Internacional

Conselho de Segurança termina mais um encontro sem resolução sobre guerra entre Israel e Hamas

Resolução aprovada na Assembleia Geral da ONU na última sexta-feira dividiu o colegiado

Agência O Globo - 30/10/2023
Conselho de Segurança termina mais um encontro sem resolução sobre guerra entre Israel e Hamas
Foto: Onu news- Divulgação

Pela quarta semana consecutiva, o Conselho de Segurança da ONU encerrou a sessão nesta segunda-feira sem chegar a uma resolução diplomática para a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que eclodiu no começo do mês. A reunião emergencial, convocada a pedido das delegações de Emirados Árabes Unidos e China, ocorre logo após a Assembleia Geral aprovar documento que pede o cessar-fogo imediado para facilitar a entrada de ajuda humanitária.

A resolução votada na última sexta-feira, porém, é de caráter recomendatório — ou seja, as partes não têm a obrigação de seguir o que foi definido. Por ser o único órgão da ONU cujas decisões são mandatórias, há mais peso para o que for discutido dentro do Conselho de Segurança. No entanto, o colegiado, composto por 15 delegações, enfrentou impasses na votação de quatro resoluções apresentadas por Rússia, Brasil e Estados Unidos. Em todas as ocasiões, pelo menos um dos países com assento permanente vetou o texto — prerrogativa de EUA, Rússia, China, Reino Unido e França.

Diante disso, o embaixador palestino na Organização das Nações Unidas (ONU), Riyad Mansour, apelou por uma atuação efetiva dentro do Conselho de Segurança em favor de um cessar-fogo do conflito e para a aplicação efetiva da solução de dois Estados, respeitando as fronteiras previstas nos acordos de 1967.

— Onze de vocês votaram a favor da resolução. Três se abstiveram e um foi contrário. Se vocês votaram esse texto lá, o que os impede de votar no Conselho de Segurança? — questiona o representante palestino. — Vocês são o Conselho de Segurança. Vão continuar paralisados ou vão agir? Solução de dois estados? Nós aceitamos. Agora, quem vai implementar? Quem está impedindo vocês de implementar isso?

Contrário à resolução votada na última sexta, o embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, e sua equipe passaram a usar estrelas de Davi amarelas coladas nas roupas. O símbolo foi usado durante o regime nazista para identificar judeus na Alemanha e em outros países aliados ao Eixo no contexto da Segunda Guerra Mundial. Erdan afirmou que o ícone seria usado "com orgulho" enquanto não houvesse a condenação dos ataques do Hamas contra a população israelense e a liberação imediata dos reféns.

— Hoje, o mundo está vendo a ascensão de um Reich islâmico. Ainda assim, como foi na ascensão do nazismo, o mundo está em silêncio. Um silêncio ensurdecedor — afirmou.

A posição israelense também é apoiada pelos Estados Unidos, que vetaram resoluções favoráveis a um cessar-fogo, no Conselho de Segurança, e também foram contrários ao texto aprovado na Assembleia Geral. A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Tomas-Greenfield, criticou a redação votada por não incluir uma condenação aos ataques do Hamas, que constava em uma emenda sugerida pelo Canadá que não passou na Assembleia Geral. Ela chamou a postura do colegiado de "ultrajante".

Depois, o embaixador russo no colegiado, Vasily Nebenzya, alfinetou a delegação americana sobre o veto a resoluções que previam um cessar-fogo no confronto, que não foi respondido:

— Eu gostaria de fazer uma perguntar à representante dos Estados Unidos: posso saber por qual motivo se opôs a um cessar-fogo? Isso significa que os Estados Unidos, enquanto integrante deste colegiado, apoia a retaliação em massa em Gaza? Por que só tem compaixão pelas vidas de quem mora no continente europeu, e não usa o mesmo tratamento para outras vidas?