Internacional
Massa vê oportunidade em divisão de aliança de centro-direita e acena com cargos em eventual governo
Candidato peronista procura apoio de radicais e sindicalistas enquanto Patricia Bullrich anuncia que caminha com o ultradireitista Javier Milei no segundo turno das eleições
Candidato vitorioso no primeiro turno das eleições argentinas, o peronista Sergio Massa intensificou as agendas públicas desde o último domingo, enquanto quer buscar apoio de radicais e sindicalistas para fortalecer sua candidatura para o segundo turno. O movimento do ministro da Economia do presidente Alberto Fernández, que desponta na frente para o segundo turno, em novembro, com 36,6% dos votos, ocorre em paralelo a apoio de Patricia Bullrich, candidata de direita derrotada, ao ultradireitista Javier Milei. O movimento foi comemorado por peronistas, que veem chance do adversário perder votos em sua base radical por aceitar o aceno de uma figura da política tradicional.
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Lideranças de partidos à direita e à esquerda criticaram o movimento de Bullrich, mas preferiram não declarar voto a nenhum dos dois candidatos ao segundo turno. Dentro do partido Proposta Republicana (PRO), de direita, a estratégia de não se posicionar opera para "não complicar os planos do espaço", mas, reservadamente, acreditam na "capacidade de diálogo de Massa" — ligado a uma ala mais à direita dentro do peronismo. Outra ala do partido, porém, vê que o movimento desta quarta-feira pode acelerar uma aproximação da União Cívica Radical (UCR), apesar de o partido ter decidido permanecer neutro no segundo turno.
Na avaliação de pessoas próximas a Massa, é importante não interferir na política interna do partido porque seria "contraproducente", e que o melhor seria aguardar que uma eventual posição por apoio ao peronista. No entanto, algumas pessoas próximas ao ministro da Economia argentino afirmam que há conversas em curso com setores radicais, incluindo a entrega de cargos por apoio político no segundo turno.
Oficialmente, porém, aliados de Massa preferem não falar sobre uma eventual aliança com o UCR em prol de um eventual governo de "unidade nacional". Eles afirmam ainda que o peronista não deve citar nomes porque "não lida com pessoas ou ideias".
Há a expectativa, no entanto, que o cenário de neutralidade seja alterado nas próximas semanas. Entre os peronistas, houve a comemoração dos primeiros sinais de apoio público dos radicais e do socialismo logo após o primeiro turno. Nesta quarta-feira, voltaram a afirmar que Massa "não distribui cargos como bombons" e que, caso eleito, ele fará "um governo dos melhores". Outra frente de ataque dos aliados do ministro é tentar angariar o apoio do peronista dissidente Juan Schiaretti, candidato à Presidência derrotado no último domingo.
Esse movimento começou logo após a divulgação do resultado, quando falou dos radicais e dos eleitores do peronista Juan Schiaretti. No entanto, nesse primeiro discurso, focou em mostrar ao eleitorado qual deve ser o tom da campanha para o segundo turno: mais visitas ao território, presença em eventos e visitas a províncias.
A rota de viagens vai dar prioridade a locais que não foram visitados na reta final da campanha, quando a cotação do dólar bateu a marca de 1 mil pesos. Entre elas, está Santa Cruz, terra-natal dos Kirschner que não chegou a ser visitada pelo político. Outro foco é Córdoba, em que é estratégico superar o desafio do centro do país e do eleitorado da região para garantir sucesso no segundo turno.
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Atarefada rotina de agendas
Desde o último domingo, Massa entrou em uma intensa agenda de compromissos enquanto ministro da Economia argentino, a que o comando da campanha atribui ao seu papel dentro do governo Fernández. No entanto, parte dos anúncios realizados sequer ter relação com os assuntos atinentes à sua pasta.
Nesta terça-feira, Massa transitou entre evento de educação — a inauguração de uma escola técnica — ao anúncio de chegada da tecnologia 5G no país e terminando o dia participando de agenda no Centro Cultural Kirchner para apresentar um programa de segurança. No dia seguinte, se reuniu com o governador Azel Kicillof, da província de La Plata, e nesta quinta-feira, tem encontro com os governadores no Conselho Federal de Investimentos (CFI).
Também nesta quinta-feira, Massa deve se reunir com governadores pró-governo, que foram fundamentais para o crescimento do político nas urnas no primeiro turno, ante as Paso, as primárias argentinas. Na reunião em Tucumán, em que admitiram não prever a forte presença do "fenômeno Milei" nas suas províncias, se comprometeram a tentar conter o efeito para o segundo turno, marcado para 19 de novembro.
O alinhamento contra Milei também deu um novo sinal de apoio a Massa nas províncias pró-governo e de uma sensação de "ordem e unidade" internas.
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