Internacional

'Teto da sala de cirurgia caiu', diz médico sobre explosão em hospital de Gaza

Hamas diz que bombardeio foi realizado por Israel, que culpa foguete da Jihad Islâmica

Agência O Globo - 17/10/2023

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) classificaram a explosão que atingiu o hospital al-Ahli, nesta terça-feira, como um "massacre" e "absolutamente inaceitável". Ao menos 500 pessoas teriam morrido no episódio. Após o bombardeio, sem precedentes, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, declarou três dias de luto, informou a agência oficial Wafa.

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— Estávamos operando no hospital, houve uma forte explosão e o teto da sala de cirurgia caiu. Isto é um massacre — disse Ghassan Abu Sittah, do MSF.

"Nada justifica este ataque chocante a um hospital e aos seus muitos pacientes e profissionais de saúde, bem como às pessoas que aí procuravam abrigo. Os hospitais não são um alvo. Este derramamento de sangue deve parar", disse o MSF em sua conta no X, antigo Twitter.

O Hamas atribui a explosão a uma ofensiva israelense. Após o ataque, as Forças Armadas de Israel disseram, em comunicado, que hospitais não eram alvos militares israelenses e disse estar investigando o bombardeio. Horas depois, o IDF (Forças de Defesa de Israel) afirmou que "de acordo com informações de inteligência, provenientes de diversas fontes", a organização terrorista Jihad Islâmica seria a responsável pelo foguete que atingiu o hospital. A Jihad Islâmica, por sua vez, negou ser a autora da explosão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) “condenou veementemente o ataque” e pediu a proteção de civis:

"Os primeiros relatórios indicam centenas de mortos e feridos. Apelamos à proteção imediata dos civis e aos cuidados de saúde, e à reversão das ordens de evacuação", escreveu no X o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

'Sem precedentes'

O ataque israelense é o mais mortífero em cinco guerras travadas desde 2008, segundo da Defesa Civil Palestina.

— O massacre no Hospital Árabe al-Ahli não tem precedentes na nossa história. Embora tenhamos testemunhado tragédias em guerras e dias passados, o que aconteceu esta noite equivale a um genocídio — disse o porta-voz Mahmoud Basal à rede al-Jazeera.

Zaher Sahloul, da organização humanitária MedGlobal, sediada nos EUA, classificou o ataque com vítimas em massa como “o pior ataque a uma instalação médica no século XXI”.

— Bombardear hospitais é contra o direito internacional. É um crime de guerra. Isso mina a neutralidade médica e as Convenções de Genebra de 150 anos, e priva uma comunidade palestina local em dificuldades do acesso aos cuidados de saúde — afirmou. — Isso agrava o trauma na Faixa de Gaza, enviando a mensagem de que nenhum lugar é seguro, nem mesmo dentro de um hospital.

Embora estime-se que mais de 500 mil civis tenham migrado para o sul da Faixa de Gaza, após o ultimato de Israel para que a população palestina desocupasse a região ao norte do rio Wadi Gaza, as Forças Armadas israelenses continuaram a bombardear a área do enclave que muitos acreditavam ser uma área segura em meio à guerra. Um balanço de autoridades palestinas afirma que 80 pessoas morreram em bombardeios na região nas últimas 24 horas, com dezenas de feridos.