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Exército de Israel cria zona tampão de 4 km na fronteira com o Líbano após morte de israelense

Incidentes na fronteira entre Israel e o Hezbollah, poderoso grupo que tem apoio do Irã, intensificaram-se na fronteira norte do país com o Líbano desde início do conflito

Agência O Globo - 15/10/2023
Exército de Israel cria zona tampão de 4 km na fronteira com o Líbano após morte de israelense

O Exército de Israel anunciou a criação de uma zona tampão de 4 km na fronteira do Líbano após a morte de um israelense, obrigando aqueles que vivem a 2 km da divisa a sair do local e se proteger na área para além do perímetro estabelecido. Segundo um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), a entrada de civis na área é estritamente proibida. Em meio ao aumento de tensões na fronteira norte israelense, moradores da região já haviam sido aconselhados no sábado a ir para abrigos.

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“Uma área de quatro quilêmetros da fronteira norte com o Líbano foi fechada”, disse a FDI num comunicado.

A decisão foi tomada após um disparo antitanque do movimento xiita libanês Hezbollah matar um homem e deixar vários feridos em Shtula, no norte de Israel, em meio ao aumento de tensão na região. O grupo disse que o disparo, que foi retaliado com ataques de artilharia de Israel, foi uma resposta à morte do cinegrafista da Reuters Issam Abdallah, de 37 anos, na sexta-feira e de dois civis no sábado.

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— Temos um civil morto e várias pessoas feridas no ataque. O Exército respondeu abrindo fogo e destruindo posições do Hezbollah e a origem do fogo — disse Daniel Hagari, porta-voz militar, aos repórteres.

O Hezbollah, por sua vez, afirmou que havia atacado "com mísseis guiados uma posição militar do inimigo sionista na área de Shtula".

A agência de notícias libanesa NNA informou que disparos de artilharia “vindos de posições inimigas israelenses” atingiram os arredores de diversas cidades do país, como Aita Al Shaab, Rmeish e Ramia.

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Os incidentes na fronteira entre Israel e o Hezbollah, poderoso grupo que tem apoio do Irã, intensificaram-se na fronteira norte do país com o Líbano desde o início do conflito desencadeado após o ataque sem precedentes do grupo fundamentalista islâmico Hamas em solo israelense, em 7 de outubro, que deixou milhares de vítimas dos dois lados. Na sexta, O Hezbollah disse estar "totalmente preparado" para se somar ao Hamas no conflito contra Israel no momento certo.

No sábado, ataques de morteiros do Hezbollah em Mount Dov, no norte de Israel, feriram quatro israelenses. Já a mídia libanesa apontou a morte de dois idosos em Kfar Chouba, no sul do Líbano, após Israel realizar disparos para impedir uma infiltração terrorista.

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Na sexta, o cinegrafista Abdallah morreu e outros seis jornalistas (dois da AFP, dois da Reuters e dois da Al-Jazeera) ficaram feridos perto da cidade de Alma al Shaab, no sul do Líbano, alvo de obuses israelenses, segundo fontes de segurança libanesas. A ação, registrada ao vivo pela Reuters, teria sido uma resposta a uma tentativa de infiltração inimiga.

No sábado, o Exército libanês acusou Israel pela morte do profissional de mídia. Sem reconhecer explicitamente alguma responsabilidade, o Exército israelense disse que "sentia muito" pela morte de Abdallah, acrescentando que abriu "investigações".