Internacional
Argentinos residentes no Brasil vão à embaixada para eleger presidente
A Sala Malvinas, próxima à entrada da Embaixada da Argentina em Brasília, está movimentada neste domingo (22). O local abriga a seção eleitoral do primeiro turno das eleições argentinas na capital federal.
Cerca de 23 mil cidadãos argentinos estão habilitados a votar na embaixada e nos 10 consulados do país vizinho no Brasil. Em Brasília, são 365 eleitores aptos, dos quais de 70 a 80 pessoas costumam votar. Isso porque, para os argentinos residentes no exterior, o voto é facultativo.
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“Esta é uma eleição importante porque celebramos os 40 anos da retomada da democracia na Argentina”, diz o chefe da Chancelaria da embaixada, Pablo Antonio de Ángelis. “Embora eu ainda fosse jovem em 1983 e não tenha votado, lembro muito bem que foi um dia de muita esperança para o nosso país”, lembra o diplomata. Ele acrescenta que a troca de governo está marcada para 10 de dezembro, no mesmo dia em que Raúl Alfonsín tomou posse na Presidência após sete anos de ditadura militar.
Filha de um brasileiro e de uma argentina, Manuela nasceu em Belo Horizonte, morou no país vizinho dos 2 aos 7 anos e voltou ao Brasil “para recomeçar a vida”. Após morar no Rio de Janeiro por cerca de três anos, está em Brasília há oito anos.
Eleitores veteranos também compareceram à embaixada. Há 23 anos no Brasil, o representante comercial Adolfo Enrique Martínez, de 51 anos, disse que estas eleições são importantes. “Espero melhora na economia e nas relações internacionais”, disse.
Nem Manuela, nem Martínez revelaram o voto. Martínez vota em Brasília há pelo menos 15 anos. “No começo, eu justificava [a ausência] o voto porque não sabia, mas transferi o domicílio eleitoral assim que descobri que era possível votar na embaixada e nos consulados”, recorda.
Regras
Estão habilitados a votar no Brasil todos os argentinos que mudaram o domicílio eleitoral até 25 de abril. A seção eleitoral da embaixada em Brasília abrange eleitores que moram no Distrito Federal e em seis estados: Acre, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Roraima, assim como o pessoal diplomático e suas famílias.
Diferentemente do sistema eleitoral brasileiro, onde os cidadãos residentes no exterior votam apenas para presidente, os argentinos que vivem em outros países podem votar para presidente, vice-presidente, deputados federais, senadores (em oito províncias que escolhem senadores) e parlamentares do Mercosul.
A votação é feita em uma cédula única de papel, na qual o eleitor registra as preferências.
Pela legislação atual, as primárias argentinas ocorrem em agosto, o primeiro turno, em outubro, e o segundo turno, em novembro. As datas são definidas pela Junta Nacional Eleitoral, órgão argentino equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral no Brasil. Os cidadãos argentinos em trânsito que não residam no exterior ou não mudaram o domicílio eleitoral têm 60 dias para justificar a ausência na votação. A justificativa pode ser feita tanto na embaixada como nos consulados.
Apuração
Embora a votação ocorra em papel, a expectativa é que os resultados preliminares sejam divulgados rapidamente. A embaixada argentina no Brasil estima que até as 22h deste domingo, os cidadãos saibam que irá para o segundo turno, a ser realizado em 19 de novembro.
Nas eleições argentinas, a apuração ocorre em duas fases. Na primeira, os mesários de cada seção eleitoral contam as cédulas e enviam as atas de votação à Direção Nacional Eleitoral, onde é feita a totalização preliminar. Em seguida, as cédulas são contadas manualmente, com o resultado definitivo sendo proclamado em até duas semanas.
Nas representações diplomáticas, a ata de votação assinada pelos mesários é enviada virtualmente por um sistema eleitoral. Em dois dias úteis, todo o material eleitoral – cédulas e atas originais, são enviados por correio diplomático, para a contagem definitiva dos votos.
A votação vai até as 18h.
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