Internacional
Israel prepara operação 'em três fases' contra o Hamas e projeta encolhimento de Gaza
Cúpula do gabinete do premier Benjamin Netanyahu delinearam planos israelenses para o território nos últimos dias, embora não haja um prazo estimado para conclusão das operações contra grupo terrorista
Enquanto a expectativa de uma invasão terrestre da Faixa de Gaza não se confirma e o conflito ameaça abrir uma nova frente ampla, na fronteira com o Líbano, autoridades do governo de Israel delinearam seus planos para o conflito. De acordo com algumas das declarações mais detalhadas de ministros do governo Netanyahu até o momento, as Forças Armadas israelenses pretendem realizar uma ofensiva em três fases e projetam uma guerra prolongada com o objetivo de eliminar o Hamas e criar um novo "regime de segurança" na região, com Israel fora de Gaza — e um território palestino menor do que as dimensões atuais.
Guerra no Oriente Médio: Acompanhe a cobertura completa
A guerra em infográfico: 14 dias do conflito entre Israel e Hamas em cinco pontos
O planejamento de uma guerra em três fases foi apresentado pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant, em reunião com os Comitês de Relações Exteriores e de Defesa do Knesset, em Tel Aviv, nesta sexta-feira. De acordo com Gallant, os bombardeios em massa contra Gaza corresponde à primeira fase da ofensiva militar, cujo objetivo seria eliminar alvos e destruir infraestruturas do Hamas.
— Nós estamos na primeira fase, na qual uma companha militar está em curso com [ataques aéreos] e depois com uma manobra [terrestre] com o propósito de destruir as operações e danificar infraestruturas, em ordem a derrotar e destruir o Hamas — disse o ministro aos parlamentares.
Embora uma invasão terrestre seja apontada por analistas como uma das operações mais complexas previstas pela doutrina militar — e com observadores internacionais alertando para possíveis danos humanitários e eventuais choques contra civis —, Gallant afirmou que a segunda fase será uma "luta continuada" de "baixa intensidade", dedicada a "eliminar bolsões de resistência", algo que remete a operações direcionadas a alvos específicos, mas também a uma presença prolongada de militares no enclave — algo desaconselhado por aliados de primeira ordem de Israel, com o presidente americano Joe Biden afirmando diretamente que o país não repetisse os erros dos EUA na reação ao 11 de setembro.
A terceira e última fase, ainda de acordo com o ministro, corresponderia à saída das tropas israelenses de Gaza, após a eliminação completa do Hamas. Gallant prometeu aos parlamentares que, ao fim da ação militar, um "novo regime de segurança" seria estabelecido na região. Ele não estimou nenhum prazo para a conclusão das três fases da operação.
— O terceiro passo será a criação de um novo regime de segurança na Faixa de Gaza, a remoção de Israel das responsabilidades cotidianas da Faixa de Gaza e a criação de uma nova realidade de segurança para os cidadãos de Israel e os residentes [de Gaza] — disse.
Destruição do Hamas (e perda de território)
Em uma visita a tropas deslocadas para o sul de Israel, na quinta-feira, Gallant afirmou que o primeiro e principal objetivo israelense é a destruição do Hamas, afirmando aos soldados que "em breve" eles veria Gaza "de dentro". Contudo, não é apenas a eliminação do grupo terrorista que consta nos planos israelenses.
Eli Cohen, ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, fez comentários, na quarta-feira, no sentido de que ao final da guerra, "não só o Hamas" deixaria de existir em Gaza, como o próprio território de Gaza iria diminuir.
Questionado sobre os comentários e a possibilidade de estabelecer uma espécie de zona neutra ou tampão, Avi Dichter, ministro da Agricultura e ex-chefe da agência de segurança interna de Israel (Shin Bet), disse que o modelo atual não é mais suficiente para as demandas de segurança e defendeu uma ampliação da área de isolamento.
—Não é que você tenha começado isso dentro da Faixa de Gaza, como uma zona tampão. Você começou do lado israelense, 50 a 100 metros para dentro... Entendemos que foi um erro, que precisa ser consertado — disse ele em entrevista coletiva em Sderot, na quinta-feira.
Dichter defendeu a criação de uma "zona de tiro", cuja extensão seria decidida de acordo com as necessidades dos militares, impedindo a aproximação de qualquer pessoa da fronteira israelense, principalmente de assentamentos e instalações militares que ficam mais perto de Gaza.
— Temos o Kibutz Nahal Oz que fica a 800 metros da fronteira. Portanto, você precisa tomar mais precauções nessa área — disse ele. — Todo o contorno da Faixa de Gaza não nos permite correr riscos. Vimos o que aconteceu quando assumimos riscos. Foi um erro que não vamos repetir.
Mais lidas
-
1DEFESA
'Sem similar no mundo': avião Super Tucano brasileiro está prestes a entrar no mercado europeu
-
2GESTÃO
Prefeitura de Maceió acaba com indicação política para a gerência de Unidades de Saúde
-
3NO APAGAR DAS LUZES
OAB palmeirense cobra transparência na gestão municipal de Palmeira dos Índios
-
4HOMICÍDIO
Homem é encontrado morto no bairro Alto do Cruzeiro, em Palmeira dos Índios
-
5PALMEIRA DOS ÍNDIOS
Homologação de terras indígenas em Palmeira dos Índios: pequenos agricultores temem impactos devastadores