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Milei pode ganhar as eleições na Argentina? Veja o que apontam as últimas pesquisas eleitorais

Candidato da extrema direita tenta vencer disputa ainda no primeiro turno, cujas regras são diferentes do Brasil

Agência O Globo - 20/10/2023
Milei pode ganhar as eleições na Argentina? Veja o que apontam as últimas pesquisas eleitorais
Javier MileI - Foto: Reprodução

Os argentinos irão às urnas neste domingo para eleger um novo presidente em meio à incerteza. Depois de meses de uma campanha eleitoral marcada troca de acusações e uma forte crise econômica, o cenário eleitoral permanece indefinido, sem que se saiba se haverá segundo turno e quais candidatos permanecerão na disputa.

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Três candidatos disputam os votos dos argentinos e têm chances reais de vitória. Javier Milei, o político de extrema-direita do partido A Liberdade Avança, lidera o pleito na maioria das pesquisas recentes de intenção de voto. Atrás dele estão Sergio Massa, ministro da Economia e candidato do governo de Alberto Fernández; e Patricia Bullrich, do Juntos pela Mudança, apadrinhada do ex-presidente Maurício Macri.

Faltando 48 horas para as eleições gerais, Milei, Bullrich e Massa se preparam para uma disputa acirrada, na qual não só a diferença percentual dos votos, mas também o nível de abstenção será decisivo. Em uma sociedade marcada pelo cansaço com a classe dominante diante de uma crise econômica abissal, o grau de abstenção tornou-se um fator que pode afetar não apenas o resultado da corrida, mas também a credibilidade política do vencedor — o que influenciará a transição de governo.

Nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso), espécie de prévia que define os candidatos que podem disputar a Presidência, Milei foi o vencedor com 30,2% dos votos, surpreendendo as forças políticas tradicionais do país. No entanto, apenas 69% do eleitorado compareceu às urnas na ocasião — o segundo menor comparecimento desde o retorno da democracia em 1983.

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Das 12 pesquisas realizadas até o dia 11 de outubro e consultadas pelo jornal argentino La Nación, Milei aparece na frente em 11 delas. Duas sondagens o colocam com 35,6% e 35,5%, enquanto nas demais, ele oscila entre 34,7% e 33%. Massa aparece tendo entre 26% e 32,2%, e Patricia, entre 21,8% e 28,9%.

Massa é o principal adversário de Milei. O candidato do governo de Alberto Fernández aparece à frente em apenas uma pesquisa, divulgada pela Atlas Intel, com 30,9% ante os 26,5% de Milei. A pesquisa foi feita com dados coletados entre os dias 10 a 13 deste mês.

Para que não haja segundo turno, um candidato precisa ter 45% dos votos ou 40% e ter diferença de 10% em relação ao segundo colocado. Caso haja segundo turno, os argentinos voltam às urnas no dia 19 de novembro.

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Milei tem apostado em distritos estratégicos do interior do país e corrigir seu déficit em Buenos Aires, com peso decisivo, para alcançar o limite de 40%. Ele calcula que, dessa forma, poderia tirar uma diferença de dez pontos em relação a Massa e Bullrich, margem suficiente para resolver a corrida no primeiro turno.

Para isso, o economista vem concentrando nas últimas semanas na capital. Ao contrário do interior do país, em Buenos Aires, onde vivem mais de 13 milhões de eleitores, seu partido ficou em terceiro lugar na Paso.

Já Bullrich enfrenta um desafio ainda maior. Primeiro, ela precisa garantir a lealdade dos 28% de eleitores que a escolheram na Paso e evitar que aqueles que votaram no outro candidato da sua legenda, Horacio Rodríguez Larreta, não migrem para Milei ou Massa. Buenos Aires também é um colégio eleitoral importante para a ex-ministra. Nas primárias, seu partido ficou em 2º lugar com 38,6% dos votos. Mas disputa na capital será incerta, na qual o kirchnerismo leva vantagem.

Bullrich corre atrás da diferença em Santa Fé, Mendoza e Córdoba —distritos onde a coalização opositora teve um desempenho muito bom em 2015 e em 2019, mesmo com a derrota de Macri. Contudo, seu partido sofreu com a queda significativa no apoio eleitoral nas regiões, que foram fundamentais para o sucesso de Milei.

Para Massa, apesar do caminho tortuoso que percorreu durante a campanha com a desvalorização do peso e aos escândalos de corrupção em Buenos Aires, ele confia que poderá forçar um segundo turno com Milei.

O ministro da Economia e candidato do União pela Pátria deposita suas esperanças em Buenos Aires, bastião governista, onde obteve quase 3 milhões de votos nas primárias — 44% dos votos da legenda em todo país. Além de tentar tirar apoio de Milei evocando o temor da extrema direita, sua campanha tem focado no voto feminino.

Uma das dificuldades na Paso que Massa tentou remediar na campanha foi o desempenho no norte do país, onde a queda nos votos foi sentida também pelo partido de Bullrich. Mas mesmo entre os partidários não há muita esperança de recuperação na região diante do "fenômeno Milei". O otimismo, por outro lado, aparece na Patagônia, reduto histórico do kirchnerismo onde Milei venceu nas primárias.

Os argentinos também irão escolher os novos 130 deputados e 24 senadores, bem como os governadores de Buenos Aires e Entre Rios. (Com La Nación).