Internacional
Grupo brasileiro 'neofascista' faz 'desinformação pró-Kremlin', diz relatório do governo americano
Membro de organização já foi investigado por apologia ao nazismo
O Departamento de Estado americano divulgou nesta sexta-feira um relatório no qual descreve o grupo brasileiro Nova Resistência (NR) como responsável por propagar "desinformação pró-Kremlin", além de ser classificado como uma organização "neofascista". O documento afirma ainda que o grupo tem conexões com veículos de propaganda russa.
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O relatório foi produzido pelo Global Engagement Center, agência do Departamento de Estado criada em 2016. O órgão americano tem como objetivo, segundo seu site oficial, coordenar esforços do governo americano para "reconhecer, compreender, expor e combater" iniciativas estrangeiras de propaganda e desinformação, "destinados a minar ou influenciar" os EUA e seus aliados.
"A Nova Resistência apoia ativamente regimes autoritários tanto à esquerda como à direita a nível global e promove os objetivos geopolíticos do Kremlin de desestabilizar as democracias e minar o sistema internacional baseado em regras", diz o documento.
O relatório destaca atividades do grupo, como a organização de eventos com a participação do filósofo de extrema-direita Alexander Dugin e autoridades russas, além de encontros de membros com representantes de Belarus, Coreia do Norte, Síria e Venezuela.
O site da Nova Resistência, diz ainda o documento, está registrado em Moscou e publica regularmente material "pró-Kremlin e pró-autoritário". O contéudo e a data das publicações coincide com o de "meios de comunicação com ligações conhecidas com a inteligência russa". Assim, o grupo brasileiro atuaria em conexão com uma rede de veículos de propaganda associados aos interesses do governo de Vladimir Putin.
O relatório traça ainda a origem do grupo brasileiro. A Nova Resistência surgiu como braço local da New Resistance Evropa, fundada, de acordo com o relatório, a partir da dissolução de uma organização neonazista em 2011. Em 2020, os dois grupos teriam rompido por conta das ligações da filial brasileira com um partido político.
Atualmente, a Nova Resistência seguiria publicando e compartilhando conteúdo antissemita. Em outubro do ano passado, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul confirmou ao GLOBO que um dos membros do grupo era investigado por apologia ao nazismo.
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A divulgação de informações falsas sobre a Covid-19 e a vacina, bem como a promoção das ações do Grupo Wagner e de Yevgeny Prigojin são outras das atividades da Nova Resistência identificadas pelo Departamento de Estado. O grupo brasileiro também manteria contatos com outras organizações semelhantes no continente americano, além de ter ligações com brasileiros que participam do conflita na Ucrânia do lado russo.
O que diz a Nova Resistência
O grupo brasileiro alvo do relatório do Departamento de Estado publicou uma nota em seu site oficial sobre o documento. No texto, a Nova Resistência nega fazer parte de "uma rede transnacional, envolvendo outras organizações chamadas 'New Resistance'". Ela admite, no entanto, ter mantido diálogo com tais grupos e confirma o rompimento em 2020 pelo que classifica como "motivos ideológicos".
A Nova Resistência também nega ter financiado a viagem de brasileiros para o combate na guerra da Ucrânia. O grupo afirma ainda não receber dinheiro de governos ou atender a interesses estrangeiros. Ainda segundo a nota, o documento do governo americano é feito com base em declarações "não verificadas de inimigos da organização".
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