Internacional
Bullrich e Macri anunciam apoio a Milei por 'frente antikirchnerista' no 2º turno da Argentina, mas coalizão de oposição racha
Reunião na casa do ex-presidente teve como principal objetivo 'resolver as diferenças' entre os três líderes da direita, após meses de ataques de Milei contra seus ex-opositores

Terceira candidata mais votada no 1º turno das eleições presidenciais da Argentina, Patricia Bullrich declarou apoio ao candidato ultraliberal Javier Milei para a continuidade da disputa, nesta quarta-feira. Após uma noite de tratativas, que incluiu reuniões com o próprio Milei e com o ex-presidente Mauricio Macri, as lideranças políticas da direita argentina chegaram a um acordo para uma frente antikirchnerista contra o candidato do governo, Sergio Massa.
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— Como dizia San Martín, quando a Pátria está em perigo, tudo é permitido, a não ser não defendê-la — afirmou Bullrich a jornalistas em Buenos Aires, antes de mencionar uma larga lista de argumentos para a oposição ao candidato governista Sergio Massa. —
Bullrich ficou em terceiro lugar na luta pela Presidência, com 23,83% dos votos no primeiro turno. Analistas apontam que o impacto do apoio de Bullrich poderia ter um efeito decisivo na disputa entre Massa ou Milei.
A decisão de declarar apoio ao candidato antissistema pegou de surpresa aliados de Bullrich na coalizão Juntos pela Mudança, pela qual concorreu à Presidência. Uma reunião do partido Proposta Republicana (Pro), de Bullrich, havia convocado uma reunião de cúpula para a manhã desta quarta, mas o encontro foi suspenso após a conversa entre a candidata, Milei e Macri, afirmaram fontes próximas ao partido ao jornal La Nación.
O cerne do alinhamento parece ter sido a oposição ao kirchnerismo.
— O kirchnerismo é um limite e dar liberdade de ação não seria apropriado — alertou ontem Federico Angelini, homem de confiança de Macri e que estava no comando interino do Pro, criticando a possibilidade de liberar partidários para escolherem o lado que melhor os convém.
Ao mesmo tempo em que a aproximação entre Bullrich e Milei possa ter impacto direto na votação do ultraliberal, a declaração de apoio provavelmente acaba de fato com a coalizão Juntos pela Mudança, que levou Macri a Presidência em 2015. Partidos aliados, como a UCR e a Coalizão Cívica, anteciparam que não declarariam apoio a nenhum dos candidatos no segundo turno.
A crise, contudo, não deve ficar restrita a coalizão macrista. Assim que as primeiras notícias sobre o acordo surgiram, deputados eleitos pelo partido de Milei, o Liberdade Avança, afirmaram que deixariam a sigla e criariam um novo bloco no Congresso, apontando uma "traição" do candidato à Presidência, ao se aliar com alguns dos alvos de suas críticas até pouco tempo.
Negociação pela madrugada
Fontes próximas aos candidatos afirmaram à imprensa argentina que Milei foi até a casa de Macri em Acassuso, onde o esperavam o ex-presidente e Bullrich. O motivo da reunião seria "resolver as diferenças". Anteriormente, Milei chamou Macri de "repugnante" e disse que Bullrich tinha "sangue nas mãos".
Contudo, logo após o resultado do primeiro turno, Milei começou a fazer acenos por meio da imprensa ao campo Macri-Bullrich.
— Tenho um relacionamento muito bom com o engenheiro Macri e estou disposto a ouvi-lo porque sua experiência é muito valiosa — disse Milei na segunda-feira, admitindo que poderia adicionar Bullrich a um eventual gabinete. — Como posso não incorporá-la? Ela teve sucesso no combate à insegurança.
Durante a campanha, ele a acusou de ser uma “lançadora de bombas com sangue nas mãos”.
Uma reunião a sós com Bullrich foi necessária para deixar as impressões da campanha no passado, disseram fontes de ambos os lados na terça-feira. Esse foi o principal significado do jantar da noite passada.
(Com La Nación)
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