Internacional
Nobel da Paz critica projeto de governo dos EUA de nova bomba nuclear 24 vezes mais potente que a de Hiroshima: 'Escalada irresponsável'
Desenvolvimento de modelo B61-13 faz parte de modernização de arsenal atômico americano, que deve custar US$ 400 bilhões até 2046
A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (Ican, sua sigla em inglês), vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2017, criticou o projeto americano de uma nova bomba atômica para seu arsenal nuclear. A organização repudiou o que chamou de "escalada irresponsável da corrida armamentista".
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A manifestação foi uma reação ao anúncio do Departamento de Defesa americano, nesta sexta-feira (27). A iniciativa de uma nova bomba atômica ainda precisa de autorização do Congresso dos EUA para começar.
"Os planos dos EUA para uma nova bomba nuclear – a B61-13 – é uma arma que nunca poderia ser usada sem matar indiscriminadamente civis, crianças e infraestruturas críticas – um crime de guerra. Esta é uma escalada irresponsável da corrida armamentista – e aumenta os riscos de proliferação numa altura em que o mundo precisa de fazer o oposto: eliminar as armas nucleares", destacou a Ican, por meio de suas redes sociais.
De acordo com as autoridades americanas, a nova arma oferecerá ao presidente dos EUA "opções adicionais contra alvos militares maiores e mais difíceis", enquanto modelos antigos de explosivos nucleares vão sendo aposentados pelo Departamento de Defesa. Batizado de B61-13, o armamento deverá, assim, substituir algumas das mais antigas bombas B61-7. Ambas detém poder de destrutivo semelhante, com capacidade máxima de 360 kilotons.
Assim, a futura bomba seria 24 vezes mais potente que o explosivo que atingiu Hiroshima no final da Segunda Guerra Mundial.
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A nova arma também reduzirá o número de bombas B61-12 que serão produzidas. Este outro explosivo, mais moderno e menos potente que o modelo B61-7, começou a ser fabricado no ano passado. Segundo nota do Departamento de Defesa, o B61-13 irá aproveitar a estrutura de produção desenvolvida para o B61-12, compartilhando com esse explosivo de características semelhantes de "segurança, proteção e precisão".
— O anúncio de hoje reflete um ambiente de segurança em mudança e ameaças crescentes de adversários em potencial. Os Estados Unidos têm a responsabilidade de continuar a avaliar e colocar em campo as capacidades que precisamos para dissuadir e, se necessário, responder a ataques estratégicos e dar segurança aos nossos aliados — disse o secretário adjunto de Defesa para Política Espacial, John Plumb.
O modelo B61-13 é uma bomba de gravidade, ou seja, é projetada para ser solta de uma aeronave sobre o seu alvo. A nota divulgada pelo Departamento de Defesa também confirmou os planos de aposentar a bomba B83-1, uma das mais poderosas do arsenal americano.
"Esta iniciativa segue vários meses de revisão e reflexão. O desenvolvimento do B61-13 não é uma resposta a nenhum evento atual específico; reflete uma avaliação contínua de um ambiente de segurança em mudança", afirma o Departamento de Defesa.
No início de outubro, um relatório elaborado por uma comissão bipartidária do Congresso dos EUA indicou a necessidade do país se preparar para ataques simultâneos de adversários como Rússia e China. Entre as recomendações do painel, formado por seis Democratas e seis Republicanos, estava a de seguir com planos de modernização do arsenal nuclear, iniciado em 2010 e que deve custar cerca de US$ 400 bilhões até 2046.
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