiro. Infecções podem ocorrer devido a má higiene, toque constante ou uso de acessórios de baixa qualidade;

Reação a materiais: Se o acessório utilizado contém materiais aos quais a pessoa é alérgica, isso pode levar a uma reação que inclui secreção e irritação.

O infectologista Igor Thiago Queiroz, da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a pele contém glândulas sudoríparas, responsáveis pela produção do suor e glândulas sebáceas responsáveis por produzir sebo, "uma substância lipídica que evita o ressecamento da pele e a perda excessiva de água".

— Essas glândulas entram na perfuração e continuam a sua produção, acaba acumulando. Então a higienização é muito importante para evitar juntar essa sujeira — alerta o infectologista, acrescentando que "em casos de vermelhidão e secreção, a orientação é procurar avaliação médica".

Possíveis riscos

A dermatologista alerta ainda que, mesmo que pareça comum, é preciso estar atento aos sinais para não haver maiores complicações:

— A massinha de mau cheiro e as casquinhas podem indicar risco de inflamação ou infecção na área do piercing ou furo de brinco. Um mau cheiro forte exalado associado a esses sintomas geralmente sugere que há um problema subjacente.

Segundo Natasha, os possíveis riscos associados à massinha de mau cheiro e as casquinhas são:

Infecção: A secreção com mau cheiro geralmente é um sinal de infecção na área do piercing. Isso pode ocorrer devido à introdução de bactérias na área, à má higiene, ao toque constante com as mãos sujas ou ao uso de joias de baixa qualidade;

Irritação Prolongada: A presença de casquinhas ou secreção persistente pode irritar a pele e prolongar o processo de cicatrização;

Queloides ou Granulomas: Caso ocorra inflamação crônica ou complicações na cicatrização, pode haver a formação de queloides (cicatrizes elevadas e alargadas) ou granulomas (nódulos de tecido).

Higiene e cuidados necessários

Para o infectologista, o ideal nos procedimentos de perfuração e manuseio dos brincos e piercings sejam sempre feitos com material esterilizado. A área perfurada também precisa ser higienizada corretamente para evitar contaminações.

— Depois de cicatrizado, a higienização deve continuar e preferencialmente com água e sabão para evitar o acúmulo de resíduos.

Queiroz ressalta que as massas brancas e as cascas na região são resultado das secreções naturais da pele. Mesmo sendo lavadas com água e sabão ou um algodão umidecido, o ideal é que nunca sejam retiradas as cascas formadas na perfuração:

— Essas casquinhas são uma barreira de proteção criada pela própria pele, então retirar pode barreira e ficar expostos a infecções que podem gerar quadros graves — alertou o infectologista. Também não é necessário o uso contínuo de álcool, já que pode levar ao ressacamento da pele.

A dermatologista Natsha orienta que lavar as mãos antes de manipular os acessórios é indispensável. Reforçando também a necessidade da limpeza diariamente com solução antisséptica e evitar tocar excessivamente. E, mesmo que não agrade esteticamente, reforça a orientação de não retirar as cascas formadas naturalmente pela pele:

— Geralmente é aconselhado que essas crostas, que se formam em torno de furos de brincos ou piercings, saiam naturalmente. Não é preciso forçá-las a sair — recomendou, alertando também que a retirada de forma agressiva "pode causar trauma na área, o que aumenta o risco de infecção ou irritação".

*Estagiária sob supervisão de Adriana Dias Lopes.