Internacional
Tanques avançam nos arredores da Cidade de Gaza enquanto mais tropas de Israel entram no território no 24º dia da guerra
Premier israelense, Benjamin Netanyahu, descarta cessar-fogo e diz que 'este é o momento para a guerra'
Tropas de Israel continuaram a entrar em maiores contingentes na Faixa de Gaza na segunda-feira, em uma expansão das operações por terra iniciadas no fim de semana na guerra contra o grupo terrorista Hamas, que controla o território palestino. Colunas de tanques avançaram para os arredores da Cidade de Gaza, a capital do enclave, e também mais ao norte e ao sul da cidade, enquanto as Forças Armadas israelenses anunciaram ter atacado cerca de 600 alvos da noite de domingo para a de segunda — contra 450 no dia anterior — com a morte de dezenas de terroristas. O Hamas indicou que há combates intensos no norte de Gaza.
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Os tanques de Israel entraram no distrito de Zaytun, na periferia sul da Cidade de Gaza, cortando uma estrada importante que liga o norte ao sul do território palestino devastado pela guerra. Segundo um morador que não quis ser identificado, os soldados “estão atirando em qualquer veículo que tente passar pela estrada”. O objetivo da incursão é cortar Gaza em duas, isolando o norte do território. Segundo a imprensa de Israel, já há mais de dez mil militares israelenses no enclave — o país mobilizou 360 mil após os ataques terroristas de 7 de outubro.
Em entrevista coletiva à imprensa internacional, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, disse que não haverá cessar-fogo. O objetivo declarado de Israel com a ofensiva é “destruir” o Hamas e suas capacidades militares e administrativas, para que o grupo não possa mais atacar o país como no início do mês.
— Pedir um cessar-fogo é pedir que Israel se renda à barbárie e ao terrorismo, e isso não vai acontecer — declarou ele, que no domingo afirmara que uma nova “etapa” numa guerra “longa e difícil” estava começando. — A Bíblia diz que há um momento para a guerra, e este é o momento da guerra da civilização contra a barbárie.
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Netanyahu ainda culpou o Hamas pela morte de civis palestinos, sugerindo que o grupo extremista impede a população de deixar o norte da Faixa de Gaza, como instado por Israel.
— O Hamas está fazendo todo o possível para pôr os civis [de Gaza] em perigo — disse ele.
200 mil sem poder sair
Israel alertou em diversas ocasiões os 1,1 milhão de pessoas que vivem no norte de Gaza a se dirigirem ao sul. O objetivo, disseram, era que civis evitassem os seus ataques militares enquanto o país avança com a missão de “destruir” o Hamas. A maioria deixou a região, mas muitos moradores informaram não conseguir fazer o deslocamento, por falta de combustível, doenças e problemas logísticos. Até a semana passada, a ONU estimava que até 200 mil pessoas seguiam na área. Apesar das advertências israelenses, no entanto, os ataques continuam no sul de Gaza, fazendo com que não haja na realidade locais seguros no enclave.
A intensificação dos ataques gera especial preocupação com os hospitais de Gaza, dentro das zonas de evacuação ordenadas por Israel, onde médicos alertam que muitos pacientes não podem ser transferidos.
De acordo com a ONU, todos os dez hospitais do norte de Gaza receberam ordens de evacuação total, embora abriguem milhares de pacientes e cerca de 117 mil deslocados. Entre as pessoas que recebem atendimentos estão pacientes em terapia intensiva, bebês e idosos em sistema de suporte vital.
8,3 mil mortos em Gaza
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, disse na rede social X (antigo Twitter) que “é impossível evacuar hospitais cheios de pacientes sem pôr em perigo as suas vidas”.
Já se passaram mais de três semanas desde que terroristas do Hamas lançaram uma onda de ataques-surpresa contra casas, comunidades, fazendas e postos de segurança em Israel, apanhado desprevenido em pleno feriado religioso da Simchat Torá. Segundo as autoridades israelenses, os ataques mataram 1,4 mil pessoas, a maioria civis, e fez 239 reféns, levados para Gaza. Do lado palestino, as autoridades de Gaza dizem que os bombardeios israelenses já deixaram mais de 8.300 mortos e mais de 20 mil feridos. Segundo a ONG britânica Save the Children, 3.200 menores morreram nos ataques em Gaza
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Por sua vez, na segunda-feira entraram em Gaza mais caminhões com ajuda humanitária, totalizando 140 desde que os primeiros foram autorizados por Israel — que decretou “cerco total” ao enclave — a cruzar do Egito por Rafah, no sul do território, no fim de semana retrasado. O número, entretanto, é vastamente insuficiente para as necessidades dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza.
Ajuda humanitária 'condenada ao fracasso'
A ONU estima serem necessários 100 caminhões por dia para levar alimentos, água, remédios e combustíveis ao enclave. Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), antes do início da guerra, de 300 a 500 caminhões com suprimentos entravam diariamente em Gaza. Israel proibiu a entrada de combustíveis, alegando que o Hamas tem 500 mil litros de diesel.
No fim de semana, houve saques a depósitos de comida da ONU, e o secretário-geral António Guterres alertou que a situação em Gaza estava ficando “mais desesperadora a cada hora” e criticou a “punição coletiva” aos palestinos. Na segunda, o diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, declarou diante do Conselho de Segurança que o atual sistema de ajuda à Faixa de Gaza pela passagem fronteiriça de Rafah está “condenado ao fracasso”.
— Sejamos claros: o punhado de comboios autorizados através de Rafah não é nada comparado às necessidades de mais de dois milhões de pessoas presas em Gaza — disse Lazzarini, pedindo ajuda aos membros do Conselho de Segurança e exigindo um “cessar-fogo humanitário imediato”. — Os atentados horríveis executados pelo Hamas em 7 de outubro em Israel foram chocantes. Os bombardeios incessantes das forças israelenses contra a Faixa de Gaza são chocantes.
Segundo ele, mais de 670 mil deslocados estão refugiados em escolas e prédios da UNWRA, vivendo em condições “angustiantes e insalubres”, com alimentos e água limitados, dormindo no chão sem colchonete ou ao ar livre.
Na Cisjordânia, cinco palestinos morreram na segunda em uma incursão do Exército israelense em Jenin, informou o Ministério da Saúde palestino. Na véspera, outros cinco moradores da região também foram mortos em uma operação das forças de Israel, disseram as autoridades locais.
Na fronteira norte, com o Líbano, foram disparados pela primeira vez foguetes mirando alvos mais ao sul em Israel. O país tem enfrentado ataques tanto do grupo xiita Hezbollah como do próprio Hamas — ambos são aliados.
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