Internacional
'Teto da sala de cirurgia caiu', diz médico sobre explosão em hospital de Gaza
Hamas diz que bombardeio foi realizado por Israel, que culpa foguete da Jihad Islâmica
Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) classificaram a explosão que atingiu o hospital al-Ahli, nesta terça-feira, como um "massacre" e "absolutamente inaceitável". Ao menos 500 pessoas teriam morrido no episódio. Após o bombardeio, sem precedentes, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, declarou três dias de luto, informou a agência oficial Wafa.
Leia mais: Forças Armadas de Israel afirmam que Jihad Islâmica é responsável por explosão que atingiu hospital em Gaza
Oriente Médio: Explosão em hospital deixa ao menos 500 mortos, diz Ministério da Saúde de Gaza
— Estávamos operando no hospital, houve uma forte explosão e o teto da sala de cirurgia caiu. Isto é um massacre — disse Ghassan Abu Sittah, do MSF.
"Nada justifica este ataque chocante a um hospital e aos seus muitos pacientes e profissionais de saúde, bem como às pessoas que aí procuravam abrigo. Os hospitais não são um alvo. Este derramamento de sangue deve parar", disse o MSF em sua conta no X, antigo Twitter.
O Hamas atribui a explosão a uma ofensiva israelense. Após o ataque, as Forças Armadas de Israel disseram, em comunicado, que hospitais não eram alvos militares israelenses e disse estar investigando o bombardeio. Horas depois, o IDF (Forças de Defesa de Israel) afirmou que "de acordo com informações de inteligência, provenientes de diversas fontes", a organização terrorista Jihad Islâmica seria a responsável pelo foguete que atingiu o hospital. A Jihad Islâmica, por sua vez, negou ser a autora da explosão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) “condenou veementemente o ataque” e pediu a proteção de civis:
"Os primeiros relatórios indicam centenas de mortos e feridos. Apelamos à proteção imediata dos civis e aos cuidados de saúde, e à reversão das ordens de evacuação", escreveu no X o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
'Sem precedentes'
O ataque israelense é o mais mortífero em cinco guerras travadas desde 2008, segundo da Defesa Civil Palestina.
— O massacre no Hospital Árabe al-Ahli não tem precedentes na nossa história. Embora tenhamos testemunhado tragédias em guerras e dias passados, o que aconteceu esta noite equivale a um genocídio — disse o porta-voz Mahmoud Basal à rede al-Jazeera.
Zaher Sahloul, da organização humanitária MedGlobal, sediada nos EUA, classificou o ataque com vítimas em massa como “o pior ataque a uma instalação médica no século XXI”.
— Bombardear hospitais é contra o direito internacional. É um crime de guerra. Isso mina a neutralidade médica e as Convenções de Genebra de 150 anos, e priva uma comunidade palestina local em dificuldades do acesso aos cuidados de saúde — afirmou. — Isso agrava o trauma na Faixa de Gaza, enviando a mensagem de que nenhum lugar é seguro, nem mesmo dentro de um hospital.
Embora estime-se que mais de 500 mil civis tenham migrado para o sul da Faixa de Gaza, após o ultimato de Israel para que a população palestina desocupasse a região ao norte do rio Wadi Gaza, as Forças Armadas israelenses continuaram a bombardear a área do enclave que muitos acreditavam ser uma área segura em meio à guerra. Um balanço de autoridades palestinas afirma que 80 pessoas morreram em bombardeios na região nas últimas 24 horas, com dezenas de feridos.
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